
O Papa Francisco com o presidente mongol dentro de um iurt cerimonial. Foto © Vatican Media
De visita à Mongólia, o Papa Francisco apelou à construção da paz, saudando o exemplo desta nação asiática, que visita pela primeira vez. “Oxalá passem as nuvens escuras da guerra, sejam varridas pela firme vontade duma fraternidade universal, na qual as tensões se resolvam com base no encontro e no diálogo, e a todos sejam garantidos os direitos fundamentais! Aqui, no vosso país rico de história e de céu, imploremos este dom do Alto e trabalhemos juntos para construir um futuro de paz”, referiu Francisco, no discurso inaugural da sua viagem, iniciada na tarde da última quinta-feira, em Roma.
O primeiro pontífice a visitar a Mongólia destacou o compromisso dos responsáveis políticos do país, pelos direitos humanos e pela paz, que “desempenha um papel significativo no coração do grande continente asiático e no cenário internacional”. “A Mongólia não é só uma nação democrática que realiza uma política externa pacífica, mas pretende também desempenhar um papel importante em prol da paz mundial”, acrescentou, num encontro com responsáveis políticos e representantes da sociedade civil.
Francisco elogiou ainda a opção de construir um país “sem armas nucleares” e sem pena de morte.
A cerimónia de boas-vindas decorreu na praça Sukhbaatar – o herói nacional que declarou a independência da Mongólia em 1921 -, seguida de uma visita de cortesia ao presidente da República no Palácio de Estado, num iurt cerimonial.
A 43ª viagem apostólica internacional do pontificado tem como lema “Esperar juntos”.
O Papa sublinhou a vontade de que a comunidade católica, 0,04% da população mongol, contribuir para a “a cultura da solidariedade, do respeito por todos e do diálogo inter-religioso, trabalhando pela justiça, a paz e a harmonia social”.
Antes de deixar o palácio presidencial, Francisco deixou uma mensagem no livro de honra: “Peregrino da paz, neste país jovem e antigo, moderno e rico de tradição, tenho a honra de percorrer as vias do encontro e da amizade que geram esperança. Que o grande céu claro que abraça a terra mongol ilumine novos caminhos de fraternidade”.
Uma tarde com a minoria católica

De tarde, o Papa esteve com a minoria católica na Mongólia, país que recebe a primeira visita de um pontífice, apelando à coragem para superar o medo da “pequenez”.
No segundo encontro público da sua viagem, iniciada esta quinta-feira, em Roma, Francisco deslocou-se à Catedral dos Santos Pedro e Paulo, com a sua característica forma em ger, a tradicional habitação circular dos povos nómadas da Mongólia, para falar aos bispos, sacerdotes, missionários, consagrados, religiosas e agentes pastorais da Prefeitura Apostólica de Ulaanbaatar, que abrange todo o território mongol.
Antes de chegar ao local, o Papa reuniu-se, num iurt, com a mulher budista que encontrou uma imagem de Nossa Senhora no lixo. A imagem foi entronizada e o cardeal Marengo, prefeito apostólico, confiou-lhe a Igreja na Mongólia, relata o portal de notícias do Vaticano.
A comunidade católica da Mongólia é apresentada pela Santa Sé como a “mais jovem” do mundo e conta com cerca de 1500 membros, representando 0,04% da população mongol. “Deus ama a pequenez e gosta de realizar grandes coisas mediante a pequenez, como testemunha Maria. Irmãos, irmãs, não tenham medo dos números exíguos, dos sucessos que tardam, da relevância que não se avista. Não é este o caminho de Deus. Olhemos para Maria, que, na sua pequenez, é maior que o céu”, indicou Francisco, falando aos participantes no encontro.
O Papa elogiou o compromisso dos católicos em iniciativas sociocaritativa, “o cartão de visita” da Igreja. “Os irmãos e irmãs da Mongólia, que possuem um forte sentido do sagrado e – como é típico no continente asiático – uma vasta e articulada história religiosa, esperam de vós este testemunho e sabem reconhecer a sua genuinidade”, apontou.
Numa viagem ao “coração da Ásia”, como foi apresentada pelo Papa, Francisco quis dirigir-se aos países vizinhos.
Os governos e as instituições seculares nada têm a temer da ação evangelizadora da Igreja, porque esta não tem uma agenda política a concretizar, mas conhece só a força humilde da graça de Deus e duma Palavra de misericórdia e verdade, capaz de promover o bem de todos”.
A visita prossegue este domingo, com o encontro ecuménico e inter-religioso no Teatro Hun, também em forma de ger, e a celebração eucarística para a comunidade católica mongol e de países vizinhos, incluindo a China e a Rússia, na Arena da Estepe.