
Visivelmente abalado, o presidente da CBF afirmou existirem atualmente “seis casos de bispos que foram implicados perante a justiça [francesa], ou perante a justiça canónica (…) aos quais agora se somam o bispo Santier e o cardeal Ricard”.
O cardeal Jean-Pierre Ricard, arcebispo emérito de Bordéus, duas vezes presidente da Conferência dos Bispos de França (CBF), reconheceu esta segunda-feira, 7, publicamente ter-se conduzido “de modo repreensível com uma menina de 14 anos” quando, há 35 anos, já era padre. O comunicado do cardeal de 77 anos caiu como uma bomba na reunião plenária da CBF, levando o seu presidente, o arcebispo de Reims, Éric de Moulins-Beaufort, a convocar os jornalistas para ler uma longa declaração sobre este e outros casos de abusos sexuais.
Visivelmente abalado, o presidente da CBF afirmou existirem atualmente “seis casos de bispos que foram implicados perante a justiça [francesa], ou perante a justiça canónica (…) aos quais agora se somam o bispo Santier e o cardeal Ricard. Dois outros, que já não exercem qualquer cargo, são objeto de investigações pela justiça do nosso país, após relatórios feitos por um bispo e um procedimento canónico; um terceiro foi objeto de um relatório enviado à procuradoria de justiça, ao qual não foi dada resposta até ao momento e recebeu da Santa Sé medidas restritivas de exercício do seu ministério.”
O caso do bispo Santier [ver 7MARGENS] tornou-se público a 16 de outubro, provocando uma imensa consternação pela lentidão com que foi tratado pelo Vaticano. O bispo permaneceu em funções mesmo depois de o Vaticano ter concluído o processo de investigação que certificou a conduta imprópria do prelado com dois jovens adultos. Na sua declaração pública, o presidente da CBF fez uma pormenorizada cronologia dos acontecimentos identificando com clareza quem deveria ter agido e não o fez, reconhecendo que ele próprio agiu de forma deficiente. Disse o arcebispo de Reims: “Eu poderia e deveria ter, quando Aupetit (arcebispo de Paris) me advertiu dos factos de que ele havia tomado conhecimento, insistindo para que uma investigação completa fosse realizada; poderia e deveria ter ficado mais preocupado em ver o bispo Santier ser mantido no cargo, mesmo que a sua renúncia tivesse sido aceite.”
Procurando recuperar a abalada confiança dos franceses na Igreja que está em França, o arcebispo de Reims afirmou que o processo do bispo Santier “deixa claro que os bispos, tal como os padres, não sabem lidar com crimes e contravenções. Não somos magistrados nem policias e não temos de nos tornar nisso. Devemos estar cientes desta nossa incompetência e buscar resolutamente a ajuda de terceiros competentes.”
A assembleia plenária da CBF, que decorre em Lourdes, termina esta terça-feira, 8 de novembro.