
Paulo Ma Cunguo, da diocese de Shouzhou, foi o sexto bispo clandestino a ser reconhecido pelas autoridades chinesas e a integrar a Associação Patriótica Católica chinesa desde o acordo assinado em 2018 entre a China e o Vaticano. Foto: Direitos reservados.
O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, e o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Zhao Lijian, confirmaram ambos a intenção de renovar o acordo provisório para a nomeação conjunta de bispos no país. O acordo inicial, assinado a 22 de setembro de 2018, expira em outubro.
Esta segunda-feira, 14 de setembro, à saída de uma reunião com o primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, Parolin disse aos jornalistas que a intenção da Santa Sé e de Pequim é “prosseguir” com o pacto que devolveu ao Vaticano um papel ativo na nomeação de bispos na China (até então escolhidos à revelia do Papa), divulgou a UCA News.
Quanto ao porta-voz de Pequim, já tinha falado aos media no passado dia 10 de setembro, dizendo que “com o esforço de ambas as partes, o acordo provisório entre a China e o Vaticano sobre a nomeação de bispos foi aplicado satisfatoriamente desde a sua assinatura há dois anos”.
Zhao Lijian acrescentou que “desde o início deste ano, as duas partes apoiaram-se mutuamente ante a pandemia de covid-19, comprometidas conjuntamente em manter a saúde pública, e aumentaram a sua confiança mútua e os pontos de consenso através de uma série de interações positivas”. Lijian assegurou ainda, como o 7MARGENS noticiou: “As duas partes continuarão a manter comunicação e consultas estreitas para melhorar as relações bilaterais”.
China e Vaticano tinham rompido relações diplomáticas em 1951, quando a Santa Sé reconheceu a independência de Taiwan. A partir daí, os cerca de 12 milhões de católicos chineses passaram a viver divididos entre uma conferência de bispos escolhida pelo Partido Comunista e um grupo de bispos obedientes a Roma, mas que exerciam clandestinamente a sua missão.
O acordo, cujo texto permanece secreto, o que tem sido objecto de críticas em vários sectores, abriu caminho para que o Vaticano reconhecesse os sete bispos que ainda não tinham o aval pontifício e para que fossem feitas nomeações conjuntas, com reconhecimento de ambas as partes.
Segundo o jornal espanhol ABC, não está previsto, a curto prazo, o estabelecimento de relações diplomáticas plenas entre os dois países, pois isso implicaria uma rutura prévia da Santa Sé com Taiwan, que conserva relações diplomáticas com apenas 15 países, sendo o Vaticano o único na Europa.