
“Infelizmente, o estigma ligado a esta doença continua a provocar graves violações de direitos humanos, em várias partes do mundo”, alertou o Papa Francisco. Foto © Calcutta Rescue.
Os últimos dados disponíveis são relativos a 2021 e mostram que, só nesse ano, foram registados 140.594 novos casos de lepra em todo o mundo, o que significa um aumento de 10% face aos 128.405 casos de 2020. As informações foram recolhidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 143 países, e divulgadas este domingo, 29 de janeiro, data em que se assinalou o Dia Mundial dos Doentes de Lepra.
De acordo com a OMS, houve também um aumento de 18% no número de pessoas que apresentavam deficiências graves já no momento diagnóstico. Quanto ao número de novos casos detetados em crianças com menos de 15 anos, cresceu 4,9%.
Os dados evidenciam que, a cada dia, são detetados 385 novos casos de lepra no mundo, dos quais 23 com incapacidades visíveis associadas, e 25 em crianças.
Do total de novos casos, mais de 90 mil foram registados no sudeste asiático, cerca de 21 mil em África, perto de 20 mil na América, 3.588 no Mediterrâneo Oriental, 2.480 no Pacífico Ocidental e 14 na Europa. Os três países considerados prioritários pela OMS na luta contra a lepra concentram 74,5% dos casos: são eles a Índia (com 75.394 novos casos), o Brasil (18.318) e a Indonésia (10.976).
A meta estabelecida para 2030 – reduzir o número de novos casos para cerca de 62.500 – está, assim, ainda longe de ser atingida. De referir que a origem deste crescimento não está num reforço das campanhas de deteção, mas sim na contabilização de casos que não haviam sido detetados em 2020, devido aos confinamentos decretados para combater a pandemia de covid-19.
Papa pede mais proximidade das comunidades católicas
“Infelizmente, o estigma ligado a esta doença continua a provocar graves violações de direitos humanos, em várias partes do mundo”, alertou o Papa Francisco este domingo, desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus.
No passado dia 23, o Papa tinha já pedido maior proximidade das comunidades católicas relativamente aos doentes de lepra, para que lhes sejam garantidos “apoio espiritual e assistência médica”. A lepra, “uma das doenças mais antigas da história humana”, continua hoje a implicar um “estigma” sobre os doentes, escreveu numa mensagem divulgada pelo Vaticano, a respeito do II Simpósio sobre a Doença de Hansen, que decorreu em Roma na semana passada.
“Não podemos esquecer estes nossos irmãos e irmãs. Não devemos ignorar esta doença, que infelizmente ainda afeta tantos, especialmente em contextos sociais mais pobres”, apelou o Papa.
Também a Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau (APARF) e a Associação Portuguesa de Solidariedade Mundo Unido João Paulo II assinalaram, em Portugal, aquele que foi o 70.º Dia Mundial dos Doentes de Lepra, tendo vários projetos a decorrer para apoiar doentes de lepra e atuar na prevenção da doença.