O primeiro-ministro, António Costa, afirmou nesta terça-feira que a informação contida no relatório da Comissão Independente (CI) para os Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja em Portugal “obviamente choca toda a sociedade, nos perturba a todos, porque não sinaliza só abusos sobre crianças no seio da Igreja ou nos espaços da Igreja” mas traduz “uma realidade transversal à sociedade”.
António Costa elogiou o facto de a hierarquia católica ter tido “uma grande coragem, uma grande transparência, uma grande ousadia” por ter promovido a realização deste trabalho “em grande profundidade”. E anunciou, em declarações a jornalistas, que as ministras da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, “irão reunir também com a Comissão [Independente], “porque há um conjunto de lições a tirar também para outros domínios, porque seguramente aquela realidade não aconteceu só naquele contexto específico”.
Os factos revelados no relatório – realizado a a partir dos 512 testemunhos validados pela CI – obrigam toda a sociedade portuguesa a interrogar-se sobre o que tem acontecido em “outros domínios, outros espaços” onde este tipo de casos “também pode ter acontecido”.
Já na véspera, o Presidente da República recebera a CI, comentando depois que “uma instituição que se confronta com este tipo de relatório é levada a mudar de vida, é inevitável”.
A sugestão deixada pela Comissão no sentido de aumentar a idade máxima da prescrição dos casos de abuso para 30 anos, em vez dos actuais 23, merece para já a abertura dos dois maiores partidos. O Presidente, lembrando que o processo legislativo compete ao Parlamento, manifestou também o seu apoio a essa hipótese.