
Durante o trabalho da Comissão Independente e do Grupo de Investigação Histórica, o Corpo Nacional de Escutas tinha já partilhado 19 situações de alegados abusos ocorridos em contexto escutista que constavam dos seus arquivos. Foto © CNE.
O Corpo Nacional de Escutas (CNE) suspendeu preventivamente um elemento suspeito da prática de abusos sexuais de menores, depois de ter recebido da Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais contra Crianças na Igreja Católica a informação de sete situações de alegados abusos que não eram do conhecimento da organização. Em comunicado divulgado esta sexta-feira, 24 de março, o CNE adianta que “está atualmente a decorrer o processo interno de averiguação, para decisão em sede de processo disciplinar e outras medidas consideradas pertinentes”.
Na nota à imprensa, o CNE explica que, durante o trabalho da CI e do Grupo de Investigação Histórica, tinha já partilhado 19 situações de alegados abusos ocorridos em contexto escutista que constavam dos seus arquivos. Ao ter conhecimento das sete novas situações, a organização “procurou imediatamente obter informações sobre os casos reportados, para que desta forma a proteção das crianças e jovens que estão ao cuidado do CNE esteja em primeiro lugar”.
Tendo reunido com a Comissão Independente e com o Grupo de Investigação Histórica, “para que fossem transmitidas informações adicionais sobre os casos que não eram do seu conhecimento”, o CNE concluiu que uma das situações “coincide com um caso” já referenciado nos arquivos da organização, outra refere-se a um alegado agressor já falecido e outras duas, ocorridas em 1961 e 1978, “não permitem, para já, identificar inequivocamente os alegados agressores”, continuando o Corpo Nacional de Escutas a “desenvolver esforços para a sua identificação”.
“Dos restantes cinco casos, dois parecem partilhar um alegado agressor comum que já não se encontra no ativo”. O outro, “fruto da colaboração direta de uma vítima que entrou em contacto com o CNE” diz respeito ao alegado agressor que foi agora suspenso.
No comunicado, o Gabinete de Imprensa do CNE sublinha que o “cuidado pelas vítimas do passado ou do presente” é sempre a “prioridade da sua ação” e que não vai deixar de “agir com diligência com os possíveis agressores”, recordando que mantém ativa a sua política “Escutismo: Movimento Seguro”, que “inclui a linha de reporte (https://ems.escutismo.pt) inteiramente disponível para acolher o testemunho, quer pelas vítimas, quer por qualquer outra pessoa, que possa dar mais informações sobre estas ou outras situações”.
O Corpo Nacional de Escutas lembra ainda que “para além da formação a todos os voluntários e das campanhas de sensibilização para todas as crianças e jovens sobre estas problemáticas”, oferece “apoio a todas as vítimas, quer de abusos, bullying, dependências e outras situações que coloquem em risco a segurança das crianças e jovens”.