
Detalhes dos julgamentos, incluindo datas, nomes dos padres que participaram e número de vítimas sentenciadas em cada um fazem parte dos documentos.
A Biblioteca Nacional de Israel vai disponibilizar em breve o acesso digital a documentos escritos em português e contendo informações detalhadas sobre julgamentos realizados pela Inquisição em Lisboa e Tomar que ocorreram há 500 anos, noticiou o National Catholic Reporter.
Os documentos, que poderão ser consultados no sítio da Biblioteca Nacional de Israel, incluem versões impressas de sermões pregados por dois padres no final dos julgamentos a que presidiram e um manuscrito encadernado do século XVIII de 60 páginas que documenta os primeiros 130 anos de atividade do tribunal da Inquisição portuguesa. Os originais foram digitalizados pelo Arquivo Central para a História do Povo Judeu, de Jerusalém.
Escrito em português, o manuscrito contém informações sobre julgamentos e autos-de-fé conduzidos por inquisidores de 1540 a 1669 contra judeus recém-convertidos ao catolicismo, acusados de continuar a praticar secretamente o judaísmo. Detalhes dos julgamentos, incluindo datas, nomes dos padres que participaram e número de vítimas sentenciadas em cada um fazem parte do documento.
De acordo com declarações da arquivista Pnina Younger ao National Catholic Reporter, os textos “foram escritos porque os inquisidores, ou alguém que participou nos julgamentos, sentiram a necessidade de manter um registo do trabalho da Inquisição como algo positivo” e o estudo da caligrafia permite concluir que “todos os resumos foram escritos pela mesma pessoa”.
Mas mais tarde os textos foram reunidos e encadernados num só volume (já no século XVIII) como “um memorial à crueldade daqueles julgamentos”, cujo título é Esses atos de fé hipócritas, praticados sem piedade, eram obra do velho clero, apenas para tornar as pessoas miseráveis.