
Desde que foi presa, Ciham Ali nunca mais viu a sua família, nem teve acesso a um advogado. Os seus familiares não sabem onde está, nem qual é o seu estado de saúde. Foto © Amnistia Internacional.
Ciham Ali nasceu em Los Angeles em 1997, mas foi criada na Eritreia. É filha de um diplomata e político eritreu, que serviu como embaixador do seu país em várias nações até chegar a ministro. Gozando de muita simpatia popular, muitos referiam-se a ele como o próximo Presidente.
No entanto, cedo percebeu vários abusos cometidos pelo Presidente da Eritreia, Isaias Afwerki, incluindo a fome e a pobreza extrema em que grande parte da população vive, tal como as perseguições a dissidentes, opositores e membros do seu Governo. Além disso, opôs-se no interior do Governo à estratégia de relações internacionais e às interferências na Somália perante a iminente invasão da Etiópia, o que veio a acontecer no final de 2011.
Ali Abdul Ahmed – pela discordância de muitas opções políticas e por ser da minoria jerberti, perseguida e não reconhecida na Eritreia – temendo tornar-se alvo fácil e com grandes receios pelo que pudesse acontecer a si e à sua família, uma vez que suspeitava que viesse a ser perseguido e executado, fugiu do seu país, tendo pedido asilo político na Austrália. Ao mesmo tempo, tentou ajudar colegas de Governo e famílias a saírem do país por temer o pior. Sem esquecer a sua família.
Quando fugiu do país, nunca imaginou que nunca mais veria a sua filha, até hoje.
Foi em dezembro de 2012 que, com apenas 15 anos, Ciham Ali, a filha de Abdul, tentou sair do país junto com o seu avô. Tentaram passar a fronteira terrestre para o Sudão. Foi aí presa pelas autoridades eritreias e nem o seu avô escapou à detenção, por ter desertado e fugido para o exílio.
Nove anos depois, Ciham Ali permanece detida sem nunca ter sido julgada ou acusada do que quer que fosse. Desde que foi presa, nunca mais viu a sua família, nem teve acesso a um advogado. Os seus familiares não sabem onde está, nem qual é o seu estado de saúde. Ao abrigo do direito internacional, este ato constitui um desaparecimento forçado. É urgente que as autoridades revelem o seu paradeiro e a libertem.
A Eritreia tem uma extensa história de desaparecimentos forçados e idênticos a este. As vítimas desaparecem após serem presas, detidas ou raptadas por funcionários do Estado, ou por alguém que atue com o consentimento do Estado. É conhecido o costume de prenderem as pessoas em contentores subterrâneos, sem quaisquer condições de salubridade e onde são vítimas de extremas variações de temperatura. Há relatos de pessoas que morreram após serem torturadas, deixadas à fome, vítimas de infeções e de outros tratamentos desumanos. Enquanto outras crianças da sua idade estariam a caminho da Universidade, Ciham pode ter sofrido horrores indescritíveis.
Ciham Ali é uma adolescente normal, que sonhava ser designer de moda e estava determinada a alcançar o seu sonho. A sua cor favorita é o roxo e gostava muito de ouvir música, nomeadamente Lady Gaga e a banda de rock Green Day. Apesar de ser uma cidadã norte-americana, Ciham tem sido ignorada pelo Governo dos EUA. Até agora, as autoridades têm permanecido em silêncio, mas têm a capacidade de influenciar a Eritreia. É fundamental que atuem.
E pedimos-lhe isso, que participe neste trabalho de ativismo para salvar Ciham. Participe no nosso projeto “Maratona de Cartas” e assine este apelo dirigido ao Secretário de Estado dos EUA, para que o país intervenha e atue em defesa de Ciham, pois poderia – se quisesse – saber do seu paradeiro e devolvê-la à sua família.