
“O meu domingo é sagrado para mim”. Logotipo da campanha Aliança Pelo Domingo Livre, à qual aderiaram as Igrejas Católica e Evangélica alemãs.
Há 1700 anos, precisamente no dia 3 de março do ano 321, Constantino, imperador romano que acabara de se converter ao cristianismo, decretou a obrigação de fazer do domingo um dia de descanso.
As duas grandes Igrejas cristãs da Alemanha, a Católica e a Evangélica (protestante), numa declaração conjunta publicada segunda-feira, dia 1 de março, sublinham a importância de continuar a salvaguardar o domingo: “É uma interrupção do quotidiano, um tempo de encontro, um estímulo à vida em comunidade.” É um “bem cultural” importante que merece protecção.
A crise provocada pela pandemia veio mostrar quanta actividade e quanta vida o domingo possibilita, ao darmo-nos conta de tudo o que ao domingo deixámos de poder fazer: desde as celebrações litúrgicas com participação reduzida até ao cancelamento das visitas em família e aos jogos de futebol… Tudo isso é uma cultura impensável sem o domingo, reflectem os responsáveis das Igrejas. O domingo, declaram, é uma manifestação de liberdade, da “liberdade de viver o tempo a seu ritmo”. Para todos, crentes ou não. Por isso se compreende que a defesa do domingo continue a unir as Igrejas e os sindicatos, os crentes e os artistas…
Para os cristãos, o domingo tem o significado extraordinário de ser o dia da ressurreição de Jesus Cristo, e a celebração dominical ocupa um lugar especial no domingo do cristão. O domingo está no centro da vida da Igreja: no ano 304, depois de o imperador ter proibido os cristãos de se reunirem ao domingo e terem consigo textos bíblicos ou construírem lugares de assembleia, um grupo de 49 cristãos foi surpreendido em Abitene (hoje Tunísia) a celebrar a eucaristia. Depois de presos, um deles, de nome Emérito, respondeu, sobre a razão de violarem a ordem imperial: “Não podemos viver sem o domingo.”
Por isso, as Igrejas continuam firmes na defesa do domingo, que em si está ancorado na constituição alemã (artigo 140º). Fazendo a devida excepção para os serviços essenciais, o domingo deve continuar a ser dia de descanso.
Na Alemanha, as lojas do comércio normal, os supermercados e centros comerciais continuam a não ter autorização para abrir ao domingo. Apenas alguns domingos por ano são concedidos a título de excepção (como é o caso de alguns domingos antes do Natal). E, contra as frequentes tentativas de alteração da legislação no sentido de generalizar a abertura do comércio aos domingos, têm estado não só as Igrejas como a grande maioria das organizações de trabalhadores.