“Há um sentimento de uma certa desesperança ou de cansaço” que se abate sobre todos, diz o cardeal Tolentino Mendonça, a propósito da pandemia e da forma como as pessoas estão a reagir. E acrescenta: “Talvez, para muitos adultos que não passaram por uma experiência de guerra, este seja o momento da sua história de maior incerteza e de maior pessimismo em relação ao futuro.”
O cardeal falava, em entrevista à Rádio Renascença, a propósito do seu último livro, Rezar de Olhos Abertos (ed. Quetzal), posto à venda nesta sexta-feira, 13 de Novembro. O livro recolhe um conjunto de pequenas orações escritas ao longo de vários anos e pretende ser um caderno de práticas de oração.
“Nestes tempos, é preciso voltar ao essencial e encontrar palavras – porque muitas vezes é aquilo que nos falta – palavras para poder, espiritualmente, rezar a este tempo. Palavras novas. Muitas vezes as das orações são codificadas, tradicionais, que têm o seu sentido, mas também precisamos de palavras originais, inesperadas, com uma frescura nova que possam ajudar a encontrar esperança para esta hora das nossas vidas”, afirma o cardeal bibliotecário do Vaticano.
O autor de A Leitura Infinita (ed. Paulinas), livro com textos sobre exegese e interpretação da Bíblia, diz que muitas vezes as pessoas fecham os olhos para rezar, por quererem, sobretudo, ver o que está dentro delas. “Mas é preciso também aceitar o desafio de olhos abertos, isto é, de rezar a partir da vida; a partir dos acontecimentos, das notícias difíceis e felizes; a partir daquela irradiação do nosso quotidiano.”
Essa é, acrescenta, “uma oração mais universal, porque a que fazemos de olhos fechados é a que cada um pode transportar dentro de si; a que fazemos de olhos abertos é aquela na qual todos nos encontramos e podemos escolher, como diz o Papa Francisco, um sentido forte de fraternidade.
A entrevista está disponível para ouvir, na íntegra, na página da Renascença.
(Foto de capa: Tolentino Mendonça fotografado por Mário Santos / Quetzal Editores)