
A declaração foi assinada pelo bispo Vincenzo Paglia , pelo rabi-chefe Eliezer Simha Weisz e pelo xeque Abdallah bin Bayyah. Foto © Vatican Media.
Representantes das três religiões abraâmicas assinaram esta terça-feira, 10 de janeiro, o Rome Call for AI Ethics (em português, “Apelo de Roma por uma Ética na Inteligência Artificial”), um documento que nasceu em 2020 no seio da Pontifícia Academia para a Vida com o objetivo de promover uma “algorética”, ou seja, um desenvolvimento ético da inteligência artificial.
A declaração foi assinada pelo bispo Vincenzo Paglia (Presidente da Pontifícia Academia para a Vida), pelo rabi-chefe Eliezer Simha Weisz (membro do Conselho do Grão Rabinato de Israel) e pelo xeque Abdallah bin Bayyah (presidente do Fórum para a Paz de Abu Dhabi).
Também participaram na cerimónia de assinatura inter-religiosa aqueles que foram os primeiros signatários do Rome Call em 2020, e que agora renovaram o compromisso então assumido: Brad Smith (presidente da Microsoft), Dario Gil (vice-presidente global da IBM) e Maximo Torero Cullen (economista-chefe da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação – FAO).
Tratou-se, nas palavras de Paglia, de “um evento para pedir ao mundo que pense e aja em nome da fraternidade e da paz também no campo tecnológico”. Referindo-se aos vários participantes e ao teor do pacto assinado, o Presidente da Pontifícia Academia para a Vida afirmou: “Não somos românticos nem pensadores económicos frios: o que demos esta manhã é um passo, a meu ver, cheio de grandes promessas. É uma estranha aliança entre três religiões e três instituições internacionais. Uma estranha família”.
Família esta que crescerá em julho, pois, segundo avança o Vatican News, o documento será nessa altura assinado também por representantes das “religiões orientais do Japão”.
O compromisso, que pode ser consultado no site da iniciativa, defende seis princípios basilares: transparência, inclusão, responsabilização, imparcialidade, confiança e segurança e privacidade.
Após a sua assinatura, o Papa Francisco recebeu em audiência, na Sala Clementina, no Vaticano, os diversos participantes, encorajando-os a “prosseguir nesse caminho”, e sublinhando que ficou feliz por saber que pretendem “envolver as outras grandes religiões do mundo e os homens e mulheres de boa vontade para que a algorética, ou seja, a reflexão ética sobre o uso de algoritmos, esteja cada vez mais presente não só no debate público, mas também no desenvolvimento de soluções técnicas”.
De acordo com Francisco, “as adesões ao Rome Call, que cresceram ao longo do tempo, são um passo significativo na promoção de uma antropologia digital, com três coordenadas fundamentais: ética, educação e direito”.