
Dois rabinos, dois pastores protestantes, um mestre e uma monja budistas, um padre jesuíta, um bispo católico (emérito de Troyes) e um pensador muçulmano acorrentaram-se juntos de um lado ao outro da passagem, sendo imitados por mais dez filas de manifestantes igualmente acorrentados de igual modo.Clément Foto © Tissot / GreenFaith
Em protesto contra o oleoduto que a petrolífera Total pretende construir na África Oriental, cerca de sete dezenas de manifestantes liderados por nove conhecidos representantes de várias religiões e espiritualidades, bloquearam em Paris, na manhã desta quinta-feira, 25 de maio, durante uns simbólicos 24 minutos, a passagem pedonal sobre o rio Sena que liga o Museu d’Orsay ao Jardim das Tulherias.
Dois rabinos, dois pastores protestantes, um mestre e uma monja budistas, um padre jesuíta, um bispo católico (emérito de Troyes) e um pensador muçulmano acorrentaram-se juntos de um lado ao outro da passagem, sendo imitados por mais dez filas de manifestantes igualmente acorrentados de igual modo.
O gesto durou 24 minutos, ou seja, 1.443 segundos, para simbolizar os 1.443 quilómetros do projetado Oleoduto da África Oriental (EACOP, na sigla inglesa) que ligará o novo campo de petróleo de Tilenga (Uganda) ao porto de Tanga (Tanzânia). Cerca de 400 km do seu percurso estão desenhados sob a bacia do Lago Vitória, cujas águas são vitais para 40 milhões de pessoas. O protesto decorreu no dia anterior à assembleia geral da petrolífera Total que terá lugar em Paris nesta sexta-feira, 26 de maio.
O abandono de novos projetos petrolíferos no Uganda e em alguns dos países limítrofes tem vindo a ser exigido por várias vozes ecologistas que alegam estar-se em presença de um ataque à justiça climática (provocando a emissão de 379 milhões de toneladas de CO2), aos direitos humanos (expropriando mais de 100.000 pessoas de forma inadequada, sob pressão e sem esclarecimento capaz) e à biodiversidade (nomeadamente no parque natural de Murchison Falls).
O protesto foi organizado pela ONG inter-religiosa GreenFaith em parceria com a Extinction Rebellion Spiritualités (XR Spi), ramo da Extinction Rebellion e os manifestantes usaram correntes e cadeados para impedir a passagem de peões e bicicletas naquela passagem que é conhecida por estar ‘forrada’ de ‘cadeados de amor’ em ambos os seus lados. De acordo com a Greenfaith, “graças à crescente pressão pública, 25 bancos e 23 companhias de seguro já anunciaram que não se envolverão no financiamento e na concretização do EACOP”.