
O 7MARGENS pediu a cada um/a do/as estudantes que escrevesse uma palavra ou frase sobre a importância que atribui ao encontro com o Papa. Elisabeth sugere “harmonia”. Foto: Direitos reservados.
Elizabeth espera que o encontro com o Papa seja importante a vários níveis: “inspiração e orientação espiritual, promoção do diálogo inter-religioso, envolvimento com os jovens e apelo à reconciliação e cura”. Alina, a amiga ucraniana da russa Arina, está muito “entusiasmada” com o encontro, e não duvida que “a religião tem de ser uma ferramenta para a regulação dos conflitos”. E Ouwais, muçulmano, afirma-se “grato” pelos “esforços contínuos do Papa Francisco para aumentar a consciencialização sobre a situação dos migrantes e refugiados em todo o mundo”.
Estes são quatro dos jovens estudantes refugiados que, na manhã desta quinta-feira, 3 de Agosto, se encontrarão com o Papa, na Universidade Católica Portuguesa, naquele que é o primeiro acto do segundo dia da presença de Francisco no país.
Uma das coisas que a nigeriana Elizabeth Odutolu, 20 anos, estudante de Gestão que chegou a Portugal em junho do ano passado, mais aprecia em Francisco é o facto de ele ter “um impacto tão positivo na vida das pessoas”, diz ao 7MARGENS.
Desde que soube que a Jornada Mundial da Juventude seria em Lisboa e que o Papa viria, fez questão de conhecê-lo melhor, mesmo antes da sua chegada: leu muitos dos seus discursos, cartas e homilias, e assegura: “Ele é um profeta da paz, amor e harmonia”.
Elizabeth considera que “mesmo para quem não é católico, o papel do Papa é significativo na promoção de valores humanitários, fomentando o diálogo e encorajando mudanças positivas ao nível global. A sua influência estende-se além das fronteiras religiosas e pode ter impacto em pessoas de todas as esferas da vida que procuram um mundo mais pacífico e justo”.
Em particular, a nigeriana sublinha o facto de que “as mensagens do Papa sobre a paz, compaixão e cuidado com os refugiados podem ressoar em pessoas de diferentes religiões e crenças, inspirando ação positiva e solidariedade”. A jovem refugiada acredita que a voz do Papa “amplifica a urgência de abordar essas questões à escala global” e inspira cada pessoa individualmente, mas também as organizações humanitárias a envidar “maiores esforços para atender às necessidades dos refugiados e vítimas da guerra”.

Arina Zheludova, 20 anos, veio da Rússia em março do ano passado e é colega de curso de Elizabeth. Confessa estar muito “entusiasmada com este encontro” e não duvida: “A religião tem de ser uma ferramenta para a regulação dos conflitos”. Arina só espera ter a oportunidade de falar diretamente com o Papa para lhe contar do seu grande desejo: “o fim de cada uma das guerras a acontecer neste momento”.
De resto , uma das suas melhores amigas em Portugal é Alina Didenko, 23 anos, ucraniana que chegou a Lisboa um mês depois de Arina e está a fazer o mestrado em Som e Imagem.
Alina confessa que não é “uma pessoa religiosa” e não sabe bem o que esperar deste encontro com o Papa. Mas sabe o que lhe dirá, se tiver oportunidade: “No diverso mundo moderno, é importante fortalecer a unidade das pessoas, e o fator religioso não deve ser aquele que nos separa.”
Para ela, o Papa tem um papel determinante ao fazer algo que muitos mais deveriam fazer: “lançar luz sobre coisas destrutivas como as guerras, porque o crime ama o silêncio e o silêncio traz sensação de impunidade aos criminosos”.

Ouwais Sadeq, 33 anos, é quem está em Portugal há mais tempo: veio da Síria em 2019, fez a licenciatura em Comunicação Social e Cultural e e agora frequenta o mestrado de Média e entretenimento.
Muçulmano, afirma-se “grato” pelos “esforços contínuos do Papa Francisco para aumentar a consciencialização sobre a situação dos migrantes e refugiados em todo o mundo”, e gostaria de partilhar diretamente com ele os desafios que o povo sírio está a enfrentar.
“Os apelos do Papa à paz mundial são a prova do que as religiões representam para nós: o viver na paz e no amor entre todos. O seu apelo permanente à paz tem reforçado a convergência das religiões na ideia de que devemos querer o bem dos outros como queremos para nós mesmos”, destaca.
Owais assinala ainda que a mensagem do profeta Maomé e a de Cristo são muito semelhantes. “Nenhum de vocês acredita até que ame para o seu irmão o que ama para si próprio”, diz o primeiro. E “a Bíblia diz ‘sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus vos perdoou em Cristo'”, refere o estudante sírio. “Isto confirma as pontes de paz que precisamos de construir com os outros. Mesmo que isso seja difícil, devemos começar por nós mesmos”, afirma.
Para Owais, “uma das sementes da humanidade e do amor é pensar sempre nas vítimas das guerras, nos refugiados e nos que fogem da violência, como se fôssemos nós, colocando-nos no lugar deles”. E é isso que vê o Papa Francisco fazer, ele que procura mostrar que é possível “um mundo colorido como um mosaico”, cuja beleza está nas diferenças e complementaridades.
Mas também é isso que vê em muitos dos jovens com quem se tem cruzado. “Acredito que a nova geração anseia pela paz muito mais do que as gerações anteriores”, afirma. É por isso que Owais e os restantes refugiados anseiam por estar com o Papa. “Tenho esperança de que o Papa Francisco ouça misericordiosamente as nossas histórias, lutas e aspirações como imigrantes. Histórias que podem ser uma grande oportunidade de mudança positiva dentro de nós”… e para muitos outros.
