
Em agosto deste ano, a casa do bispo de Matagalpa (Nicarágua) foi cercada pela polícia, que o impediu de ir celebrar missa. “Parem de prender quem não pensa como vocês”, pedem os jesuítas.
“Em nome de Deus, cesse a repressão.” O grito foi, noutros tempos, do bispo Óscar Romero, mas agora foi citado pelos provinciais dos jesuítas da América Latina e Caribe, em carta aberta dirigida este sábado, 3, “aos responsáveis por tantas mortes e violências em vários países do continente, mas particularmente na Nicarágua”.
“Parem de prender quem não pensa como vocês”; “parem de silenciar as vozes dissidentes; parem de expulsar do país quem não responde aos vossos interesses”, acrescentam.
A carta, assinada pelo presidente da Conferência dos Provinciais Jesuítas, Roberto Jaramillo, começa por dar conta da frequência com que estes provinciais recebem da Nicarágua “notícias e imagens de pessoas arbitrariamente detidas, desaparecidas, torturadas e assassinadas; de organizações civis encerradas, de manifestações reprimidas, de comunidades cristãs com pastores impedidos de trabalhar e perseguidos como se fossem criminosos; de muitos meios de comunicação silenciados; de milhares de nicaraguenses que saem do país e procuram refúgio noutros horizontes”.
“Dói-nos profundamente – observam, a este propósito – que os direitos de pessoas e instituições que só buscam o bem do país sejam reprimidos e restringidos.”
Este ato solidário manifesta a confiança de que “a verdade e a justiça sempre triunfam sobre a mentira e a opressão”, e exprime a vontade de continuar a apoiar, “pelos canais possíveis” as comunidades e as instituições que continuam a resistir na Nicarágua.