
“Banir a boma”, pede o cartaz. A Comissão Justiça e Paz de Coimbra queria que Portugal respondesse positivamente ao apelo. Foto: Direitos reservados (Pax Christi International)
“É um começo de caminho, mas é, simultaneamente, um passo gigantesco para a Humanidade”, diz a Comissão Diocesana Justiça e Paz (CDJP), de Coimbra, a propósito da entrada em vigor do Tratado de Proibição das Armas Nucleares, que se assinalou sexta-feira passada, dia 22 de Janeiro, e pela qual manifesta o seu “júbilo” e, ao mesmo tempo, a “profunda desaprovação” da posição de Portugal, que não subscreveu o documento.
Citando as declarações do ministro Santos Silva na entrevista ao 7MARGENS, a Comissão recorda que o Governo português considera que o documento “não responde à necessidade de desarmamento e não observa as preocupações de segurança de muitos países”.
“Não compete ao nosso país assumir a defesa, ou a subserviência, perante interesses de terceiros, mas sim assumir o que lhe é imposto pela procura da Justiça e da Paz”, comenta a CDJP, de Coimbra, registando que a posição portuguesa foi no sentido oposto do que fizeram outros países lusófonos: Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.
Numa nota enviada ao 7MARGENS, aquele organismo católico de Coimbra diz que o tratado que agora entrou em vigor “culmina um movimento mundial de consciencialização” sobre a catástrofe que serão as “consequências do uso das armas nucleares com a potencial aniquilação” da humanidade.
“Num momento em que a sociedade global necessita de uma nova Esperança, o Tratado constitui inspiração na criação de condições de Paz e Justiça”, diz o texto. “Representa um tributo às vítimas das explosões e testes nucleares, ao longo dos últimos setenta e cinco anos, as quais lhe dão a força moral fundamental.” E cita a seguir o Papa Francisco para dizer que importa agora ter a “determinação para promover as condições necessárias a um mundo sem armas nucleares, contribuindo para o avanço da paz e da cooperação multilateral, de que a humanidade tanto precisa hoje em dia”.
O Tratado de Proibição das Armas Nucleares foi já ratificado por 50 dos 86 que o assinaram e dos 122 que o aprovaram nas Nações Unidas, o que permitiu que entrasse em vigor na sexta-feira. Ao mesmo tempo, ele traduz décadas de trabalho de múltiplas organizações e personalidades, como também recordava Luís Moita, num texto publicado há dias pelo 7MARGENS.
A CDJP lembra ainda que o Tratado culmina cinco anos de trabalho na ONU e que representa o “primeiro instrumento multilateral juridicamente vinculante para o desarmamento nuclear”.