
Beatriz Lisboa, estudante da UCP, dirigindo-se ao Papa no encontro com estudantes e refugiados, 3 Agosto 2023. Foto ©️ Antonio Vale/JMJ Lisboa 2023
No encontro do Papa com estudantes (incluindo alguns refugiados), Beatriz Lisboa, estudante de Filosofia na Universidade Católica Portuguesa, em Braga, foi uma das estudantes que dirigiu a palavra ao Papa. Este é o seu texto, publicado por cedência da autora.
Santo Padre, bom dia!
Agradeço-lhe os múltiplos convites de aprofundamento e de missão conjunta. Obrigado por nos fazer encetar caminhos novos, por provocar a reflexão, por nos escutar, por nos responsabilizar, por nos encorajar e depositar confiança em nós, jovens membros da Economia de Francisco.
Os meus estudos em Filosofia vêm no culminar de um processo longo de discernimento. Fui percebendo que, qualquer que seja a forma vocacional que a minha vida tome, o meu desejo de ser madura passa sempre por me ocupar dos outros. Especificamente, senti-me chamada por Deus a ajudar a erguer os corações feridos pelo pecado. Nesse sentido, depois da minha conversão tardia, fui tendo várias experiências que me levaram a concluir que é a partir do campo da cultura que me sinto chamada a ser abençoada por Deus, a descobrir-me, a descobri-Lo e a atuar.
Como fermento no meio da massa, como sal da terra, é na cultura da aldeia, na cultura das pessoas, na cultura da terra e dos cantares que desejo estar, vigilante e com a Igreja, em prol de uma cultura boa e sã. Uma grande confirmação que tenho é perceber que, já antes da minha conversão ao Deus de Jesus Cristo, o Espírito Santo me encaminhava como batizada para aqui. Desse tempo guardo também um grande amor à pergunta sobre o que significa viver, ser Homem e qual o sentido do sofrimento.
Assim, a Filosofia surge como o caminho pelo qual Deus me capacita para assumir cada vez mais esse cuidado pelos meus irmãos e por mim, por quem Jesus Cristo tanto sofre. Tenho vindo a descobrir a grande potência do estudo da filosofia para trabalhar as virtudes, para criar laços de amizade, numa busca conjunta da Verdade, que é Cristo, e para combater o desenraizamento cultural.
Em português temos uma expressão que usamos quando queremos ajudar alguém: chamar à razão. Desejo que ela – a razão – esteja ao serviço da comunhão pelo diálogo. Assim, como agente cultural num sentido largo, encontro alegria em levar a arte de contemplar para o meio das pessoas. Desejo ajudar a pensar e a viver a vida a partir de princípios de Caridade, de Paz e de Verdade.
Como nos aconselha Santo Inácio, ajuda-nos o compromisso com o pouco, pequeno e possível. Neste momento comprometo-me a terminar o curso de Filosofia, com um aproveitamento efetivo e afetivo. E, para tal, é imprescindível uma boa rotina de oração, para crescer em confiança na Providência e em abertura ao Espírito Santo no dia a dia.
Beatriz Lisboa é estudante de Filosofia na Universidade Católica Portuguesa, em Braga