
“O desafio do Sínodo é criar um diálogo mais forte entre sacerdotes e leigos. Enquanto não experimentarem eles próprios o processo sinodal e seus frutos” pode ser difícil compreendê-lo, observa Nathalie Becquart. Foto: Direitos reservados.
O Sínodo sobre a sinodalidade é “um fruto e desdobramento” do Concílio Vaticano II e pode ser um caminho para a Igreja se for experimentado. As afirmações são de Nathalie Becquart, religiosa francesa que ocupa a posição de subsecretária na estrutura central da iniciativa, no Vaticano.
Em entrevista ao site suíço Cath.ch, publicada na última quarta-feira, 16, a responsável começa por manifestar a sua alegria pela criatividade com que o processo sinodal está a ser adaptado e implementado localmente, dado que são diferentes os contextos e as realidades eclesiais. Há países que têm uma experiência desenvolvida de processos sinodais e outros em que a própria palavra era desconhecida e em que há tudo para aprender.
No entanto, reconhece que há preocupações e resistências, aqui e ali, quer de padres quer de bispos, para pôr o Sínodo no terreno. “Alguns, explica ela, veem o Sínodo como uma ‘coisa mais a fazer”, quando já têm uma carga de trabalho pesada e outras prioridades. O desafio de “exercer o ministério de uma maneira nova, que “envolve mais corresponsabilidade”, é outra dificuldade, para a qual muitos padres não se sentem preparados.
“O desafio do Sínodo é, portanto, criar um diálogo mais forte entre sacerdotes e leigos. Enquanto não experimentarem eles próprios o processo sinodal e seus frutos” pode ser difícil compreendê-lo, observa Nathalie Becquart.
Em alguns casos, será mesmo necessário, no seu modo de ver, “ajudar os sacerdotes e alguns bispos a compreender que o processo sinodal não irá eliminar o seu papel, antes os levará a uma nova maneira de exercer a sua autoridade.
No caso dos bispos, em alguns países, a dinâmica das conferências episcopais faz com que uns prelados estimulem outros. Quando esse não é o caso, as coisas ficam muito dependentes de cada um. “ Naturalmente que, quando o bispo está entusiasmado [com o processo sinodal], este desenvolve-se mais facilmente”, diz aquela responsável. Casos de oposição existem, mas “são raros”.
Existe um caminho simples que a religiosa recomenda: “em vez de simplesmente se falar de sinodalidade, devemos experimentá-la. O que estamos a tentar fazer, na nossa forma de animar o processo, de dialogar com as Igrejas locais, é criar experiências”. Para ela “é isso que está em jogo: que nas paróquias, nos grupos, possamos oferecer uma experiência de escuta mútua e de escuta do Espírito Santo, enraizando-nos na oração”.
A subsecretária do Sínodo refere que o secretariado-geral, presidido pelo cardeal Mario Grech, tem procurado mobilizar todas as redes, por exemplo, incentivando as conferências episcopais e as Dioceses a trabalharem com a Caritas, a pastoral dos migrantes, as capelanias prisionais e hospitalares, ou mesmo a educação católica, que atinge os jovens afastados da Igreja. “O Sínodo deve encorajar a escuta dos mais pobres”, remata.