
Vigília de oração silenciosa quer “manifestar sentidamente” um “pedido de perdão” às vítimas dos abusos sexuais contra menores na Igreja. Foto: Direitos reservados.
Um grupo de católicos está a promover uma vigília de oração silenciosa, para “manifestar sentidamente” um “pedido de perdão” às vítimas dos abusos sexuais contra menores na Igreja, marcando o início da Quaresma com esta iniciativa que pretendem alargada a várias cidades no país.
Para este grupo, “nenhum católico” pode ficar “indiferente” perante a divulgação do relatório da Comissão Independente sobre os abusos sexuais contra menores na Igreja. “À vergonha que colectivamente sentimos, junta-se a necessidade de, enquanto membros da Igreja, manifestar às vítimas e seus familiares o nosso pedido de perdão, pela passividade e omissão de vigilância, cuidado, atenção e acolhimento em que incorremos”, escrevem no convite à participação na vigília.
Apesar de esperarem algo mais (eventualmente do episcopado), ao afirmarem que há “iniciativas futuras que se impõem, em vários níveis”, estes católicos dizem-se dispostos a avançar com esta iniciativa de perdão “que se pretende simples, mas verdadeira, e que, com muita propriedade, desejamos que marque o início da Quaresma que se aproxima”.
No texto assinado por, entre outros, Ana Rita Bessa, André Folque, Mafalda Folque, Diogo Alarcão, Margarida Neto, Joaquim Pedro Cardoso da Costa, João Pereira Bastos ou Sofia Galvão, é dirigido um convite aos “católicos portugueses, leigos, religiosos e ministros ordenados, a juntarem-se em vigília de oração silenciosa em frente à principal igreja da sua cidade ou vila, na próxima quarta-feira de cinzas, dia 22-2-2023, das 21 horas às 22 horas”. E alarga-se a proposta a “todos os grupos da Igreja em Portugal, de qualquer natureza, a associarem-se e a divulgar esta iniciativa”.
A lista de objetivos para esta vigília é extensa: “Pretendemos assinalar a nossa comum responsabilidade, enquanto leigos, pelos caminhos da Igreja. Sublinhar a emergência e a exigência com que esperamos as respostas das estruturas e responsáveis da Igreja em Portugal. Demonstrar-lhes a nossa solidariedade para que saibam (e sintam) que não estão sozinhos no caminho das transformações corajosas que são necessárias. Queremos afirmar o nosso compromisso em não deixar que o silêncio volte a imperar.”
Apontando para o facto de não haver discursos, na vigília, os promotores sugerem que cada participante leve uma vela acesa. Para já, em Lisboa, a vigília ocorrerá em frente ao Mosteiro dos Jerónimos; no Porto, junto aos Clerigos; em Oeiras, em frente à Igreja Matriz; em Santarém, junto à Igreja do Seminário; e em Évora, em frente à Igreja de Santo Antão, na Praça do Giraldo.