
Cerimónia inter-religiosa decorreu a pedido do Presidente da República no salão nobre da Câmara Municipal do Porto, no primeiro dia do seu segundo mandato. Foto: Miguel Nogueira/CM Porto.
“A liberdade de crer, que é mais do que a liberdade de culto para os crentes, é a liberdade de agir no espaço público em conformidade com os valores essenciais da sua fé, da sua visão da pessoa e da comunidade”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa nesta terça-feira, 9 de março, o primeiro dia do seu segundo mandato como Presidente da República. A afirmação foi feita na cerimónia inter-religiosa que decorreu a seu pedido no salão nobre da Câmara Municipal do Porto a meio da tarde e em que, além de diversas entidades oficiais, estiveram 13 convidados, representantes das diversas confissões religiosas.
O Presidente da República lembrou, citado pela Ecclesia, que a Constituição da República defende como liberdade fundamental, “a liberdade religiosa, a liberdade de crer e de não crer” e pediu aos responsáveis presentes que “crentes e não crentes” respeitem “a liberdade alheia, não a queiram limitar, não a queiram condicionar, não a queiram esvaziar em homenagem às suas posições pessoais.” Marcelo desafiou as confissões religiosas a contribuírem para “a pacificação dos espíritos e aceitação do diferente” e agradeceu-lhes o contributo dado “ao longo de um ano de pandemia” a “milhares e milhares de portugueses.”
“Num mundo de crescentes tensões e violências, onde pessoas e grupos extremistas manipulam princípios importantes e fundamentais, como o sentido de pátria, como o sentido religioso, e os colocam ao serviço de ideologias e projetos que realmente os negam e aviltam, penso que é importante que estejamos unidos para afirmar que a violência não é compatível com a expressão da fé, mas a sua negação”, declarou D. José Ornelas, falando na mesma cerimónia em que todos os presentes leram uma oração conjunta: “Faz com que todos os povos vivam de acordo com a tua lei de amor”.
Ao fim da tarde, o Presidente da República deslocou-se ao Centro Cultural Islâmico do Porto onde declarou que “o Presidente da República é, naturalmente, Presidente eleito pelos nacionais portugueses, mas é Presidente também de todos os que vivem em Portugal, mesmo não sendo portugueses, ou não sendo portugueses de origem”.
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou a diáspora portuguesa para sublinhar: “Não podemos querer, para os que partem de Portugal para os confins do mundo, aquilo que não estamos dispostos a dar aos que chegam do mundo a Portugal.”
Já depois disto, a Presidência anunciou que, tal como aconteceu há cinco anos, Marcelo Rebelo de Sousa se desloca na próxima sexta-feira, 12, ao Vaticano, onde será recebido pelo Papa Francisco, “dias depois da histórica visita ao Iraque”.
Numa nota divulgada ainda no domingo, o PR referiu-se à viagem de Francisco como tendo transmitido ao povo iraquiano “e ao mundo uma emocionante mensagem de esperança”. A visita mostrou, acrescentava, “como pode um país, marcado pelos horrores da guerra, fazer da diversidade étnica e religiosa um instrumento permanente de superação e diálogo. E revela a importância das palavras e dos atos na construção de um caminho de união, solidariedade e inclusão, pilares estruturantes da paz duradoura e de sociedades mais prósperas e justas”.
Marcelo no Centro Islâmico do Porto: “Presidente também de todos os que vivem em Portugal, mesmo não sendo portugueses, ou não sendo portugueses de origem Foto: Presidência da República/YouTube