
De acordo com a Human Rights Wath, as vítimas de Cabo Delgado terão servido a rebeldes para fornecer redes de tráfico de mulheres que se estendem da Europa ao Golfo Pérsico. Foto © Liia Galimzianova.
Mais de 600 mulheres e crianças foram raptadas em Cabo Delgado, Moçambique, durante os últimos três anos. Algumas foram obrigadas a casar com os sequestradores, outras foram escravizadas e vítimas de abuso sexual, outras ainda foram vendidas por valores entre os 550 e 1.600 euros, revelou esta terça-feira, 7, a organização não-governamental Human Rights Watch (HRW).
Segundo relatos de sobreviventes à HRW, na aldeia de Diaca uma mulher foi obrigada, sob a ameaçada de uma metralhadora, a indicar aos rebeldes as casas onde moravam raparigas. Por entre cerca de 200 meninas com idades entre 12 e 17 anos, estes escolheram quem queriam sequestrar, enquanto as mães imploravam para que as levassem a elas próprias e deixassem as crianças e jovens para trás.
Mas os homens armados diziam que não queriam as mais velhas e investigações indicam porquê: as vítimas de Cabo Delgado terão servido a rebeldes para fornecer redes de tráfico de mulheres que se estendem da Europa ao Golfo Pérsico. “Mulheres e meninas estrangeiras sequestradas, em particular, foram libertadas depois de as famílias pagarem resgates”, acrescenta a organização.
Mausi Segun, diretor para África da HRW, renova agora os apelos, dirigidos aos líderes dos grupos rebeldes, para “libertarem todas as mulheres e meninas em cativeiro”, e às autoridades moçambicanas, para que deem um tratamento adequado às vítimas.