
O padre Max e Maria de Lourdes, assassinados a 2 de abril de 1976, perto de Vila Real. Foto: Direitos reservados.
Nos 45 anos que passam sobre o atentado à bomba que vitimou o Padre Maximino Barbosa de Sousa (conhecido como Padre Max) e a estudante Maria de Lurdes Correia, algumas centenas de personalidades de diversos quadrantes divulgaram, neste dia 2 de abril, uma carta aberta para lhes prestar tributo e sublinhar a atualidade das causas por que lutaram.
Foi no mesmo dia em que a Assembleia da República aprovava a Constituição que resultou do 25 de Abril e plasmou os seus valores fundamentais – 2 de abril de 1976 – que Max e Maria de Lurdes foram abatidos e silenciados. Dedicavam parte do seu tempo à promoção cultural de trabalhadores na freguesia da Cumieira, Vila Real, através de aulas noturnas. Nessa noite, depois da aula, meteram-se no carro. Uma outra pessoa da terra ainda apanhou boleia umas centenas de metros. Mal saiu e a viagem prosseguiu, deu-se a explosão.
“O assassinato de Max e Lurdes trouxe um repúdio tal que desencadeou um autêntico movimento de democratização cujas raízes ainda perduram”, refere a carta aberta. Esta iniciativa foi lançada por Luís Fazenda, dirigente do Bloco de Esquerda, em fevereiro último, através de um artigo no Público.
O atentado, que o Tribunal atribuiu à organização terrorista e fascista MDLP, nunca teve autores morais e materiais reconhecidos judicialmente, pelo que os criminosos e o crime ficaram até hoje impunes.
“Em memória de pessoas que tão vilipendiadas foram, durante muitos anos, pelo escol brutal do passadismo, daqui subscrevemos o apelo: não vos mataram, semearam-vos!”, nota o texto no seu epílogo.
Sobre a atualidade do que então se passou – ponto alto de uma onda de ataques marcadamente de extrema-direita – o ex-deputado e membro do Conselho de Estado Luís Fazenda sublinha, em declarações à TSF, que “há o aparecimento de preconceitos e de teorias de racismo e xenofobismo que estão associados a esses fenómenos de extrema-direita”, teorias que é preciso combater “para defender os valores republicanos”, adianta.
Para Fazenda, o padre Max “foi um símbolo da luta contra a extrema-direita e também para os jovens de hoje, que continuam a acalentar os sonhos do desenvolvimento do interior contra o esquecimento”.

O carro em que seguiam Maximino de Sousa e Maria de Lourdes, depois do atentado. Foto: Direitos reservados.