
Cardeal Joseph Zen, arcebispo emérito de Hong Kong, numa manifestação em 2014. Foto © Wai Wan Tong/Wikimedia Commons.
O cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, foi condenado esta sexta-feira, 25 de novembro, a pagar uma multa de cerca de 500 euros pela sua colaboração com o 612 Humanitarian Relief Fund, que apoiou manifestantes pró-democracia a pagar multas e fianças em 2019. Sobre ele, recai ainda a acusação de conluio com forças estrangeiras, pelo que poderá vir a enfrentar penas mais graves.
O cardeal salesiano de 90 anos foi considerado culpado, juntamente com outros cinco administradores do fundo: a advogada Margaret Ng, o ex-deputado Cyd Ho, a cantora Denise Ho, o professor Hui Po-keung e o secretário Sze Ching-wee, pelo facto de não se terem registado corretamente junto das autoridades, avança o Vatican News.
Todos os réus se haviam declarado inocentes, mas não testemunharam nem chamaram testemunhas. Neste momento, não correm o risco de serem presos, mas poderão vir a enfrentar penas mais graves, como prisão perpétua, uma vez que – de acordo com relatos dos media locais – ainda estão sob investigação as acusações de conluio com forças estrangeiras.
Este é um dos quatro delitos da Lei de Segurança Nacional, decretada por Pequim em junho de 2020. A mesma lei exige que todas as organizações se registem junto da polícia pelo menos um mês antes da sua constituição. Só os grupos formados “exclusivamente para fins religiosos, caritativos, sociais ou recreativos” se encontram isentos desta exigência. Segundo os promotores, o 612 Humanitarian Relief Fund deveria ter sido registado como uma organização de natureza política.
Zen tinha sido preso pelas autoridades de Hong Kong a 10 de maio deste ano, tendo sido solto sob fiança no dia seguinte. Na altura, o diretor da Sala de Imprensa vaticana, Matteo Bruni, disse aos jornalistas: “A Santa Sé tomou conhecimento com preocupação da notícia da prisão do cardeal Zen e está a acompanhar a evolução da situação com extrema atenção”.
A primeira audiência do processo iniciou-se no dia 21 de setembro, tendo sido conluída no dia 23 do mesmo mês. Ao longo deste tempo, Zen – muito ativo nas redes sociais – ficou em silêncio: através das suas contas, limitou-se a pedir aos seguidores que rezassem por ele.
No passado, o cardeal já se havia exposto pessoalmente por criticar o Partido Comunista Chinês, denunciando pressões e perseguições às comunidades religiosas. Zen tem sido um combatente pelas liberdades civis e religiosa e pela democracia e autonomia de Hong Kong, nos termos em que essa autonomia foi negociada entre a República Popular da China e o Reino Unido.