
Primeiro dia de Conferências na “A Audácia da Paz”, promovida pela Comunidade Sant’Egídio. Foto © Comunidade Sant’Egídio
“A audácia da paz” é o título do 37º encontro internacional “no espírito de Assis” organizado pela Comunidade de Sant’Egidio que começou ontem, domingo, dia 10 de setembro, em Berlim. O encontro junta durante três dias altos representantes de todas as religiões, como o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmed Al Tayyeb, o presidente da Conferência dos Rabinos Europeus, Pinchas Goldschmidt, o cardeal Matteo Zuppi, enviado do Papa para a paz na Ucrânia e o Patriarca Assírio do Iraque, Mar Awa Royel.
A estes nomes juntam-se outros do mundo da política, como Sissoco Embalò, Presidente da Guiné-Bissau, Frank-Walter Steinmeier, Presidente da República Federal Alemã, Antonio Tajani, ministro dos Negócios Estrangeiros de Itáli e o chanceler alemão, Olaf Scholz.
No primeiro dia, Andrea Riccardi, fundador da Comunidade de Sant’Egídio, abriu os trabalhos falando de guerra e de como a ultrapassar. “A guerra é a negação do destino comum dos povos. É a derrota da política e da humanidade. Ressuscita pesadelos e infernos da história, que hoje são ainda piores devido ao poder das armas e das novas tecnologias, desconhecidas no passado”, referiu na sessão de abertura dos trabalhos.
Presente esteve também o presidente da República Federal Alemã, Frank-Walter Steinmeier, que começou por destacar que “a fé é uma grande força de paz”. O político defendeu que “são as religiões que podem prestar um grande e indispensável serviço como promotoras da paz e como força de reconciliação para a humanidade”, mas acrescentou que “quem, em nome da religião, se coloca do lado de um violento senhor da guerra que quer subjugar pela força um país vizinho pacífico e democrático; quem, como líder de uma igreja cristã, apoia as atrocidades inimagináveis que estão a ser cometidas contra o povo deste país, na verdade contra as suas próprias irmãs e irmãos na fé; quem age desta forma está fundamentalmente a violar o mandamento da paz da fé”, avisou.
Sissoco Embaló, presidente da Guiné-Bissau, esteve também presente para referir que, “em todo o mundo, a paz e a segurança são os desafios mais urgentes”, e que “há uma grande necessidade de homens e mulheres de diferentes religiões e culturas combinarem as suas energias e inteligências para reafirmarem o direito e o dever de todos à paz e à segurança”.
Os “encontros de Assis” têm origem numa iniciativa de João Paulo II que convocou para a cidade italiana de Assis, a 27 de outubro de 1986, numerosas personalidades do mundo das religiões, da política e da cultura para se encontrarem num clima de de oração, de diálogo e de amizade. Desde então a Comunidade de Sant’Egidio tem organizado todos os anos um encontro internacional deste tipo.
De acordo com o jornal La Croix, “ano após ano, estes encontros têm visto nascer e crescer uma verdadeira comunidade de buscadores de paz, nutridos por diferentes histórias, tradições religiosas e línguas e unidos neste mesmo movimento, tão religioso e humano, de visitação e hospitalidade”. Para o jornal “é preciso admitir: ao longo dos anos as religiões – que foram acusadas de causar o conflito – aproximaram-se enquanto os políticos se afastaram”.
O programa do encontro de Berlim prevê que este acabe na terça-feira, dia 12 de setembro, com a leitura de uma mensagem do Papa Francisco a que se seguirá a divulgação de um apelo à paz. As sessões de abertura e de encerramento e algumas das sessões dos fóruns podem ser acompanhadas à distância neste endereço: https://preghieraperlapace.santegidio.org/