Cultura e Artes
Mulheres que são como lugares mal situados novidade
Nunca tinha ouvido falar nem tinha visto nenhum filme de Hong Sang Soo. Mas tenho sempre algum fascínio pelo cinema que vem dos lados do Oriente. Fui ver e não fiquei desiludido.
Papa Francisco no Iraque: A fraternidade e o fermento cristão para a reconstrução de uma sociedade plural novidade
A viagem do Papa Francisco ao Iraque, mais do que um acontecimento histórico, é um reencontro com a história de um dos berços de cultura e religiões de que todos somos, de algum modo, herdeiros; mas quer ser sobretudo um sopro de esperança que reacenda a vida que, especialmente nas últimas décadas, tem sido negada às gentes deste território.
Os lugares do Papa no Iraque: uma viagem de regresso, reencontro e reafirmação de fraternidade
Os lugares da viagem do Papa ao Iraque erguem memórias que abarcam desde o berço da civilização nas planícies do sul da Mesopotâmia e de toda a sua história até ao berço da expansão judaico-cristã, nos vales e montanhas entre a Assíria e a vizinha Arménia. Ali começou a viagem de Abraão, ali Francisco regressa numa visita que traduz o reencontro e a reafirmação da fraternidade. Um percurso pelos lugares da viagem, ao encontro da memória desses lugares.
Arte de rua: amor e brilho no olhar
Ouvi, pela vida fora, incontáveis vezes a velha história da coragem, a mítica frase “eu não era capaz”; é claro que não, sempre que o preconceito se sobrepõe ao amor, não é possível ser-se capaz. Coragem?? Coragem eu precisaria para passar pela vida sem realizar os meus desejos, nesse louco trapézio entre doses paralelas de coragem e cobardia.
O Karimojong português
O padre Germano Serra, um missionário comboniano português, acaba de publicar o dicionário mais completo da língua karimojong, uma tribo semi-nómada do Uganda por que se apaixonou há quase quatro décadas.
Precisamos de nos ouvir (22) – António Durães: Talvez a arte nos possa continuar a salvar
Por força não sei de que determinação, o meu mundo, o mundo teatral, divide-se, também ele, em duas partes. Não há Tordesilhas que nos imponha o mundo assim, mas a verdade teatral determina-o: o mundo da sala e o mundo do palco. A cortina de ferro divide esses dois mundos de forma inexorável. Por razões de segurança, mas também por todas as outras razões. E esses dois mundos apenas se comunicam, quando o Encontro, como chamavam alguns antigos ao espectáculo, se dá.
CRC promove homenagem a Luís Salgado Matos
O Centro de Reflexão Cristã promove no próximo dia 10 de março um encontro de homenagem a Luís Salgado de Matos, falecido a 15 de fevereiro, autor com um largo contributo para o estudo da história religiosa contemporânea com muitas obras e artigos.
Os Dias da Semana – Um mau poema suja o mundo
Bons espíritos sustentam que a poesia ocidental fala quase exclusivamente de amor e de morte. Não seria, também por isso, de estranhar o tema do poema inédito de Joan Margarit, que poderá ter sido escrito no período em que o autor teve de enfrentar o cancro que o vitimaria.
Canções para estes tempos de inquietação
No ano em que Nick Cave se sentou sozinho ao piano, para nos trazer 22 orações muito pessoais, desde o londrino Alexandra Palace para todo o mundo, numa transmissão em streaming, o australiano dedicou-se também à escrita de 12 litanias a convite do compositor neoclássico belga Nicholas Lens.
Franz Jalics, in memoriam: a herança mais fecunda
Correr-se-ia o risco de passar despercebido o facto de ser perder um dos mais interessantes e significativos mestres da arte da meditação cristã do século XX, de que é sinal, por exemplo, o seu reconhecimento como mestre espiritual (a par de Charles de Foucauld) pela conhecida associação espanhola Amigos del Desierto, fundada por Pablo d’Ors.
Arcebispo de Évora anuncia investigação a misterioso desaparecimento de peças de arte de santuário em 2009
O arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, anunciou nesta quinta-feira, 18, o desaparecimento, do santuário de Nossa Senhora de Aires, em Viana do Alentejo, de um conjunto de objetos que foram ofertas de peregrinos, cujo valor não especificou.
A luta de Abel com o Caim dentro dele
Como escrever sobre um filme que nos parece importante, mas nem sequer foi daqueles que mais nos entusiasmou? E, no entanto, parece “obrigatório” escrever sobre ele, o último filme de Abel Ferrara, com o seu alter-ego e crístico Willem Dafoe: Sibéria.
Irmãs de clausura gravam disco com gregoriano e música eletrónica
Hinos da tradição litúrgica medieval gravados pelas irmãs clarissas do mosteiro de Arundel, no Sussex (Reino Unido), tendo como fundo música eletrónica saída de teclados e sintetizadores e reunidos no disco intitulado Luzes Para o Mundo estão a ser um sucesso de vendas.
Mosteiro de Tibães recupera cinco retratos da Sala do Capítulo
Cinco retratos de abades gerais beneditinos foram devolvidos à Sala do Capítulo Geral do Mosteiro de Tibães, em Braga, na sequência dos trabalhos de recuperação e valorização patrimonial que têm sido levados a efeito, aproveitando o encerramento ao público por causa da pandemia.
Silêncio, que se vai rezar (a ouvir) o fado
Podem os olhos, as mãos ou o rosto de quem canta o fado exprimir uma atitude de religiosidade? Cátia Tuna investigou o tema e descobriu como a canção – que começou por ser boémia e se tornou “nacional” – preencheu um vazio que o catolicismo orgânico tinha deixado a descoberto. Silêncio, que se vai rezar (a ouvir) o fado.
As ignoradas Mães (Madres) do Deserto
As “Mães” do Deserto foram, de par com os Padres do Deserto, mulheres ascetas cristãs que habitavam os desertos da Palestina, Síria e Egito nos primeiros séculos da era cristã (III, IV e V). Viveram como eremitas tal como muitos padres do deserto e algumas formaram pequenas comunidades monásticas.
Encarnar a vida
Avanço entre os clamores do desespero e da esperança/ Sem olhar para trás como a mulher de Ló/ Levo o passado nos pés e o futuro na voz/ Com eles vou desenhando à mão o caminho.
José Marques (1937-2021), padre e medievalista
Padre e historiador, José Marques faleceu aos 83 anos. Foi a sepultar na terça-feira, 2 de Fevereiro, no cemitério de Braga. “Com o desaparecimento do Professor José Marques, a historiografia portuguesa perde um dos seus mais distintos medievalistas”, refere a nota de condolências do Presidente da República.
“Menina e Moça”, os judeus sefarditas e a emanação feminina de Deus
Gritos de espanto e assombro do poeta judeu português, Samuel Usque, face à perseguição e tragédia do seu povo. Dor que transcende o Universo. Atracou em Sepharad – nome judaico dado à Península Ibérica – nos séculos II ou III, numerosa comunidade judaica que aqui se estabeleceu: artesãos, cientistas, comerciantes, escritores, filósofos, juristas, médicos, frequentadores das cortes e conselheiros de reis.
A pacifista Mafalda e as armas nucleares
As armas nucleares foram um sério e persistente motivo de preocupação para Mafalda, a menina criada por Quino. Em várias circunstâncias, a pacifista Mafalda partilha um medo mundialmente vivenciado durante o período da Guerra Fria, mostra a irracionalidade da escalada armamentista e enaltece a paz.
A máscara – espelho da alma
A propósito da recolha, compilação e publicação de alguns contos e lendas do concelho de Bragança, todos eles belíssimos e inspiradores, resolvi escrever sobre um deles (A Máscara de Ouro), por três razões principais: a primeira razão prende-se com o facto de unir a memória e o território, na figura do Abade de Baçal, patrono do meu Agrupamento de Escolas;
A vida, o sofrimento e Jesus
Dois autores, ambos presbíteros com profundas experiências e preocupações pastorais – Valdés é biblista argentino, Bermejo é especialista na pastoral da saúde em Espanha – oferecem em Peregrinar a Jesus um contributo notável para aprofundar as difíceis e exigentes questões relacionadas com a saúde, o sofrimento e a relação de fé.
O olhar da raposa
Infelizmente, são ainda muitos os lugares deste mundo onde a pena de morte continua a existir e a ser praticada. Sirvam de exemplo estas notícias do Público de sexta, 11 de Dezembro e Domingo 13 de Dezembro: “Trump autoriza onda de execuções como não se via há 124 anos”; “Alfred Bourgeois é o segundo executado em dois dias pela Administração Trump”; “Irão executa jornalista por inspirar protestos de 2017 contra o regime”.
A pegada de religiosidade na obra de João Cutileiro
“Na vasta obra de João Cutileiro, há uma intermitente, mas persistente, pegada de religiosidade que deixou plasmada em poemas de pedra”, escreve o padre Mário Tavares de Oliveira, cónego da diocese de Évora, num texto que evoca a arte do escultor que morreu no passado dia 5.
Egito: Avança criação do “Caminho da Sagrada Família”, uma das mais extensas rotas de peregrinação do mundo
Apesar da pandemia de covid-19, está a avançar o ambicioso projeto patrocinado pelas autoridades egípcias para a criação do “Caminho da Sagrada Família”, um itinerário turístico-religioso que irá ligar os lugares que, de acordo com a tradição, Maria, José e Jesus teriam atravessado quando procuraram refúgio no Egito para escapar à violência do rei Herodes e que será uma das mais extensas rotas de peregrinação religiosa do mundo, avançou o Vatican News.
Uma nova década para resolver velhos problemas (o humor de Luís Afonso)
No texto que escreveu para o livro Sociedade Recreativa, de Luís Afonso, o escultor João Cutileiro, que morreu neste início de Janeiro (também início de ano e início de década) dizia que o cartunista “desenha o mundo para melhor o ver e compreender”.
Palavra e Palavras
Durante as semanas de Advento li o novo livro de Valter Hugo Mãe (VHM), Contra Mim. Trata-se de um livro que revela quem é Valter Hugo Mãe. A sua leitura literalmente me encantou e fez emergir múltiplas epifanias. Um grande livro, um grande escritor. Uma prosa lindíssima e original. Uma profunda busca de Deus.
Auscultar a expressão de um Povo
A chamada Caixa de Correio de Nossa Senhora constitui um arquivo do santuário de Fátima no qual se conservam as mensagens ali enviadas de todo o mundo, a partir da década de 40 do século passado, dirigidas à Mãe de Jesus. Trata-se de cartas, bilhetes, postais, ex-votos, num número que atinge os milhões e que constituem uma expressão de devoção íntima e pessoal de inúmeros católicos de todas as origens sociais, económicas e familiares.
Arménios deslocados de Nagorno-Karabakh temem a destruição das suas igrejas medievais
Uma guerra de seis semanas em Nagorno-Karabakh, uma região montanhosa no sul do Cáucaso, terminou em 9 de novembro último, na sequência de um acordo de paz entre a Arménia e o Azerbaijão, com a Rússia como intermediária. Mas, “embora a guerra tenha acabado, o rico património arquitetónico da região continua em risco”, alerta uma especialista.
Eduardo Lourenço, pensar livre…
Uma das visitas mais fascinantes que fiz ao Museu do Prado foi na companhia de Eduardo Lourenço. Não me lembro de quanto tempo tivemos juntos, percorrendo as salas de um modo totalmente desprendido, esquecidos das horas e do tempo. Aconteceu como nos velhos contos medievais em que um minuto se torna mil anos, como com o monge que se distraiu a ver a paisagem e ao voltar já não conhecia os companheiros do convento, pois tinha passado um ror de tempo naquele minuto esquecido.
Um Natal muito (pouco) sentimental…
Os relatos do Nascimento de Jesus não são meramente sentimentais. Os relatos são ao mesmo tempo pessoais e políticos. Falam de transformação pessoal e política. Situados no contexto do século I, são visões globais e apaixonadas por uma outra maneira de ver a vida e de viver as nossas vidas. Levam a tribunal a vida actual corrente, o status quo da maioria dos tempos e lugares. Causam tensão e dificuldade. Confrontam aquilo a que chamamos a “normalidade da civilização”.
Alfredo Teixeira e João Andrade Nunes em entrevista: a música como arte de dizer Deus
Há um movimento de renovação na música litúrgica, que oscila entre a recriação de uma herança musical litúrgica e uma “via culturalizante, abrindo a liturgia aos diferentes idiomas musicais disponíveis”. A propósito do disco Vimos do Mar e da Montanha, apresentado há um mês em Lisboa, o 7MARGENS entrevistou os dois compositores autores das peças que o compõem. Alfredo Teixeira e João Andrade Nunes falam dos movimentos de renovação da música litúrgica, dos limites e potencialidades que encontramos na criação contemporânea, das linguagens que os têm inspirado e das potencialidades da música como experiência comunitária a merecer hospitalidade. A música pode ser uma arte de dizer Deus, afirmam.
Memória de Maria
Neste dia nasceu Jesus
Todos os anos vos conto como foi
Para que se mantenha viva a Sua memória
Os pastéis de bacalhau “esbodegados” e o kispo em 2ª mão e às prestações nas memórias do último Natal em África
Quando chegou a Portugal para passar o seu primeiro Natal europeu, depois de “levantar o ferro” de Angola, em 1975, Luís Branco, comprou um casaco “kispo” em segunda mão, para pagar às prestações. Nascido em Benguela, Luís era tetra-neto do fundador de Moçâmedes (hoje Namibe) e é professor universitário.
A alma de Eduardo Lourenço
Em entrevista realizada em 2006 Eduardo Lourenço afirmava: “O que define o Homem é o facto de ele ser uma alma”, querendo significar que a pessoa humana está muito para lá da mera corporeidade. O país tem prestado homenagem ao insigne pensador, em especial nas últimas semanas, devido ao seu desaparecimento, mas o facto é que estamos perante um pensador com alma.
A Caixa de Correio de Nossa Senhora
Quando, durante vários anos, antes de 25 de Abril de 1974, o Natal se aproximava, a RTP incluía na sua programação uma espécie de tempo de antena que muitas famílias portuguesas aguardavam com desmedida ansiedade. A partir de várias zonas das então designadas “províncias ultramarinas”, a televisão portuguesa dava um módico de voz aos soldados que para lá tinham ido combater.
“Peregrinação pelas igrejas de Lisboa”, inédito de Felicidade Alves em livro electrónico
A obra inédita de José da Felicidade Alves, Peregrinação pelas Igrejas de Lisboa, começou nesta segunda-feira, 14 de Dezembro, a ser publicada em formato de livro electrónico, no portal de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa. A data coincide com o dia em que se assinala o 22º aniversário da morte do antigo pároco de Belém (Lisboa), suspenso a divinis pelo então cardeal Gonçalves Cerejeira, patriarca de Lisboa.
A alegria do Papa e o Presépio de Castelli
O Domingo da Alegria, na liturgia católica do tempo do Advento, é dia escolhido para o Papa benzer as figuras dos Meninos Jesus que serão colocadas nos presépios. Por isso, neste domingo, 13 de dezembro, a Praça de S. Pedro fugiu à pandemia e encheu-se (mas cumprindo as regras sanitárias…) para um Angelus muito especial.
“Uma Vida à sua Frente” – Amizade Social
Quando sugeri a amigos e conhecidos que vissem na Netflix o filme/documentário do grande realizador Wim Wenders Francisco, um Homem deste Mundo, sugeri-lhes que prestassem atenção, já que Francisco tinha um “olhar de Deus”, nomeadamente quando aparecia em primeiro plano, olhando de frente para o entrevistador.
Uma peregrinação interior com “Triságia”
Ao percorrer as páginas do livro Triságia, fi-lo em diferentes modos, ritmos e olhares, numa cadência que passou pela curiosidade, atravessou a espessura do desconhecido e mergulhou na profundidade. Primeiro, o livro ficou à espera, à minha espera em cima da mesa, junto de outros livros não lidos. De vez em quando deitava de soslaio o olhar àquela capa manchada de tinta alilasada. O título Triságia empurrava-me para o dicionário, mas tinha preguiça de procurar. Aliás, quando falei do livro a uma amiga, a pergunta saltou: Que significa essa palavra?
Listen: um filme para ser escutado nas entranhas
Podemos entrar neste filme pela lente partida da máquina fotográfica a fingir de Lu, a filha surda-muda daquela família. Uma lente que faz lembrar as teias onde as aranhas apanham, prendem e comem outros insectos. É disso que se trata neste filme: o Estado, no seu suposto zelo de cuidar das crianças melhor do que a família, cegamente e violentamente, vigia, julga e retira os filhos aos pais.
Documento: “As palavras que Eduardo Lourenço nos iluminou” – homilia do cardeal Tolentino
Na missa do funeral de Eduardo Lourenço, celebrada dia 2, quarta-feira, no Mosteiro dos Jerónimos, a homilia foi proferida pelo cardeal Tolentino Mendonça. O 7MARGENS publica a seguir na íntegra esse texto, que nos foi cedido pelo seu autor.
Concerto de Natal em Notre-Dame, uma estreia desde o incêndio
Um concerto de Natal terá lugar na noite de 24 para 25, na Catedral de Notre Dame, em Paris, o primeiro desde o grande incêndio de abril de 2019. O anúncio foi feito pelo arcebispo da capital francesa, num comunicado difundido pela diocese de Paris.
Cardeal Tolentino evoca “um caixão com a forma de Portugal” e Lídia Jorge fala do “menino de 15 anos oferecido ao futuro” nas exéquias de Eduardo Lourenço
O cardeal José Tolentino Mendonça lembrou nas exéquias do ensaísta e pensador Eduardo Lourenço, que morreu terça, dia 1, “o explorador e o cartógrafo”, “o psicanalista do destino e o decifrador de signos”, “investigador generoso e iluminado” a quem Portugal deve maior entendimento de si. No final da missa no Mosteiro dos Jerónimos, nesta quarta-feira, 2 de Dezembro, a escritora Lídia Jorge disse que o autor de Heterodoxias permanecerá como “alguém de 15 anos, dentro de uma estante, oferecido ao futuro”.
Eduardo Lourenço (1923-2020): O pensador levantou-se mais cedo para tentar apanhar Deus
Ficou por entregar pessoalmente o Prémio Árvore da Vida, que lhe foi atribuído pela sua busca de uma “sabedoria trágica da vida porventura conciliável com a vivência eclesial da Fé” e a “incomensurável Transcendência divina”. O pensador, ensaísta e professor Eduardo Lourenço morreu na madrugada de dia 1, em Lisboa. O funeral é nesta quarta-feira. Portugal, a Europa, a literatura e a poesia, a música e o cinema foram objectos da sua atenção fina e crítica. Como também o cristianismo, experiência e matriz da qual nunca de desligou e que considerava a “grande revolução humana que se operou na história” cujos efeitos ainda “nem sequer começaram.”
“Portugueses no Holocausto”: o “descarinho” que acabou em Auschwitz
A autora dedica a obra “Portugueses no Holocausto” a “todos os portugueses expulsos pela Inquisição e que se refugiaram em Amesterdão, Istambul e Salónica. Acreditaram que eram portugueses, mas Portugal não os reconheceu como tal. No momento em que precisavam desesperadamente da nacionalidade portuguesa, esta foi-lhes negada.
Não podemos ignorar
Há muitas razões que tornam este pequeno livro maior do que a sua dimensão física. A bibliografia sobre a luta antifascista é já extensa, mas este ensaio é diferente. Ao fazer a história da Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos (CNSPP) nos seus cinco anos de existência (1969-1974), Edgar Silva escolhe retratar a sociedade portuguesa daquele período a partir do conceito de medo.
O futuro será bom, se o presente o for
E, já agora, falando em mulheres e em livros, escrevo, também, numa altura em que me encontro a fazer um prefácio a uma antologia de textos literários de mulheres, juntamente com Ana Mafalda Leite. Eu e ela, bem como Ana Rita Santiago, ambas docentes de literaturas; a primeira em Portugal e a segunda no Brasil, temos trabalhos nos quais recenseámos a existência de mulheres escritoras em Moçambique (nascidas no país e lusodescendentes), das quais pouco se fala e escreve. Aproveito este espaço para divulgar os nomes dessas escritoras e mais adiante, neste texto, explicarei a razão da sua invocação. Colocarei em itálico, os nomes das que me consta não estarem entre nós.
“Vimos do mar e da montanha”, um disco contemporâneo apresentado sábado, 28, em Lisboa
Vimos do Mar e da Montanha é o título do projecto discográfico que será apresentado neste sábado, 28 de Novembro, às 11h, na Igreja de São Tomás de Aquino (Lisboa). Com edição da Paulus Editora, o disco tem música de Alfredo Teixeira e João Andrade Nunes, e textos de José Augusto Mourão e do Missal Romano, sendo interpretado pelo Ensemble São Tomás de Aquino.
Descoberto esboço de retrato de Jesus atribuído a Leonardo da Vinci
Um equipa de investigadores italianos encontrou recentemente, numa coleção privada na região da Lombardia, o esboço de um retrato de Jesus Cristo que acreditam ser da autoria de Leonardo da Vinci. O desenho, feito a giz vermelho – técnica que era frequentemente utilizada pelo pintor renascentista – tem semelhanças com algumas das suas obras mais emblemáticas, nomeadamente “Mona Lisa” e os seus autorretratos, revelou o jornal britânico The Telegraph.
Abrir as “páginas seladas” do livro bíblico do Apocalipse em tempo de pandemia
O livro bíblico do Apocalipse (ou da Revelação) é uma profecia para tempos de crise e por isso é importante abrir agora as suas “páginas seladas”. Com esse mote, a comunidade católica da Capela do Rato propõe três sessões sobre o último dos livros da Bíblia cristã. Uma conferência de João Duarte Lourenço, uma leitura de Luís Miguel Cintra e um percurso proposto por Emília Nadal através da arte inspirada naquele texto serão as três etapas propostas para este itinerário.
Dois retábulos em restauro no Mosteiro de Pombeiro
Os retábulos de Nossa Senhora das Dores e de Santo António (bem como as respectivas esculturas) na nave da igreja do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro (Felgueiras) estão a ser sujeitos a uma operação de conservação e restauro, com o objectivo de melhorar a estabilidade estrutural, valorizar a vertente conservativa e restituir, tanto quanto possível, uma leitura integrada do conjunto.
Três peças de teatro clássico pelo Facebook para falar da guerra, do outro e do amor
Crime e traição, política e religião, europeus e otomanos, farsas e absurdos, ganância e corrupção, peste e guerra. E, no fim de tudo, o poder do amor em três peças teatrais que o Teatro Maizum leva à cena nesta semana, através da sua página na rede Facebook – ou seja, podendo cada pessoa vê-la a partir de sua casa.
Quando o Cristo-Rei voou
À luz das estrelas floriram-lhe as asas / E ao albor o Cristo-Rei lançou-se e voou… (um poema de Liomarevi)
Gonçalo – o jardineiro de Deus
Gonçalo Ribeiro Telles foi um católico inconformista e determinado. Subscreveu em 1959 e 1965 três importantes documentos de católicos em denúncia da ausência de liberdade, da censura, e da repressão, arcando com as consequências de uma tal ousadia. Os textos de 1959 intitulavam-se significativamente: “As relações entre a Igreja e o Estado e a liberdade dos católicos” e “Carta a Salazar sobre os serviços de repressão do regime”; ambos tinham como primeiros subscritores os Padres Abel Varzim e Adriano Botelho.
Biblioteca Apostólica do Vaticano dedica Agenda de 2021 à “mulher e os livros”
“Não é possível fazer a história da Biblioteca dos Papas sem iluminar o contributo das mulheres”, escreve o cardeal português José Tolentino Mendonça, bibliotecário da Santa Sé, na apresentação da nova Agenda 2021 da Biblioteca Apostólica Vaticana, dedicada ao tema “A mulher e os livros. A mulher como construtora e guardiã das bibliotecas no tempo”.
Bonhoeffer, teólogo e resistente ao nazismo
O autor desta obra, escritor e historiador italiano, descreve pormenorizadamente o processo espiritual de um homem religioso do luteranismo alemão, Dietrich Bonhoeffer (1906-1945). Viveu na trágica situação da Europa antes da II Guerra Mundial, a ascensão do nazismo e do racismo anti-semita que colocou como objectivo final o extermínio total dos judeus: cerca de seis milhões de judeus foram massacrados; ciganos sinti e rom – entre 250 a 500 mil, além de muitos milhares de outros homens e mulheres.
O Espírito surpreende-nos
Este livro não tem índice. Não tem nem precisa. Seria redundante. É uma coleção de diários. Todos os dias, de 24 de março a 29 de maio. Um exercício de diálogo com a Palavra, com os acontecimentos do dia – dos mais próximos e pessoais, aos mais longínquos e de todos conhecidos –, com as inquietações, as esperanças e as alegrias de cada dia.
Quem somos nós perante a crise pandémica? – pergunta o 1º festival de filosofia de Lisboa
Um festival de filosofia intitulado Filo-Lisboa para falar sobre o tema Crise Pandémica: Quem sou eu neste novo mundo? decorre neste sábado e domingo, 14 e 15 de novembro, através de vídeoconferência.
#o_avesso_da_casa
Integrado no desafio “Quanto tempo tenho que esperar para que a realidade se torne extraordinária?”, no contexto pandémico da covid-19, que se alastra dramaticamente em todo o mundo, ceifando milhares de vidas, resolvi centrar a minha atenção na CASA, sua ausência, sua presença. A CASA em que vivo, as várias casas onde estou, a CASA maior que é o planeta. A CASA vazia, deserta, virada ao avesso. O confinamento em CASA pode representar uma prisão ou um confronto connosco e mesmo a liberdade, o nosso direito de ir e vir, que agora não se vive na plenitude, guarda ressaibos de saudade.
Os filhos dos dias, de Eduardo Galeano
Fazer corresponder a cada dia do ano uma breve história ocorrida nesse dia em tempos mais ou menos recentes ou mais ou menos remotos é o propósito de Eduardo Galeano em “Os filhos dos dias”. Protagonizadas por todo o tipo de gente, anónima ou famosa, desprezível ou admirável, de múltiplos cantos do planeta (incluindo Portugal), as histórias oferecem um testemunho quotidiano, que pode ser também um ensinamento ou uma interrogação.
Sociedade Bíblica “oferece” +Bíblia e evoca João Ferreira de Almeida
A Sociedade Bíblica de Portugal (SBP decidiu alargar os conteúdos e o acesso gratuito ao site Bíblia.pt e à aplicação Bíblia para todos. Em ambas as plataformas, há um ano que é possível aceder gratuita e integralmente ao texto bíblico na tradução de a BÍBLIA para todos, e na de João Ferreira de Almeida – o primeiro tradutor da Bíblia para o português.
De Covadonga para o mundo: Cuevas abre Misty Fest
O embrulho do flamenco com a eletrónica não é uma novidade, nem o mundo do folclore e das tradições populares se mantém impermeável às investidas sonoras mais contemporâneas. Não nos faltam exemplos, mas de Espanha chegam bons ventos com este casamento: Rodrigo Cuevas sobe esta quinta-feira ao palco, em Lisboa, na abertura do Misty Fest – que decorre num formato mais contido, sob o signo da pandemia.
Roubaix: um conto de Natal (em Novembro)
Ao ler uma entrevista (Público/Ípsilon, 11 de setembro) do realizador Arnaud Desplechin, ainda antes de ir ver o filme, houve logo duas coisas que me fizeram pensar no Papa Francisco e no caminho que ele insistentemente propõe aos baptizados. Essa impressão foi agora, no momento em que escrevo, alargada pela leitura da sua nova encíclica Todos Irmãos (Fratelli Tutti).
Francisco de Assis, a fecundidade de um Corpo
A Editorial Franciscana prossegue o seu importante labor de publicação das chamadas Fontes Franciscanas, apresentando-nos agora o seu quarto volume. Depois dos volumes dedicados aos escritos e legendas de São Francisco (volume I), de Santa Clara (volume II) e de Santo António (volume III), o volume agora publicado regressa ao Santo de Assis, com um conjunto de Crónicas sobre os inícios dos Frades Menores e alguns Documentos de fontes externas à Ordem.
Bispo de Pemba encerra ciclo sobre Santo António com debate sobre os que ficam para trás
O bispo de Pemba (Cabo Delgado, Moçambique), Luiz Fernando Lisboa, é um dos intervenientes no debate que decorre neste domingo à tarde, 1 de Novembro, integrado no ano jubilar de Santo António e dos Mártires de Marrocos, que a cidade de Coimbra celebra ao longo deste ano.
Todos os Santos
Todos os Santos/ Mesmo aqueles que não conhecemos/ Que viveram no silêncio e anonimato/ Com pequenos gestos e palavras/ Mas que nos cuidam em cada dia…
Ensaio de Dimas Almeida (3): Critérios de tradução e anúncio do evangelho
Nesta terceira parte do seu ensaio, Dimas Almeida debate os critérios de tradução do grego – nomeadamente no uso das partículas – que, em alguns casos, põe em causa a própria forma do evangelho que se anuncia e a adptação qeu dele se faz na liturgia católica.
Música e desporto, ou a teologia prática da ascese
A ascese como exercício espiritual e corporal, como experiência artística, como prática comunicacional ou como metáfora da casa comum. Estes serão os próximos temas da X Jornada de Teologia Prática, dedicada ao tema O Apelo do Essencial, que é promovida pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (FT/UCP)
Museus do Vaticano com cursos e iniciativas online
Os Patronos de Artes dos Museus do Vaticano lançaram uma série de iniciativas e cursos em vídeo, que incluem conferências ao vivo ou uma “hora do café” de perguntas e respostas com especialistas. O objectivo é que os participantes e apoiantes dos museus permaneçam ligados durante a pandemia.
O mosaico de todos os dramas da humanidade no filme “Francesco” que o 7MARGENS já viu
Um mosaico construído pelos dramas da humanidade, que o Papa assumiu como seus, é como se pode definir o filme-documentário Francesco, do realizador russo Evgeny Afineevsky, que foi apresentado na Festa do Cinema de Roma na passada quarta-feira. Na noite deste domingo, 25, a obra ficou disponível no Savannah Film Festival (EUA), podendo ser alugado e visto até ao próximo sábado.
A resposta do cardeal Tolentino ao secretário-geral Guterres (e o livro como sonda apontada ao futuro)
“Os livros fizeram a Europa”, disse Tolentino Mendonça, ao receber o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva. Guterres interpelou o bibliotecário da Santa Sé através de vídeo e o cardeal respondeu com três palavras. E disse que os livros são “telescópios e sondas apontados...
Uma refugiada actriz e a “Fratelli Tutti”: Não me faltaram cerejas na vida
A primeira coisa que me vem à ideia com a leitura da encíclica Fratelli Tutti (“Todos irmãos”) é pensar: o que nos dera ter lido uma coisa destas há alguns anos, antes de guerra! Teria feito diferença? Se calhar, só pensamos em remediar as coisas e não em prevenir. Mas temos de pensar antes de algo acontecer.
O Holocausto esteve no limbo em Portugal, o livro de Irene Pimentel quer tirá-lo de lá
O tema do Holocausto tem estado num limbo em Portugal: primeiro, Salazar para lá o remeteu, com a sua política de neutralidade durante a Segunda Guerra Mundial; depois, o assunto foi eliminado da História e da memória portuguesa. E após a instauração da democracia, em 1974, as prioridades da historiografia foram outras.
O capitalismo não gosta da calma (nem da contemplação religiosa)
A editora Relógio d’Água prossegue a publicação em Portugal dos ensaios de Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano radicado na Alemanha. O tom direto e incisivo da sua escrita aponta, num registo realista, as múltiplas enfermidades de que padece a sociedade contemporânea, que o autor designa como sociedade pós-industrial ou sociedade da comunicação e do digital, do excesso de produção e de comunicação. A perda dos referentes rituais – análise que o autor refere como isenta de nostalgia, mas apontando o futuro – é uma dessas enfermidades, com as quais a vivência religiosa está intimamente relacionada.
“À sombra das palavras”
Faz agora quase um ano pintei no meu atelier, durante cinco semanas quase sem parar, com duas outras artistas, os poemas da Sophia escolhidos para integrarem um Memorial evocativo do centenário do seu nascimento.
Documentário sobre Ferreira d’Almeida disponível na RTP Play
O documentário abre com Carlos Fiolhais professor de Física na Universidade de Coimbra, a recordar que a Bíblia é o livro mais traduzido e divulgado de sempre – também na língua portuguesa. E que frases conhecidas como “No princípio criou Deus o céu e a terra” têm, em português, um responsável maior: João Ferreira Annes d’Almeida, o primeiro tradutor da Bíblia para português, trabalho que realizou no Oriente, para onde foi ainda jovem e onde acabaria por morrer.
Uma simples prece
Nem todos somos chamados a um grande destino/ Mas cada um de nós faz parte de um mistério maior/ Mesmo que a nossa existência pareça irrelevante/ Tu recolhes-te em cada gesto e interrogação
Sophia Loren regressa aos ecrãs 11 anos depois, para interpretar sobrevivente do Holocausto
A atriz italiana Sophia Loren é a protagonista do novo filme da Netflix, The Life Ahead (A Vida à sua Frente). Aos 86 anos, a estrela de cinema regressa aos ecrãs pela primeira vez em mais de uma década para dar vida a uma sobrevivente do Holocausto que toma conta de filhos de prostitutas, num drama realizado pelo seu filho Edoardo Ponti.
Quino (1932-2020) e os desenhos do nosso desassossego
A imagem mostra um anjo estendido no chão depois de ter sido agredido pela multidão que o cerca. Interrogado pela Radio Z sobre o que se tinha passado, um homem de óculos escuros, com um bastão na mão, declara: “Chegou falando de coisas esquisitas,… bondade, amor, tolerância, caridade, quando aqui o que necessitamos é segurança, casa, pão e trabalho. Mas o que nos fez a seguir suspeitar dele foi não nos recordarmos de o ter visto sequer uma vez na televisão.” Neste cartoon de Quino, assim como nas histórias protagonizadas pela sua Mafalda, a realidade apresenta-se incapaz de estar à altura dos grandes valores.
Papa assina carta apostólica inspirada em São Jerónimo e incita a um maior uso da Bíblia
Francisco assinou a nova carta apostólica “Sacrae Scripturae Affectus” (em português, “O Afeto à Sagrada Escritura”), esta quarta-feira, 30 de setembro, dia em que a Igreja celebrou o 16º centenário da morte de São Jerónimo. Durante a audiência geral, o Papa referiu várias vezes o exemplo do padroeiro dos biblistas, que “colocou a Bíblia no centro da sua vida”, e ao saudar os peregrinos de língua portuguesa deixou o apelo: “façam da Bíblia o alimento diário do diálogo com o Senhor”.
Rosa Luxemburg: revolucionária, pacifista, um ser humano total
O nome desta mulher foi desde a sua morte, em 1919, utilizado por diversos sectores da sociedade de diferentes modos: sanguinária, sectária, comunista, esquerdista, marxista-leninista, anarquista, ecologista, feminista… afinal, quem foi verdadeiramente Rosa Luxemburg?
Encarnando o irmão Luc
Michael Lonsdale era, naquele final do dia, em Braga, o irmão Luc, assim dando corpo e espírito ao monge com o mesmo nome que foi assassinado na Argélia, em 1996. E é inesquecível a sua participação no filme Dos Homens e dos Deuses, que evoca a vida dos monges do mosteiro argelino de Tibhirine, sete dos quais (Bruno, Célestin, Christian, Cristophe, Michel, Paul, além de Luc) raptados e assassinados por um grupo de islamitas.
Encontraremos juntos outras perguntas (poema)
Não me digas o que é a felicidade / Faz-me feliz! / Não me digas a quem devo amar, ou o que é o amor /Ama-me!
Michael Lonsdale: “Gostaria de morrer tranquilamente. Em Deus sobretudo”
Um dos mais fascinantes actores franceses, Michael Lonsdale morreu na passada segunda-feira, 21. Uns lembrar-se-ão de ele ter sido o vice-cônsul de Lahore no filme India Song, de Marguerite Duras, outros não ignorarão o facto de ele se ter empenhado em fazer a vida negra a James Bond. Mas Michael Lonsdale participou em filmes de Truffaut, Malle, Buñuel, Spielberg e outros realizadores não menos relevantes.
Prémio Vilalva da Gulbenkian para o restauro e o céu da igreja de Santa Isabel
O Prémio Vilalva, da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG), foi atribuído na sua edição deste ano à Igreja de Santa Isabel, em Lisboa, pela “excelência do trabalho de conservação, restauro e enriquecimento” da mesma, anunciou a FCG.
Um Poema sobre Deus
Nestes últimos dias, ao ler o livro de José Luís Peixoto, O Caminho Imperfeito – que descreve a sua experiência de viagens à Tailândia e a Las Vegas (Quetzal, 2017) –, emerge subitamente, saído do nada e sem quaisquer comentários do autor o poema muito belo que abaixo transcrevo, o único poema do livro (p. 106).
Um desejo furioso de sacrifício
O primeiro mérito do último filme de André Téchiné O Adeus à Noite – que começa com a profusão e beleza de um imenso cerejal em flor rapidamente ensombrado por um eclipse – é o de nos obrigar a (re)pensar – a não deixar esquecer, apesar de aparentemente estar mais adormecido – o complicado problema que é a sedução exercida pelo jihadismo sobre muitos jovens, franceses nomeadamente.
Notre-Dame de Paris, de Victor Hugo: coração e renascimento
Ramalho Ortigão e Eça de Queirós estiveram em Notre-Dame, em Paris, no dia 10 de Agosto de 1883. O escritor encontra-se já na Alemanha quando recorda aquela que considera ser “a catedral do romantismo”. Notre-Dame, afirma Ramalho Ortigão, é, para ele e para os que, como ele, são “artistas latinos, latinos pela raça, latinos pela religião, latinos pela família literária”, “a igreja paroquial, a igreja da grande freguesia do espírito a que pertencemos”.
Pontifícia Academia para a Vida criticada por publicar fotomontagem da Pietá com Jesus negro
“Uma imagem vale mais do que mil palavras”, diz a legenda da fotomontagem que a Pontifícia Academia para a Vida publicou este sábado, 12 de setembro, na sua conta de Twitter. Nela, pode ver-se a escultura Pietá, de Miguel Ângelo, segurando um Jesus de cor negra, em vez do branco original. O tweet recebeu centenas de comentários positivos, mas gerou também fortes críticas, nomeadamente da parte de sites católicos norte-americanos conhecidos pelo seu conservadorismo.
Hoje nasceu-nos uma menina (poema)
Já não esperávamos filhos, nem futuro/ mas entre nós o puro amor ainda ardia/ e assim nasceu a fonte eterna, de um deserto de um sonho e de um beijo na porta áurea.
Uma obra que fazia falta
Dois anos após a sua publicação, a exortação Amoris laetitia permanece como um dos documentos mais significativos do magistério de Papa Francisco. A “redução” da mensagem da exortação à questão sobre o acesso de católicos divorciados à comunhão eucarística (ainda que uma questão profundamente vital) contribuiu de certo modo para a criação de um ambiente de polémica em torno ao documento, distraindo o público daquele que seria o seu contributo mais fundamental.
Desassossego, purificação, redenção: “O fim do mundo” vence Prémio Árvore da Vida no IndieLisboa
O filme O Fim do Mundo, realizado pelo luso-suíço Basil da Cunha, conquistou o Prémio Árvore da Vida, atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica, e venceu também a Competição Nacional, na 17ª edição do IndieLisboa – Festival Internacional de Cinema, que terminou sábado, 5 de Setembro.
Alegria e Misericórdia: as revoluções de Francisco
Inflexão na doutrina e mudança nas práticas pastorais são os dois temas mais polémicos associados à exortação apostólica Amoris Laetitia que o Papa Francisco publicou há quatro anos e meio. Mas os especialistas reunidos por Miguel Almeida, sj, no livro Alegria e Misericórdia – A teologia do Papa Francisco para as famílias mostram que as revoluções operadas por Francisco na exortação não se limitam àqueles dois aspetos. E estas são para a Igreja desafios tão grandes ou maiores do que aqueles.
O menino que não via o sol, mas que o tinha dentro de si
Mussa era o menino cego que não via o sol. Mas via o que não viam nenhum dos outros meninos e meninas da aldeia, nenhuma das mulheres grandes ou dos homens crescidos. O modo de Mussa ver era sentir. E foi a sentir, com uma luz que vinha do coração, que, um dia, Mussa salvou os outros meninos e meninas seus amigos. Mussa não via o sol, porque tinha o calor dentro dele.
A nuvem do não-saber: “Quanto mais o leres, melhor o compreenderás”
No Prólogo, o Autor anónimo desta obra enumera quem não deve ler o livro: “os bajuladores, os tagarelas carnais, os linguareiros, os detractores, os que espalham boatos, e toda a espécie de críticos e de curiosos”. Exceptuam-se “os activos (…) tocados pelo espírito de Deus”.
Do prazer da leitura como exercício espiritual – as comunidades de leitores como um outro modo de ser crente? (ensaio)
Por todo o lado se constituem comunidades de leitores de literatura universal, de pessoas que encontram nos livros o motivo para a hospitalidade da alteridade. Como é sabido, a prática da leitura comunitária e pública da Torah era fundamental para o judaísmo rabínico em torno do Talmude. A chamada lectio divina (meditação orante da Palavra), praticada primordialmente nos mosteiros, assume essa linha da tradição hebraica e amplia-a como modo de ser fundamental da experiência cristã do evento originário crístico.
Brincar com a claridade e a escuridão
“Creio que o filme evoca, subtilmente, que há algo que nos transcende enquanto seres humanos. Talvez seja o hálito divino. Na Galiza, a natureza é forte, está todos os dias a dizer-nos que somos pequenos.” Estas são palavras de Olivier Laxe, o realizador galego, acerca do seu filme “O Que Arde”. Estamos em Agosto, como quase sempre – e às vezes de maneira muito dramática – já com imagens de incêndios que matam pessoas, destroem casas e floresta, deixando nas vidas e na terra cicatrizes bem fundas e difíceis de apagar.
Inglaterra: Proibição de tocar shofar judaico levantada para líderes das comunidades
A proibição de soprar instrumentos de vento, tal como os shofar, em locais de culto em toda a Inglaterra – e que vigorava por causa da covid-19 –, foi levantada para os líderes das comunidades, mas não para os fiéis, segundo anunciou o Governo britânico.
“Cinco réis de gente”, um hino à Vida e à relação com a Natureza
Quando um escritor se inspira na infância – e se a esta não faltou afectividade – o mistério da vida que as crianças intuem profundamente, os instantes gravados na memória, sublimam-se e ficam para sempre. É disso que trata este “romancito”, expressão usada pelo autor na dedicatória.
Theodor W. Adorno contra o radicalismo
Um dos mais influentes pensadores do século XX, o alemão Theodor W. Adorno, que durante a II Guerra Mundial se tinha refugiado nos Estados Unidos da América para escapar ao nazismo, analisou numa palestra, que decorreu no dia 6 de Abril de 1967, na Universidade de Viena, os “aspectos do novo radicalismo de direita”. Publicada em Portugal no início deste ano pelas Edições 70, com tradução de Marian Toldy e Teresa Toldy, a intervenção, como recorda Volker Weiß no posfácio, reflecte sobre a ascensão, na República Federal da Alemanha, do Partido Nacional-Democrático da Alemanha (NPD), fundado em 1964.
A carne, a história e a vida: uma viagem fascinante
A tradição espiritual cristã, radicada na Boa-notícia gerada pelo Novo Testamento, permanece ainda um continente a explorar para muitos dos discípulos de Jesus. A expressão mística contém uma carga associada que não ajuda a visitar o seu espaço: associamo-la a uma elite privilegiada, a fenómenos extraordinários, a vidas desligadas dos ritmos e horários modernos.
Manuel Cargaleiro oferece painel de azulejos a paróquia de Lisboa
Foi como “escrever uma oração” ou fazer “o ramo mais bonito para Deus”. Assim definiu o pintor e ceramista Manuel Cargaleiro o seu mais recente trabalho: um painel de azulejos, que ofereceu à Paróquia de São Tomás de Aquino, em Lisboa. A cerimónia de inauguração e bênção decorreu esta segunda-feira e contou com a presença do autor, avança o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.
Documentário da BBC sobre sobreviventes do Holocausto vence um dos prémios BAFTA
Um documentário da BBC 2, sobre alguns dos últimos sobreviventes britânicos do Holocausto, ganhou um dos prémios de televisão da BAFTA (British Academy of Film and Television Arts, Academia Britânica das Artes de Filme e Telvisão).
Mais de 700 músicos britânicos unidos contra o racismo
De Rita Ora a Placebo, passando por James Blunt, Leona Lewis, Lewis Capaldi, ou Little Mix, a lista de músicos, bandas, compositores, produtores, agentes e editores que assinaram uma carta aberta contra o racismo e a discriminação conta com mais de 700 nomes. A missiva foi publicada este domingo pela revista Variety e surge na sequência dos protestos Black Lives Matter e de uma polémica recente envolvendo o rapper britânico Wiley, acusado de fazer publicações antissemitas nas suas redes sociais.
Sociedades Bíblicas em risco de fechar em 88 países, incluindo Portugal
A Sociedade Bíblica, organização cristã inter-confessional sem fins lucrativos que se dedica à edição e divulgação da Bíblia, arrisca-se a ter de encerrar a sua atividade em quase metade dos 200 países e territórios em que está presente. A Sociedade Bíblica Portuguesa é uma das 88 que está em vias de fechar. A crise provocada pela covid-19 levou a uma quebra de 64% na distribuição de Bíblias logo no mês de março, e obrigou ao cancelamento dos principais projetos previstos para este ano, revela o diretor executivo da Sociedade Bíblica de Portugal (SBP), Miguel Jerónimo.
Sopas do Espírito Santo dão a volta ao mundo em novos selos de correio
Um “teatro”, um bodo e uma coroa para a circulação de âmbito nacional; foliões, um “balho” e uma pomba para a Europa; e uma bênção do bodo, as sopas e uma rosquilha de massa sovada para o resto do mundo. O culto do Paráclito, ou seja, “aquele que ajuda, conforta, anima, protege, intercede” está desde a última quinta-feira, 30 de Julho, representado numa emissão filatélica dos Correios de Portugal, dedicada às festas do “Senhor Espírito Santo”, como é habitualmente designada nos Açores a terceira pessoa da Santíssima Trindade cristã.
Um tempo suspenso. Um espaço confinado
Ao falarmos de tempo e de espaço imediatamente nos lembramos dos muitos filósofos que escreveram sobre esta temática. De facto, dos pitagóricos aos nossos dias, o espaço, o tempo e as relações que entre si estabelecem, têm dado azo à produção de textos que se tornaram clássicos para todo o estudioso de filosofia. Com a presente pandemia a vivência do tempo e do espaço impôs-se-nos como objecto de reflexão.
Profecia aos cristãos (poema livremente inspirado nas palavras de Martin Niemöller)
Primeiro quiseram exterminar os cristãos da Arménia / Mas não nos importámos com isso / Nós não eramos arménios…
Da Amália à religião do Fado
Já se sabe que os cépticos acharão que a perspectiva religiosa do fado será um disparate, e os fanáticos da religião dirão o mesmo, mas por outras razões. Uns porque pretendem remeter a fé para o submundo da sociedade e outros porque temem a dessacralização da expressão do sagrado e se pensam proprietários privilegiados da fé cristã. Mas para o universo do fado nem uns nem outros contam lá muito.
Hagia Sophia, música de uma sublime respiração
“Lost Voices of Hagia Sophia” (“Vozes perdidas da Divina Sabedoria”) é um disco ideal para tempos em que nos confinamos a viver afectos e contactos de forma receosa, com uma proposta inédita: recriar digitalmente o som daquela que já foi basílica e mesquita (a partir de 1453), hoje (ainda) monumento património da humanidade e que uma decisão do actual presidente turco pretende voltar a tornar mesquita.
Ennio Morricone (1928-2020): As bandas sonoras das nossas vidas
Na hora da morte de Ennio Morricone, o grande consenso em torno da música deste compositor italiano tomou de assalto meios de comunicação, de títulos tradicionais às instantâneas redes sociais, com as referências cinéfilas a saltarem ao sabor de temas que viveram muito para além das imagens a que emprestaram uma melodia.
Filmar o desejo como quem pinta
Retrato da Rapariga em Chamas é um filme magnificamente feminino que coloca ao espectador – talvez ainda mais ao espectador crente – algumas questões que dão que pensar. Penso que não é um filme ideológico a fazer a apologia da homossexualidade feminina ou do aborto, mas um retrato sofrido, sobretudo das três protagonistas.
Ennio Morricone na liturgia católica em Portugal
Embora músico semi-profissional – pertencia então à Equipa Diocesana de Música do Porto, presidida pelo padre doutor Ferreira dos Santos – desconhecia por completo, em 1971, quem era Ennio Morricone: sabia apenas que era o autor de uma balada cantada por Joan Baez, que ele compusera para o filme Sacco e Vanzetti (1971). Não me lembro como me chegou às mãos um vinil com essa música. Também não tinha visto o filme e não sabia nada dos seus protagonistas que hoje sei tratar-se de dois anarquistas de origem italiana condenados à cadeira eléctrica nos Estados Unidos, em 1927, por alegadamente terem assassinado dois homens…
Um exercício lento e sólido de teologia bíblica
No deserto pleno de ruídos em que vivemos – de notícias e conferências, de estradas engarrafadas e redes sociais saturadas –, é possível ver surgirem vozes de pensamento, de sabedoria sobre o que nos rodeia e nos habita. As páginas deste livro constituem uma dessas vozes. Cabe-nos escutá-la.
Aquilino e Bartolomeu dos Mártires: o “pai dos pobres e mártir sem desejos”
Aquilino Ribeiro, escritor de prosa escorreita, pujante, honrou a dignidade da língua portuguesa à altura de outros antigos prosadores de grande qualidade. Irmanado com a Natureza beirã: aves, árvores, animais e homens. Espirituoso e de fina ironia, é bem o Mestre da nossa Língua. Em “Dom Frei Bertolameu” faz uma espécie de hagiografia do arcebispo de Braga, D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), canonizado pelo Papa Francisco a 6 de Julho de 2019.
Dalai Lama celebra 85 anos com lançamento de um disco
Quando fez 80 anos, ouviu milhares de pessoas cantarem-lhe os parabéns no festival de música rock de Glastonbury, durante o concerto da artista norte-americana Patti Smith. Cinco anos depois, o Dalai Lama assinalou esta segunda-feira, 6 de julho, o seu 85º aniversário com o lançamento do seu próprio álbum. O disco, que mistura a voz do líder espiritual tibetano entoando ensinamentos e meditações com música instrumental original ao estilo new age, chama-se Inner World e já está disponível nos serviços de streaming.
Ennio Morricone: O compositor que nos ensinou a “sonhar, emocionar e reflectir”
Na sequência de uma queda em casa, que lhe provocou a ruptura do fémur, o maestro e compositor italiano Ennio Morricone morreu esta segunda-feira em Roma, na unidade de saúde onde estava hospitalizado. Tinha 91 anos. O primeiro-ministro, Giuseppe Conte, evocou com “infinito reconhecimento” o “génio artístico” do compositor, que fez o público “sonhar, emocionar, refletir, escrevendo acordes memoráveis que permanecerão indeléveis na história da música e do cinema”.
Teologia bela, à escuta do Humano
Pensar a fé, a vivência e o exercício do espírito evangélico nos dias comuns, é a tarefa da teologia, mais do que enunciar e provar fórmulas doutrinárias. Tal exercício pede atenção, humildade e escuta dos rumores divinos na vida humana, no que de mais belo e também de mais dramático acontece na comunidade dos crentes e de toda a humanidade.
Arte, literatura e renovação cristã
Se falo de um renovador da arte a partir de uma perspetiva cristã, devo recordar o exemplo de Graham Greene (que o arquiteto João de Almeida bem conhecia e admirava). E dou o exemplo de Monsignor Quixote (1982, tradução portuguesa: Europa-América, 1984), o relato de uma viagem à Espanha pós-franquista, num tempo de diálogo com o comunismo e de renovação do catolicismo pós-conciliar.
Antes do princípio era o preto (um poema)
Antes do princípio era o preto / Antes do branco e de todas as cores / Antes da luz e da matéria existir / Antes de tudo.
Aos 101 números, “Le Monde des Religions” deixa de se editar em papel
“Nas nossas sociedades em que o religioso é constantemente tema de debate, em que a busca de sentido se torna cada dia mais premente, Le Monde des Religions propõe uma descodificação das religiões, espiritualidades e sabedorias da humanidade, numa abordagem laica e não confessional”. A constância e a premência referidos no início do texto agora em destaque no site da revista francesa poderiam indiciar um reforço do trabalho editorial, mas na realidade anunciam apenas o fim da publicação da revista em papel.
Morreu João de Almeida, renovador da arquitectura religiosa em Portugal
Em Maio de 2015, manifestava-se, em entrevista ao Expresso um homem “cem por cento contente com a vida”. O arquitecto e pintor João de Almeida, fundador do Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR) morreu na segunda-feira, em Lisboa, aos 92 anos. O seu funeral e cremação será esta quarta, 24 de Junho, às 17h, no cemitério do Alto de São João.
Aprender a falar com feijões
(Re)visto agora, a partir da janela do confinamento, este filme Uma Pastelaria em Tóquio ganha novos sabores, que é como quem diz, entranha-se em nós de uma maneira mais intensa.
Sedutora viagem no espaço e no tempo
O autor, arquitecto de formação universitária inicial – algo de relevante para entendermos esta obra fascinante – é sacerdote jesuíta, aspecto que, de imediato, identifica uma singularidade do olhar marcada pelos exercícios espirituais inacianos. Que lugar desempenhará, então, esse fragmento que interrompe o título – [Gráfico], onde uma outra convocação estética, de coabitação do textual e do visual se indicia?
Uma obra de sabedoria, para saborear
«Pelo excesso do amor, nos nutrimos d’Ele como pão, ungimo-nos d’Ele como perfume, somos envolvidos por Ele como água». A beleza poética das palavras que a polifónica tradição espiritual cristã nos oferece representa um dom, uma fonte por vezes escondida e inacessível ao comum leitor. A tradução para português de um clássico da Igreja Ortodoxa constitui por si um acontecer bem merecedor de registo.
Freiras francesas gravam sete mil horas de canto gregoriano
É provavelmente o maior projeto de gravação de música de sempre: as 42 irmãs beneditinas da Abadia de Notre-Dame de Fidélité de Jouques, em Aix-en-Provence, no sul de França, estão a registar todo o repertório de canto gregoriano existente. Serão três anos de gravações, que darão origem a cerca de sete mil horas de música, a qual ficará disponível para escuta numa plataforma online.
Tolentino Mendonça vence Prémio Europeu Helena Vaz da Silva 2020
O cardeal José Tolentino Mendonça venceu a edição deste ano do Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para a Divulgação do Património Cultural, por aquilo que o júri considerou o seu contributo excepcional na “divulgação da cultura e dos valores europeus”, anunciou no sábado, 13 de Junho, o Centro Nacional de Cultura (CNC), uma das entidades promotoras do galardão.
Exposição sobre Frei Agostinho da Cruz (re)abriu em Lisboa
A exposição Frei Agostinho da Cruz e a Espiritualidade Arrábida, patente no Museu do Oriente, em Lisboa, reabriu já, depois de ter sido encerrada poucos dias depois da sua inauguração, a 13 de Março, devido à pandemia.
Santo António é de todos
Tenham santa paciência, Santo António não é só de Lisboa, é de todos: foi aqui que nasceu e viveu a primeira parte da vida, e partiu para se tornar o mais popular dos santos populares, mas também é de Pádua, de Amstelveen, de Algés, de Sintra e até de São Pedro.
Eugénio de Andrade: a mística do corpo
Eugénio de Andrade, pseudónimo de José Fontinhas (Póvoa de Atalaia, Fundão, 19 de Janeiro de 1923 – Porto, 13 de Junho de 2005), um dos mais prestigiados e traduzidos poetas portugueses; nasceu numa família de camponeses, prosseguiu os seus estudos em Castelo Branco, Lisboa e Coimbra. Integrado na Inspecção de Serviços Médico-Sociais, viveu os últimos 50 anos da sua vida no Porto. Morreu faz agora 15 anos.
Deus, as joaninhas, o cão lunático ou a morte do filho. Nick Cave já escreveu 100 cartas aos fãs
É a centésima carta – e o próprio Nick Cave assinala o facto e agradece aos leitores, aos que leem e perguntam, que lhe dirigem todo o tipo de questões desde setembro de 2018. Das mais desconcertantes ou bizarras, íntimas e poéticas, às mais banais e quotidianas. É, pois, a carta n.º 100, divulgada sexta-feira, 5 de junho de 2020, na era da pandemia.
Arranca fase decisiva e “muito delicada” das obras da catedral de Notre-Dame
Começou esta segunda-feira a operação de desmontagem do andaime da torre da Catedral de Notre-Dame, em Paris. Deformada pelo incêndio de 15 de abril de 2019, a estrutura é composta por 40 mil peças e levará 3 meses a ser desmontada, numa operação delicada que pode colocar em risco a estabilidade da abóbada.
Graças a Deus pela criatividade: o Papa pede esmola à saída do metro, em Milão
AleXsandro Palombo, artista italiano, inspirou-se no próprio Papa para algumas das suas últimas obras. Nas ruas de Milão, uma das cidades mais afetadas pela pandemia de covid-19, Palombo fez várias pinturas murais em que retratou Francisco como um mendigo a pedir esmola na rua. E não só: Maria de Nazaré, com o Menino Jesus ao colo, foi também representada como um dos novos pobres de Milão.
Verdade e Vida, em Fátima: polo da renovação teológica em Portugal fecha ao fim de 57 anos
É uma espécie de pequena arca de vários tesouros: ali se encontravam livros de teologia que não se encontravam em mais lado nenhum, em Portugal. Foco da renovação do pensamento do catolicismo português, durante anos quase o único lugar, a Verdade e Vida, em Fátima, fechará as portas dentro de poucas semanas.
Peste Malina
Não, não é O Ano da Morte de Ricardo Reis, mas é o ano d’A Peste. As Ondas de pequenos monstros transformaram a terra num Vasto Mar de Sargaços. Qualquer Coisa Como um Lugar de Massacre. Nada vai voltar a ser como O Mundo em que Vivi. Sim, Os Dias Tranquilos acabaram, Os Anjos desfizeram As Estrelas Propícias (se é que, na verdade, alguma vez existiram). Agora, a vida está Em Frente da Porta, do Lado de Fora e toda a gente está confinada aos Pequenos Delírios Domésticos.
Credo
O Deus em que acredito não é pertença de ninguém, não tem registo, é sem patente. É polifónico, é um entrecruzar de escolhas e de acasos, de verdades lidas nos sinais dos tempos, de vida feita de pedaços partilhados e também de sonhos.
Diálogos com Paulo Freire
Trata-se de dois livros inspirados na filosofia de Pauloreire, a quem de há largos anos chamo meu “Mestre”: o primeiro, de Christopher Damien Auretta, Diz-me TU quem EU sou: Diálogo com Paulo Freire. O segundo, do mesmo autor com João Rodrigo Simões: Autobiografia de uma Sala de Aula: Entre Ítaca e Babel com Paulo Freire (Epistolografia).
“Travessia com Primavera”, um exercício criativo diário
O desafio partiu da Casa Velha, associação de Ourém que liga ecologia e espiritualidade: um exercício artístico e criativo diário, a partir da Bíblia. Sandra Bartolomeu, irmã das Servas de Nossa Senhora de Fátima, apaixonada pela pintura, aceitou: “Algo do género, entre a oração e o desenho – rezar desenhando, desenhar rezando ou fazer do desenho fruto maduro da oração – já emergia em mim como um apelo de Deus, convite a fazer do exercício do desenho e da criação plástica meio para contemplar Deus e dar concretude à sua Palavra em mim”, diz a irmã Sandra. O 7MARGENS publica dez aguarelas resultantes desse exercício.
A poesia é a verdade justa
“A coisa mais antiga de que me lembro é dum quarto em frente do mar dentro do qual estava, poisada em cima duma mesa, uma maçã enorme e vermelha”, escreve Sophia de Mello Breyner na sua Arte Poética III. Foi destas palavras que me lembrei ao ver o filme Poesia do sul coreano Lee Chang-dong, de 2010
Urbano Duarte: padre, professor e jornalista, 40 anos de uma marca perene
Completam-se neste domingo, 17 de Maio, 40 anos sobre a morte do cónego Urbano Duarte, padre, professor e jornalista, que marcou gerações e se envolveu em polémicas mediáticas. A efeméride será recordada durante a missa celebrada no Seminário Maior de Coimbra, a partir das 11h00.
Os espectros são sobretudo os longínquos outros
As vidas precárias “são vidas em relação às quais não faz sentido o luto porque já estavam perdidas para sempre ou porque, melhor ainda, nunca ‘chegaram a ser’, e devem ser eliminadas a partir do momento em que parecem viver obstinadamente nesse estado moribundo. A este estado moribundo das vidas humanas Butler chama desrealização porque transforma o humano em espectro.”
Hinos e canções ortodoxas e balcânicas para a “Theotokos”
Este duplo disco, Hymns and Songs to the Mother of God reúne, como indicado no título, hinos bizantinos (o primeiro) e canções tradicionais (o segundo), dedicados à Mãe de Deus. O projecto levou três anos a concretizar, entre a recolha, estudo e gravação, como conta a própria Nektaria Karantzi na apresentação.
O perdão, a maior alegria de Deus
Há experiências cuja reflexão sobre elas exige humildade e coragem: experiências que marcam a nossa história e o nosso quotidiano, e das quais qualquer pensamento pode pecar pela superficialidade ou pelo idealismo. O perdão é uma dessas experiências. É por isso um ato de coragem a proposta – tão breve como significativa! 112 páginas em formato de bolso – do monge italiano Enzo Bianchi.
Investigadores da Faculdade de Teologia propõem “palavras para este tempo”
“Esta epidemia que parece tão horrível e funesta põe à prova a justiça de cada um e experimenta o espírito dos homens, verificando se os sãos servem os enfermos, se os parentes se amam verdadeira e sinceramente, se os patrões têm piedade dos servos enfermos, se os médicos não abandonam os doentes que imploram auxílio.”
O inimaginável amanhã
“(…) A escrita favoreceu o aparecimento de poderosas entidades ficcionais que organizaram as vidas de milhões de pessoas e deram novas formas à realidade de rios, pântanos e crocodilos. Ao mesmo tempo a escrita fez com que fosse mais fácil para os homens acreditarem na existência de tais entidades ficcionais, porque acostumou as pessoas a experimentarem a realidade através da mediação de símbolos abstratos.” Diz isto Yuval Noah Harari, em Homo Deus, História Breve do Amanhã.
Luis Sepúlveda (1949-2020): viajar para contar
“Eu estive aqui e ninguém contará a minha história”. A frase com que Luis Sepúlveda se confrontou no campo de concentração de Bergen Belsen marcou-o. Deparou-se com ela numa extremidade do campo e muito próximo do lugar onde se erguiam os infames fornos crematórios. Na superfície áspera de uma pedra, viu que “alguém (quem?) gravou, talvez com o auxílio de uma faca ou de um prego” esse que considerou como “o mais dramático dos apelos”.
Iconografia cristã primitiva, nascida no confinamento
A edição em português de Os Primeiros Cristãos – as histórias, os monumentos, as figuras, da autoria do historiador italiano Fabrizio Bisconti, constitui um acontecimento muito significativo. Magnificamente apetrechada de imagens ilustrativas, a obra conduz o leitor na descoberta da arte cristã primitiva, presente em catacumbas, monumentos e vestígios arqueológicos.
Fr. Agostinho da Cruz, professor da liberdade (e o seu último poema, quase “inédito”)
Da leitura dos poemas de Frei Agostinho da Cruz, nascido no dia 3 de Maio de 1540 (faz 480 anos), na vila de Ponte da Barca, nunca saímos de mãos vazias. Ao lê-lo, esquecemos que a sua linguagem tem mais de quatrocentos anos. Trata-se de um poeta cuja actualidade se torna patente a cada hora de convívio. Não se limitou a revestir de beleza artificial os lugares comuns do seu tempo. Confrontamo-nos com um ser que se expôs em cada linha, na sua biografia tumultuosa, cheia de “guerras” e de desilusões.
Diários de quarentena (45): “Da Pacem Domine”, de Alfredo Teixeira
Porque há sofrimento e dor, inquietação e angústia, pedimos que cessem e que possamos viver em tranquilidade e segurança.
Diários de quarentena (40): Uma pequena deceção
Tomei o Tomo 2 do Volume IV (Os Livros Sapienciais) da Bíblia traduzida por Frederico Lourenço (FL) com elevada expetativa sobre os salmos reescritos por ele. Apesar de se estar a rir para mim desde o último Natal, ainda não lhe tinha pegado. Pensei que este tempo de recolhimento lhe seria propício.
Diários de quarentena (39): “A Verdadeira Liberdade”, de Álvaro de Campos, dito pelo TUT
A liberdade, sim, a liberdade!
A verdadeira liberdade!
Pensar sem desejos nem convicções.
25 de Abril sempre! Mesmo (e sobretudo) em tempo de pandemia
Não fizemos um estudo científico, mas não estaríamos a mentir se disséssemos que nunca como este ano nos chegaram à redação tantas informações de iniciativas para celebrar o Dia da Liberdade. Dos municípios aos museus, passando por ONGs, companhias de teatro e IPSS – sem esquecer a Assembleia da República, cuja sessão terá provavelmente uma excelente audiência depois de toda a polémica que a envolveu, a lista é quase interminável. E original. Em tempo de pandemia, 46 anos depois da revolução, este será um 25 de abril em grande parte virtual, mas com uma vontade bem real de celebrarmos e estarmos juntos.
Diários de quarentena (35): Por quem os sinos dobram (e a foto de quando podíamos estar juntos)
Muitos europeus, quando tomaram consciência da pandemia do covid-19 e se preparavam para a quarentena, correram a comprar A Peste, de Albert Camus, e Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago. Os dois romances subiram nos tops de alguns países. Perante uma crise que atrai o adjetivo “inimaginável”, talvez algumas pessoas busquem na ficção, além de um refúgio, uma forma de, recorrendo à imaginação de outros, se prepararem para situações imprevisíveis.
Diários de quarentena (33): Registar o tempo que passa
Dizem os historiadores que a Guerra da Secessão (1861-64) é a primeira sobre a qual se sabe muito, se pode investigar e conhecer imenso. Porquê? Porque, ao contrário do que se passara em anteriores conflitos, nela muitos soldados e baixas patentes sabiam escrever. E escreveram. Diários, cartas e outros textos. Sobretudo cartas. Durante a guerra e nos anos posteriores. Um enorme registo de emoções, razões, expetativas, interpretações, sofrimentos e alegrias.
Padres cantores brasileiros encantam mais de um milhão nas redes sociais
O que fazem durante a quarentena 40 padres que habitualmente usam a música no seu trabalho de evangelização? Escolhem um tema, cantam-no, cada um na sua casa, e reúnem tudo num videoclipe, que apesar de amador, atingiu um milhão de visualizações e mais de mil comentários em apenas 24 horas.
Diários de quarentena (32): O que fazemos para ultrapassar esta quarentena? (e um poema de Miguel Torga)
Joana Damasceno, Ana Carapina e Lara Martins, alunas de Educação Moral e Religiosa Católica do Agrupamento de Escolas José Estêvão (Aveiro): O que é a nossa quarentena. “Neste vídeo mostramos o que temos feito para ocupar a nossa quarentena. Pode também servir como ideias de atividades para outras pessoas, há muita coisa que se pode fazer! Em fundo, Joana Damasceno canta Andrà Tutto Bene (Tudo ficará bem), de Cristóvam.
O desejo de ir além dos confins
A cidade dos desejos ardentes é fruto das meditações orientadas pelo monge italiano Bernardo Gianni no retiro de 2019 da Cúria Romana, no qual participou o Papa Francisco. Este acontecimento é o cenário que permite agora, ao público português, aceder a uma proposta de aprofundamento espiritual densa de sentido e de beleza.
Diários de quarentena (29): Dos telemóveis e da salvação; e uma peça de Liszt com Khatia Buniatishvili ao piano
Ainda alguém se lembra da canção dos “telemóveis”? Aquela que rezava assim: “eu parti o telemóvel/ a tentar ligar para o céu/ pa’ saber se eu mato a saudade/ ou quem morre sou eu”? Lembram-se?
Diários de quarentena (27): Humor pascal e Jesus Christ Superstar
Com esta pandemia, até Jesus tem de encontrar novas formas de aparecer diante dos seus discípulos. Este ano, todos estão sozinhos em quarentena e ninguém foi ao túmulo, os discípulos não puderam estar juntos, Tomé teve de manter distanciamento social e não pôde tocar nas suas feridas.
Atribuído a Eduardo Lourenço o prémio Padre Manuel Antunes
Falar de Eduardo Lourenço é invocar o grande intérprete de Portugal. O Prémio Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes que lhe foi atribuído este ano é o reconhecimento de um percurso de vida de quem tem refletido profundamente sobre a cultura com uma especial inquietação espiritual.
Krzysztof Penderecki (1933-2020) – a memória religiosa no coração da música contemporânea
Esta Páscoa está a ser marcada pela “passagem” de muitos. Os anónimos e outros, cujo legado singular celebramos. O compositor polaco Krzysztof Penderecki (1933-2020) morreu num domingo, no passado 29 março, na cidade polaca de Carcóvia, com a idade de 86, depois de doença prolongada.
A ressurreição do Cordeiro Místico
A Semana Santa poderia muito bem ter oferecido a ocasião adequada para observar demoradamente uma das obras mais singulares da História da Arte: A Adoração do Cordeiro Místico ou Retábulo de Gent.
Diários de quarentena (24): “In manus tuas” – um violino e um cântico
“É uma das muitas músicas de Taizé, que nos acompanha durante aquela que é, para todos os que lá vão, uma das melhores experiências durante o nosso ano e que nos faz entrar em diálogo connosco próprios e com Deus.”
“Ágora”: Inquietação de Deus, poesia que emerge da arte
Ágora, o novo livro de poemas de Ana Luísa Amaral, é uma combinação da bela poesia que lhe conhecemos com imagens de obras de arte. Melhor diria, são poemas que emergem da contemplação de obras de arte.
Diários de quarentena (23): Fonte de Vida e A Última Ceia
Trouxe as palavras e colocou-as sobre a mesa./ Trouxe-as dentro das mãos fechadas (alguns disseram/ que apenas escondia as feridas do silêncio).
Diários de quarentena (22): Um cartaz em Sintra e um poema de Drummond
Obrigado como todos nós a ficar em casa, Luís mandou estendeu uma bandeirola na varanda do seu apartamento, em Sintra: “Separados mas juntos!” Quem passa pela pequena praceta onde ele mora, sorri ao abraço. Não sabe é que o autor do bom grito, um jovem técnico de iluminação, 28 anos, desempregado, mandou o seu recado ao mundo quando também perdia a namorada
Egito Gonçalves, poeta desaparecido, mas presente
Falo de Egito Gonçalves, que faz 100 anos neste 8 de Abril de 2020 (Matosinhos, 1920 – Porto, 2001). Editor, tradutor, poeta com vasta obra publicada e traduzida em francês, inglês, castelhano, catalão, búlgaro, polaco, turco.
Diários de quarentena (21): “Modinha”, uma suite ao piano; uma lua sagrada; e uma Semana Santa ressurrecional
Esta é uma das variadas formas que tenho arranjado para tentar ocupar da melhor forma o meu novo dia-a-dia. Acredito que podemos aproveitar este aparentemente interminável tempo para nos dedicarmos àquilo que nos desculpamos de falta de oportunidades para fazer noutras ocasiões.
Tagore: Em busca de Deus
Rabindranath Tagore (1861-1941), Nobel de Literatura em 1913, é um grande poeta universal. Indiano, de família principesca, estudou Direito e Literatura, em Inglaterra, em 1877, não chegando a acabar o curso devido à secura do ensino superior ministrado. Tal como o seu amigo Gandhi, que sabia de cor e recitava todos os dias as Bem-aventuranças, foi atraído pelo cristianismo e
A verdade não é tudo, mas é um bom princípio
O affaire Dreyfus, que abalou a França no final do século XIX, foi um momento provavelmente decisivo, por ser um marco – alguns dizem que um farol – do empenhamento público e político dos intelectuais.
Eduardo Lourenço, “o mais reputado pensador português da actualidade”, é Prémio Árvore da Vida, da Igreja Católica
O ensaísta Eduardo Lourenço foi distinguido com o Prémio Árvore da Vida-Padre Manuel Antunes 2020, atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica, para destacar um percurso ou obra que, além de atingirem elevado nível de conhecimento ou criatividade estética, reflectem o humanismo e a experiência cristã.
Editora francesa oferece “panfletos” sobre a crise
Sendo certo que as doações essenciais neste período de pandemia dizem respeito a tudo o que nos pode tratar da saúde física, não há razão para negligenciar outras dádivas. É o caso de uma das mais famosas editoras francesas, a Gallimard, que diariamente oferece textos que pretendem ser uma terceira via entre a solenidade da escrita de um livro e o anódino da informação de um ecrã.
Diários de quarentena (16): Labirinto sem saída
Por estes dias em que se começam a ouvir algumas queixas por este confinamento a que estamos sujeitos, tenho pensado no que será estar preso “a sério”.
O testamento espiritual de Mardones: para uma verdadeira imagem de Deus
Este livro póstumo do padre católico José Maria Mardones, investigador do Instituto de Filosofia de Madrid e doutor em Sociologia e Teologia, foi concluído dois dias antes da sua morte e é considerado, por muitos, o seu testamento espiritual.
Diários de quarentena (13): Um “Va, pensiero” através da música, gravado em casa de cada um dos membros do coro
A música começa com os violinos e a flauta e só depois se junta a orquestra e, finalmente, todo o coro: Va, pensiero sull’ali dorate… “Vai, pensamento, nas asas douradas. Vai, pousa nas falésias, nas colinas… Do Jordão saúda a costa, de Sião…”
Nick Cave e o espanto de Maria Madalena defronte do túmulo
É um assombro que espanta Nick Cave, aquele em que Maria Madalena e Maria permanecem junto à sepultura. Para o músico australiano, este é provavelmente o seu momento preferido da Bíblia. Jesus tinha sido retirado da cruz, o seu corpo depositado num túmulo novo, mandado talhar na rocha, e uma pesada pedra rolou para fazer a porta da sepultura. Os doze discípulos fugiram, só Maria Madalena e “a outra Maria” ali ficaram diante do túmulo.
Apesar de tudo, a liberdade
Sinto a doença à minha volta e à volta dos meus. E, nesta reclusão involuntária, lembro-me de Trujillo e de suas altas torres. Não de todas, mas de uma que, na sua delgada altivez, se assumiu como mirante.
Diários de quarentena (11): Quando vier a Primavera, poema de Alberto Caeiro
Quando vier a Primavera – um poema de Alberto Caeiro, escolhido por J. Lopes Morgado
Júlio Martín, actor e encenador: O Teatro permite “calçar os sapatos do outro”
O actor e encenador Júlio Martín diz que o teatro permite fazer a experiência de “calçar os sapatos do outro”, mantém uma conversa em aberto e, tal como a religião, “faz religar e reler”. E permite ainda fazer a “experiência de calçar os sapatos do outro, como os americanos dizem; sair de mim e estar no lugar do outro, na vida do outro, como ele pensa ou sente”, afirma, em entrevista à agência Ecclesia.
Diários de quarentena (9): Corvida 20 e um vírus discriminatório
De repente o dia acordou sem cor / O olhar fechou-se entre o chão e o tecto / O som da rua é o da gota de água da torneira da cozinha / E a Terra encolheu-se num simples quadro…
Diários de quarentena (8): Viver confinado – (Part)Ida, poema de Daniel Faria e música de Alfredo Teixeira
Viver confinado é, também, uma experiência simbólica. Os primeiros cientistas socias, que estudaram o fenómeno urbano moderno, explicaram como nós, os humanos, usamos estratégias de distanciamento psíquico quando nos falta espaço.
Música, acompanhamento espiritual, reflexões e propostas de oração dos jesuítas para a quarentena
Mais de duas dezenas de pessoas foram já atendidas nos primeiros dias de funcionamento da iniciativa “Converse com um jesuíta”, lançada na semana passada pelos padres da Companhia de Jesus, em Portugal, a par de outras ideias e sugestões que tentam ir ao encontro de quem quer sentir-se acompanhado, rezar, ser ouvido por telefone ou internet…
Terras sem Sombra em Arraiolos: música e património celebram arte, ciência e mulheres
O Festival Terras Sem Sombra faz neste fim-de-semana escala em Arraiolos, com a flautista checa Monika Streitová e a pianista portuguesa Ana Telles a interpretarem obras de mulheres compositoras, da Idade Média à actualidade.
Reclusos integram quadros do Presépio Vivo de Priscos
O envolvimento de reclusos detidos no Estabelecimento Prisional de Braga é uma das marcas que, à semelhança das edições anteriores, está de novo presente na 14ª edição do “Presépio Vivo”, de Priscos (concelho e diocese de Braga), inaugurada neste domingo, 14 de Dezembro.
Sophia lida pelos mais novos (6) – A Floresta
Uma floresta onde se esconde um tesouro – e o que fazer com ele? Um convento de frades e um bando de bandidos, uma menina que acredita em anões e um anão que guarda a floresta há 200 anos. E ainda um músico que só precisa de 20 moedas e um cientista olhado como louco. Ingredientes de “A Floresta”, um dos contos infantis de Sophia de Mello Breyner, hoje aqui relido em textos e ilustrações de alunos do 4º ano, turma C, da Escola Básica Bom Pastor (Porto) – e ainda numa placa de pasta de modelar dos alunos do 6º ano do Externato da Luz (Lisboa).
Sophia lida pelos mais novos (5) – A Árvore
Uma árvore de que as pessoas gostam, que se transforma em sombra demasiada, que é cortada e partilhada, que se transforma em memória e cantiga, num barco grande ou em cerejeiras… A Árvore, um dos contos infantis de Sophia de Mello Breyner, é hoje aqui recontada com textos e ilustrações de alunos do 4º ano, turma C, da Escola Básica Bom Pastor (Porto).
Zambujo, Sardet e Travassos em concerto solidário apoiam estudantes de Coimbra com dificuldades
António Zambujo, André Sardet e Luís Travassos (e ainda Ricardo J. Dias, André Dias e Ni Ferreirinha) juntam-se nesta terça-feira, 19 de Novembro, em Coimbra, num concerto solidário em Coimbra, destinado a recolher fundos para apoio de estudantes universitários com dificuldades.
“No tempo dividido” – Mistagogia da temporalidade na poesia de Sophia
Sophia chegou cedo. Tinha dez ou onze anos quando li O Cavaleiro da Dinamarca, cuja primeira edição data de 1964. É difícil explicar o que nos ensina cada livro que lemos. Se fechar os olhos, passados mais de 30 anos, recordo ainda que ali aprendi a condição de pe-regrino, uma qualquer deriva que não só nos conduz de Jerusalém a Veneza, como – mais profundamente – nos possibilita uma iniciação ao testemunho mudo das pedras de uma e às águas trémulas dos canais da outra, onde se refletem as leves colunas dos palácios cor-de-rosa.
Clara Bingemer, teóloga da mística de olhos abertos, no simpósio dos 50 anos da Faculdade de Teologia
Apresentando-se como carioca, mãe de três filhos e avó de quatro netos, Bingemer é professora de Teologia Fundamental na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Nesta quarta-feira, Mara Clara Bingemer estará no Porto, no centro regional da Universidade Católica, para falar sobre “Tendências teológicas na América Latina”. Bingemer será um dos nomes que intervém no simpósio sobre “Teologia e Espaço Público”, que se inicia nesta terça-feira, 5 de Novembro, às 11h.
Uma metáfora da condição humana na obra de um escultor iemenita, para ver em Bragança
Uma verdadeira metáfora da condição e da comunicação humanas é como se apresenta a obra do escultor Zadok Ben-David (Iémen, 1949), em exposição no Centro de Arte Contemporânea Graça Morais (Bragança) até ao dia 10 de Novembro (depois de prolongada a data inicialmente prevista para o fecho).
Nobel para Olga Tokarczuk, uma “mística na busca perpétua da verdade”
Uma das suas amigas, Kinga Dunin, explica sobre a vencedora do Nobel da Literatura, Olga Tokarczuk: “É uma mística na busca perpétua da verdade, verdade que só pode ser alcançada em movimento, transgredindo as fronteiras. Todas as formas, instituições e idiomas concertados são a morte.”
A beleza num livro de aforismos de Tolentino Mendonça
Um novo livro do novo cardeal português foi ontem posto à venda. Uma Beleza Que nos Pertence é uma colecção de aforismos e citações, retirados dos seus outros livros de ensaio e crónicas, “acerca do sentido da vida, a beleza das coisas, a presença de Deus, as dúvidas e as incertezas espirituais dos nossos dias”, segundo a nota de imprensa da editora Quetzal.
O quarto de brinquedos que é espelho do mundo
Toy Story/4 é uma metáfora da Humanidade que vale a pena ver devagar. Foram vários os críticos que não tiveram pudor em enunciar todas as lições de vida que tinham aprendido com este(s) filme(s).
Salgado e doce na criação musical e litúrgica do LabOratório
Mal se chega, ouve-se um canto. Nesta manhã fresca, depois de atravessar o corredor, o som leva-nos à igreja do Convento de São Domingos, em Lisboa. O canto, na sonoridade das vozes, traz-nos uma construção melódica, transporta-nos para algo novo, sem deixar de ser familiar. Estão cerca de vinte pessoas na igreja: professores, organizadores e participantes no LabOratório rezam a oração de laudes, ou oração de manhã.
Arte e arquitectura religiosa com semana cheia em Lisboa
Visitas à arte e arquitecura de igrejas e conventos e um curso livre sobre Arte Moderna e Arte da Igreja são várias iniciativas previstas para os próximos oito dias em Lisboa. O curso decorrerá na Capela do Rato (Lisboa), entre segunda e sexta da próxima semana (dias 23 a 27) e na Igreja de Moscavide (sábado, 28) e pretende evoca o livro publicado há 60 anos pelo padre Manuel Mendes Atanásio, mas também os 50 anos do fim do MRAR.
O jazz e a música electrónica a entrar na liturgia
LabOratório propõe-se criar música para ambientes litúrgicos; orações, conferências e concertos são de entrada livre. Entre 1 e 8 de Setembro, em Lisboa.
Reportagem: Iucatão e Chichén Itzá, entre o mar de turquesa e os “cenotes” quase ocultos
O xamán está a pedir a protecção dos que vão visitar o recinto de Chichén Itzá. Enquanto toco na nuca com um pouco de água, questiono-me quanto daquilo não é folclore para turista e apostaria que quase toda a gente que participou no ritual (?) terá feito a mesma pergunta.
O que há neste lugar? – Guia de exploração, livro de espiritualidade
Poderá um guia de exploração da paisagem, para crianças e jovens, ser um livro de espiritualidade?
Penso que sim, e não apenas para crianças.
Filhos de pescadores trazem a excelência da música filipina ao Alentejo
O concerto deste sábado, 29 de Junho, do festival Terras Sem Sombra (TSS) será uma forma de tentar captar a atenção das crianças e jovens para a música erudita, para tentar contrariar o “evidente envelhecimento do público da música erudita”.
Uma exposição missionária itinerante, porque “parar é retroceder”
Um altar budista do Tibete; uma barquinha em chifres, de Angola; um calendário eterno dos aztecas; crucifixos de África ou da Índia; uma cuia da Amazónia; uma mamã africana e uma Sagrada Família, de Moçambique; uma placa com um excerto do Alcorão; e um nilavilakku , candelabro de mesa indiano – estas são algumas das peças que podem ser vistas até sábado, 19 de Junho, na Igreja de São Domingos, em Lisboa (junto ao Rossio).
Dois portugueses deram música ao Papa
Dois músicos portugueses, o maestro António Victorino d’Almeida e o compositor Luís Zagalo, ofereceram ao Papa os seus mais recentes trabalhos: o maestro António Victorino d’Almeida ofereceu a partitura original das Missa de Santo António e Missa de São Francisco de Assis, compostas especialmente para Francisco; e Luís Zagalo o seu último disco Encontro(s), com dez canções originais dedicadas a Santa Teresa de Jesus.
António, um rapaz de Lisboa. Roteiro para uma peregrinação popular
A igreja onde vão celebrar de propósito ou a capela a que ninguém liga. Um painel numa estação ou uma escultura num hospital, a capital guarda locais improváveis de memória do rapaz de Lisboa.
Frei Agostinho da Cruz, um poeta da liberdade em tempos de Inquisição
“Poeta da liberdade”, que “obriga a pensar o que somos”, viveu em tempos de Inquisição, quando as pessoas com uma visão demasiado autónoma “não eram muito bem vistas”. Uma Antologia Poética de frei Agostinho da Cruz, que morreu há 400 anos, será apresentada esta sexta, 14 de Junho, numa sessão em que Teresa Salgueiro interpretará músicas com poemas do frade arrábido.