
Com um repertório variado, que vai deste a música clássica até temas da cantora pop Anitta, passando por êxitos de bandas como os Beatles ou Guns’n’Roses, o grupo irá apresentar-se em Cascais, Porto e Arouca. Foto © Orquestra Maré do Amanhã.
A orquestra Maré do Amanhã vem do outro lado do atlântico para atuar pela primeira vez em Portugal, mas é aqui que, desde sempre, tem as suas raízes fundadas. O seu diretor, Carlos Eduardo Prazeres, é filho do maestro português Armando Prazeres, sequestrado e assassinado na favela da Maré (Rio de Janeiro), em 1999. Onze anos depois, Carlos decidiu levar às crianças daquele local instrumentos musicais em vez de armas e criou a orquestra social que se apresentará em breve em várias cidades do nosso país, no âmbito da Jornada Mundial da Juventude.
O projeto, que começou com apenas 26 alunos, já alcançou mais de 3.500 crianças e jovens naquela que é considerada uma das favelas mais violentas do Rio de Janeiro. Com um repertório variado, que vai deste a música clássica até temas da cantora pop Anitta, passando por êxitos de bandas como os Beatles ou Guns’n’Roses, o grupo irá apresentar-se em Cascais, Porto e Arouca (local onde nasceu o maestro Armando Prazeres), entre os dias 28 de julho e 5 de agosto. Estão previstos concertos fechados e também flashmobs em pontos turísticos das várias cidades.
Presente nos diversos estabelecimentos de ensino do complexo de favelas, desde a creche ao secundário, o projeto identifica as crianças com talento e gosto pela música, que são convidadas a integrar o braço profissionalizante da iniciativa: a Camerata Jovem Maré do Amanhã, refere um comunicado enviado ao 7MARGENS. “Os alunos recebem um auxílio financeiro no valor de um salário mínimo (equivalente a aproximadamente 240 euros na cotação atual), bolsas de estudo em escolas privadas, aulas particulares dos seus instrumentos e atendimento psicossocial. Além disso, são capacitados como professores e transmitem aos pequenos das orquestras mirins, multiplicando o exemplo que receberam”, acrescenta a nota de imprensa.

A vinda a Portugal para participar na JMJ junta-se às inúmeras conquistas alcançadas pela Orquestra Maré do Amanhã, eleita este ano Património Cultural Imaterial do Rio de Janeiro. Em 2018, foram protagonistas do documentário “Contramaré”, do realizador Daniel Marenco, e no ano anterior tinham estado no Vaticano, a atuar para o Papa. Já desfilaram no Sambódromo com a bateria da Escola de Samba Beija-Flor e participaram no Rock in Rio, tocando clássicos do rock nacional e internacional.
Em Portugal, irão atuar 23 jovens integrantes da orquestra, com idades entre os 15 e os 23 anos, e em vista está uma possível implementação do projeto no nosso país.