
Os investigadores concluíram que aumentaram os tweets com discursos de ódio contra negros, homossexuais, transgéneros, judeus e latinos. Foto © Roman Okopny.
O discurso de ódio na rede social Twitter tem vindo a aumentar desde que passou a ser propriedade de Elon Musk, alertou esta terça-feira, 6 de dezembro, o Center for Countering Digital Hate, organização não governamental britânica que luta contra a desinformação e discriminação online.
De acordo com o levantamento feito por esta organização, só desde o dia 27 de outubro, data em que o empresário assumiu o controlo da plataforma, foram observados ataques contra pessoas negras em 30.546 tweets . Esse número corresponde ao triplo da taxa registada antes da aquisição.
Os investigadores concluíram que aumentaram também os discursos de ódio contra homossexuais, transgéneros, judeus e latinos. A comparação foi feita com os tweets publicados ao longo do mês anterior à compra da rede.
A 2 de dezembro, Elon Musk publicou um tweet em que afirmava que o número de visualizações das publicações que incluíam discurso de ódio continuava a diminuir na plataforma.
Antes da sua aquisição, o empresário bilionário havia dito que acreditava que o Twitter deveria permitir mais liberdade de expressão e que reduziria a moderação de conteúdo para permitir que isso acontecesse.
Musk ordenou depois que algumas contas anteriormente suspensas fossem restabelecidas, nomeadamente a do ex-presidente norte-americano Donald Trump, e a do rapper rapper Ye – anteriormente conhecido como Kanye West – que já voltou a ser banida na passada sexta-feira, por este ter publicado uma imagem do símbolo nazi, uma suástica, entrelaçado com uma estrela de David, um símbolo judaico. Uns dias antes, o músico havia afirmado que era fã de Hitler.
Em reação às declarações de Kanye West, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, instou a classe política norte-americana a “denunciar e rejeitar o antissemitismo. “Só quero deixar algumas coisas claras: o Holocausto aconteceu. Hitler era uma figura demoníaca. E, em vez de lhe dar uma plataforma, os nossos líderes políticos devem denunciar e rejeitar o antissemitismo onde quer que ele se esconda”, destacou o chefe de Estado norte-americano, através da rede social Twitter.
Também através da sua conta nesta rede social, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, defendeu esta segunda-feira, 5 de dezembro, que os governos, empresas e redes sociais têm a responsabilidade de prevenir discursos de ódio, bullying e desinformação que “prejudicam os direitos humanos, a democracia e a ciência”.
A safe, secure digital space begins with the protection of free speech.
But it doesn’t end there.
Governments, companies & social media platforms have a responsibility to prevent hate speech, bullying & disinformation, which undermine human rights, democracy & science.
— António Guterres (@antonioguterres) December 5, 2022
“Um espaço digital seguro começa com a proteção da liberdade de expressão. Mas não termina aí. Governos, empresas e plataformas de redes social têm a responsabilidade de prevenir discursos de ódio, bullying e desinformação, que prejudicam os direitos humanos, a democracia e a ciência”, escreveu.