
Óscar Benavidez tornou-se “o primeiro padre condenado sob a figura de conspiração e cibercrimes, crimes inventados pelo regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo para prender opositores e todos aqueles que opinam contra o mesmo”. Foto: Direitos reservados.
A promotoria de justiça tinha pedido oito anos de prisão, mas a sentença final acabou por ser de dez. O padre Óscar Benavidez, que se encontra detido desde agosto de 2022, na Nicarágua, por suposta “conspiração para minar a integridade nacional” e por “propagação de notícias falsas” ouviu o veredito final num julgamento que terá acontecido à porta fechada no dia 24 de janeiro, e ao qual o site de notícias Despacho 505 conseguiu agora obter acesso.
O pároco da igreja do Espírito Santo, no município de Mulukukú, na Região Autónoma do Caribe Norte da Nicarágua, foi ainda condenado a pagar uma multa de 49.917 córdobas (cerca de 1.300 euros). A sentença foi proferida pela juíza Nancy Aguirre Gudiel, chefe do Décimo Juízo da Comarca de Manágua.
A magistrada condenou-o a cinco anos pelo crime de “atentado à integridade nacional” e mais cinco anos por “propagação de notícias falsas”, após um julgamento “crivado de irregularidades”, refere o Despacho 505, acrescentando que o mesmo, apesar de público, decorreu à porta fechada e “nem sequer foi permitida a presença de um familiar”.
No passado dia 16 de janeiro, após ter sido considerado culpado, o Ministério Público havia pedido cinco anos de prisão pelo suposto crime de conspiração e três por divulgação de notícias falsas. Ou seja, oito anos, mas a juíza decidiu estabelecer um total de dez anos de reclusão.
Óscar Benavidez tornou-se, assim, “o primeiro padre condenado sob a figura de conspiração e cibercrimes, crimes inventados pelo regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo para prender opositores e todos aqueles que opinam contra o mesmo”, conclui o Despacho 505.
Recorde-se que o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, tem protagonizado uma série de ataques à Igreja Católica ao longo dos últimos meses [ver 7MARGENS].
Um relatório recente do Mecanismo para o Reconhecimento de Presos Políticos, endossado pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (IACHR), citado pela Catholic News Agency, indica que o número de presos políticos na Nicarágua aumentou para 245 em janeiro de 2023.
Há atualmente nove padres acusados de “conspiração” na Nicarágua, entre os quais o bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, cujo processo está a decorrer.