Francisco, dez anos: tempos de mudança novidade
Ocorreu no passado dia treze de março, o décimo aniversário da eleição do Papa Francisco, para ocupar a “cadeira de Pedro”, após o Papa Bento XVI ter abdicado inesperadamente, em 28 de fevereiro de 2013. (Opinião de Florentino Beirão).
Zero penitentes
Para nenhum penitente aconteceu essa confissão auricular, nas vésperas do último Natal, numa diocese do norte do país. Por duas horas, três párocos sentaram-se nos respectivos confessionários, de modelo tradicional. Durante esse tempo, nenhum penitente para ali dirigiu os passos. Ninguém se levantou nem se ajoelhou. Ninguém pediu perdão. (Opinião de Manuel Villas Boas)
A situação de Ronaldo e o problema de todos nós
Não quero ser ousada ao referir que Cristiano Ronaldo tem um problema. Mas a sua situação sobre o eventual fim de carreira relembra-me que todos nós temos o problema de saber quando terminar bem. Terminar algo que nos deu satisfação ou algo que é a concretização dos nossos sonhos pode ser difícil. (Opinião de Débora Hossi)
Justiça e solidariedade para com as vítimas
Questões relativas à justiça e solidariedade para com a vítimas de abusos sexuais praticados em ambientes da Igreja, como a punição dos autores dos crimes e a reparação dos danos, têm sido tratadas com alguma superficialidade. Gostaria de esclarecer alguns equívocos, com a modéstia das minhas opiniões pessoais e dos meus conhecimentos e experiência como juiz que lida frequentemente com estes crimes no foro do Estado.
A valentia da menina da roça
Foi em meados do ano 2020, quando tudo começou. Confesso que após escrever milhares e milhares de palavras, senti que era uma grande tolice partilhar esse acontecido: “inspirações inesperadas” e não só seriam parte da minha vida que preenchia as páginas em branco de um futuro livro. (Ivanete Dias autora do livro “Além da Montanha Existe um Arco-íris”).
A verdade absoluta
Um poema de Ruben Azevedo.
Entre o argueiro e a trave
E o Papa Francisco tem sido muito claro ao dizer-nos que as situações graves não podem ser tratadas de ânimo leve. “Nunca serão suficientes as nossas palavras de arrependimento e consolação para as vítimas de abusos sexuais por parte dos membros da Igreja. (Opinião de Guilherme d’Oliveira Martins).
Além da montanha… existe um arco-íris
Vi o livro no balcão do espaço de atendimento, no seminário dos Dehonianos, em Alfragide. A capa chamou-me a atenção. Peguei nele, folheei aleatoriamente e comecei a ler algumas frases. Despertou-me curiosidade, depois atenção e logo após interesse. (Opinião de Rui Madeira).
Direito a tudo
Quando pensei escrever este artigo quase lhe dei o título “originalidade gratuita”; depois, refletindo um pouco mais, decidi-me por “Direito a tudo”. É que fui percebendo que estamos a atravessar uma época em que o que importa é ser original. (Opinião de Margarida Cordo).
O poder clerical e os abusos
É imperioso assumir os pecados dos crimes de abusos de crianças – como também dos outros abusos sexuais com pessoas de maior idade; é com clareza que se devem suspender todos os bispos e padres e agentes de pastoral envolvidos, pagar indemnizações e todos os tratamentos a “abusados”. (Opinião de Joaquim Armindo)
“No Armário do Vaticano”: uma leitura desconcertante
Embora tenha sido publicado em Portugal em 2019, só agora me atrevi a ler o famoso livro No Armário do Vaticano, escrito pelo jornalista francês Frédéric Martel, que levou por diante uma intensa investigação sobre homossexualidade e poder no interior e nas franjas do Vaticano. O livro deixou-me estupefacto! (Opinião de Jorge Paulo)
Precisamos de terapias neuroteológicas
Desde que saiu o relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais na Igreja Católica que a atenção das nossas comunidades e da sociedade civil se volta para todos os desenvolvimentos que resultam desse processo. Queremos acção como sinal do apoio incondicional a dar às vítimas e pelo sentido de haver alguma justiça. (Opinião de Miguel Panão)
Que Igreja? Que bispos? – Duas desgraças e duas oportunidades
A segunda oportunidade, talvez última, é ainda para a Igreja: por favor torne-se evangélica, servidora, caminhante do Reino de Deus.
O que não está, mas brilha
Há alguns anos, numa mesa de café, uma mulher contou-me uma história. A sua infância acontecera numa casa muito pobre, iluminada apenas por brasas numa lata, num chão de terra. Era sobre estas que, com o dedo, desenhava, e as cores-fogo surgiam na escuridão que rouba as coisas de lugar. (Opinião de Raquel Luiz)
Como é que as pessoas querem envelhecer?
Como é que as pessoas querem envelhecer? Quando esta questão me foi posta, mentalmente reagi de imediato: eu é que sei? E pensei que teria de interrogar várias pessoas sobre este problema na tentativa de obter uma informação mais fundamentada. Também me ocorreu de imediato que a primeira pessoa a interrogar seria eu próprio… E a resposta emocional saltou de imediato: mas eu não quero envelhecer!… (Opinião de José Pires)
Estou triste
Estou triste porque Deus não tem culpa. Estou triste porque há muitas pessoas a sofrer. Estou triste porque se tem usado o silêncio quando se deve falar e se tem falado quando se devia ter ficado calado apenas para não deixar alastrar a ignorância. (Opinião de Margarida Cordo)
Cuidemos das vítimas
Ao ler e ouvir a voracidade com que se discute o número de casos de abusos cometidos por membros da Igreja, só me vem à cabeça a frase pronunciada por Josef Estaline: “A morte de um homem é uma tragédia, a de um milhão é apenas uma estatística.” (Opinião de Sofia Távora)
E depois dos abusos, que Igreja Católica?
Sei que há muitos e muitas para quem a fé, mais do que uma vivência, é um conjunto de ritos e de práticas que tendem a manter o seu próprio estatuto, o seu poder e a sua aparência. Para estes, a questão dos abusos será entendida como um desvio de alguns e o tempo, como sempre tem acontecido, tudo resolverá. (Opinião de José Centeio).
Sou porventura o guarda do meu irmão?
O pequeníssimo relato do primeiro homicídio da humanidade dado pelos livros sagrados é entre irmãos. Vale a pena ler com detalhe aquelas poucas linhas aos olhos de hoje, vendo que tudo começa porque aparentemente Deus olha com benignidade para a oferta de Abel, mas não olha com benignidade para a oferta de Caim (Génesis 4, 2-10).
Completou-se o tempo
Todos nós, em particular os católicos, deveríamos aferir a nossa vida pelo critério supremo da fidelidade ao «seguimento radical da ‘vida em acto’ de Jesus de Nazaré». Todos os conflitos, que, com naturalidade, surgem nas nossas vidas (íntimas e sociais),...
Uma mão vazia de compromissos
Perante a gravidade do que foi revelado e tendo sido identificados vários padres alegadamente abusadores ainda em actividade eclesiástica na igreja portuguesa, a expectativa sobre a reacção da Conferência Episcopal Portuguesa era necessariamente grande, mas a onda de desilusão e indignação com o que foi apresentado é enorme.
Olhando a dor dos outros. A Universidade Católica Portuguesa e o contributo para o bem comum
Toda a dor é intransitiva, pelo que o propósito deste texto não é aliviar a dor que a UCP supostamente provoca na autora de um texto recentemente publicado no 7MARGENS, mas antes almeja esclarecer as perplexidades, diria até a ignorância, que o texto confessadamente assume relativamente à missão e à atividade desta Universidade. (Opinião de Isabel Capeloa Gil, Reitora da Universidade Católica).
Destruíram a minha esperança!
Ao assistir à conferência de imprensa da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) senti vergonha, revolta e uma total ausência de esperança nesta hierarquia. Que pena, que oportunidade perdida! (Opinião de Sílvia Monteiro)
Mulheres do Irão – a liberdade em forma de grito que não se cala
“Mulher, Vida, Liberdade” é mais do que um slogan, é o grito e a bandeira de um poderoso movimento de protesto contra o regime iraniano, que se levantou logo após o bárbaro assassinato de uma jovem iraniana de 22 anos, às mãos da chamada «polícia da moralidade», por alegado incumprimento da lei relativa ao uso obrigatório do véu. (Opinião de Isabel Estrada Carvalhais)
A proteção das vítimas exige muito mais
Na sequência do terramoto de emoções causado pela divulgação do relatório da Comissão Independente sobre os Abusos Sexuais na Igreja Católica muito tem sido escrito e pensado sobre este problema de saúde pública de enorme relevância. É bom que finalmente assim seja. (Opinião de Alice Caldeira Cabral)
Aldeias em mudança, revolução silenciosa
Há cerca de um mês, esteve reunido em Castelo Branco o primeiro-ministro António Costa com os ministros do seu Governo e deputados socialistas. Uma iniciativa que quis apresentar “um Governo mais próximo”, numa tentativa de conhecer melhor este distrito, através de visitas à maioria dos seus concelhos.
Abusos sexuais e recrutamento dos padres
O relatório da Comissão Independente para a investigação dos crimes de abusos sexuais na Igreja Católica veio tornar público aquilo que já se esperava. Os portugueses não são diferentes dos outros povos. A investigação em outros países já tinha trazido a lume esta ignomínia. — a opinião de Jorge Paulo
Alegra-te. Luta pela tua felicidade
Percorri vários caminhos, cheguei a encruzilhadas, mas a figura de Jesus nunca me abandonou. Lavei feridas, desenganos, ilusões e estou muito grata a todos os que me ajudaram. Significa que a Igreja, apesar do que veio à luz recentemente, continua a ser um espaço muito importante na cultura ocidental. (Opinião de Maria Eugénia Abrunhosa)
Laicidade e laicismo
Como de esperar e tem sucedido noutras ocasiões análogas, os apoios do Governo e autarquias locais à realização da Jornada Mundial da Juventude têm suscitado uma velha discussão sobre a compatibilidade entre tais apoios e o princípio da laicidade do Estado e há quem invoque esse princípio para negar a legitimidade desses apoios. (Opinião de Pedro Vaz Patto).
Uma Universidade Católica para quê? Para quem?
Em 2019 o Papa Francisco apresentou aos cristãos (e ao mundo) aquilo que apelidou de “Pacto Educativo Global”. É à luz desse Pacto, infelizmente pouco divulgado, que vou refletir sobre questões de fundo quanto à orientação da Universidade Católica Portuguesa (UCP). Escrevo sobretudo sobre a sua Faculdade de Medicina. (Opinião de Teresa Vasconcelos)
O presépio cósmico é o convívio fraterno
No tempo dos Reis Magos é altura de desfazer o presépio e guardá-lo para o ano seguinte. Este ano, porém, vejam bem!, comecei a pensar na “humanidade animalesca” que ele encerra e como nós cristãos e cristãs podemos pedir perdão pela forma desastrosa como tratamos os animais – os seres viventes não-humanos, como ousamos classificá-los. (Opinião de Joaquim Armindo)
Neotenia e o cristianismo
Desde o início do século XX, por impulso do darwinismo, a biologia e outras ciências construíram, ainda que de forma larvar e quase subterrânea em alguns casos, a ideia prevalecente de neotenia humana, como uma retenção de características juvenis entre adultos, de características transmitidas à descendência e do ser humano prematuro. (Opinião de Alberto Teixeira)
Igreja Católica: menos poder e silêncio, mais serviço e prestação de contas
Depois das ondas de choque iniciais com a apresentação pública do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa, há muita matéria para repensar.
A pena de Deus
Em pequeno opúsculo intitulado Madre Teresa Beata, há uma citação inicial da própria madre Teresa que diz o seguinte: “Foi tudo obra de Deus. Nada foi obra minha. Não sou mais que um pequeno lápis na mão de Deus.” (Opinião de Rui Estrada)
Que fazeis de extraordinário?
Por estes dias, alguns de nós ouviram um padre recém-ordenado a dizer, também numa homilia nesta comunidade, que, enquanto ouvia os pungentes relatos das vítimas, lidos por ocasião da apresentação do relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais sobre Crianças na Igreja Católica em Portugal, só lhe apetecia chorar, chorar… chorar.
A presença da arte cristã em Goa
Goa é uma cidade que invoca uma história extraordinária, na qual o diálogo de culturas constitui a chave da sua existência e da sua perenidade. O Museu de Arte Cristã da cidade é uma demonstração disso mesmo. A civilização indo-portuguesa não se confunde nem com a cultura portuguesa, nem com a cultura hindu, é uma realidade própria com uma identidade singular. (Opinião de Guilherme d’Oliveira Martins)
Palavra de criança
Se na escola o seu filho é agredido por outro, além do consolo será apropriado estimulá-lo a responder com violência? Ou solicitar o poder apaziguador da direcção da escola e o diálogo? Quando defendo o diálogo para acabar com a barbárie na Ucrânia muitos tratam-me com condescendência paternal.
Igreja Católica: e agora?
A Igreja Católica portuguesa tem, e agora ainda mais, o dever de dar um contributo para a reforma necessária, levando ao Sínodo, com clareza e verdade, as principais preocupações dos católicos portugueses que a própria Conferência Episcopal Portuguesa resumiu no Relatório de Portugal ao Sínodo 2021-2023. (Opinião de Ana Bessa)
JMJ: e um projecto dinamizador dos jovens a bem da humanidade?
Seria um passo grande se os bispos deixassem todos livre o seu lugar no palco da grande celebração e, sem mitras, solidéus, paramentos vistosos, se misturassem com os jovens das suas dioceses.
Nós, os vencidos do catolicismo
Roubo o título para este texto ao poema de Ruy Belo e a um livro de memórias de João Bénard da Costa, que nos tumultuosos anos 1960 perderam a fé ou apenas a esperança, vencidos por uma Igreja velha, autoritária. Deixaram de lutar, perderam-se na luta da fé. Talvez como eu, sim, nestes tempos mais recentes. — a opinião de Miguel Marujo
Sexualidade na Igreja Católica não é procriação
Em 1979, o Papa João Paulo II começou a fazer umas catequeses sobre a Teologia do Corpo (TC) que duraram cinco anos. Assim, no próximo ano de 2024, faz 40 anos que na Igreja Católica, a moral sexual teve uma actualização imensamente profunda, que me marcou quando era jovem, e daí que a sua versão seja a “TC-40”. (Opinião de Miguel Panão)
Do “não ter onde assentar a cabeça” ao alheamento do mundo
Jesus, que dizia de si próprio “não ter uma pedra onde assentar a cabeça”, rodeou-se de um grupo de discípulas e discípulos que o seguiam. Retiravam-se para a oração com frequência, mas viviam no mundo: eram pescadores, muitos deveriam ser agricultores, se tivermos em conta o tipo de simbologia utilizada por Jesus nas suas parábolas. Jesus falava de Deus a partir da linguagem comum do seu tempo e a partir das vivências daqueles que O ouviam. (Opinião de Teresa Toldy)
Penitência! Penitência! Penitência!
Folheei, com a atenção possível, tendo em conta o horror sentido, o relatório apresentado pela comissão nomeada pela Igreja, a fim de analisar os abusos sexuais praticados em contexto eclesial. Procurei o que lá não está: o nome das comunidades em que tais actos foram praticados, o nome das paróquias e freguesias onde cresceram os abusadores. (Opinião de Ruy Ventura)
Uma ponte que se agita. Reflexões sobre o sínodo
Participei nas discussões da assembleia continental na qualidade de presidente da Federação Internacional das Universidades Católicas, instituições que por missão e identidade estão na linha da frente de um diálogo com a modernidade, inspirado pelos valores do humanismo cristão. (Opinião de Isabel Capeloa Gil, Reitora da Universidade Católica Portuguesa)
O Portugal dos Pequenitos e a Jornada Mundial da Juventude
Eu acredito nesta iniciativa [Jornada Mundial da Juventude] e na sua importância em todos os âmbitos.
Prova de fogo
Estamos cada vez mais alertados e sensibilizados para a dimensão e abrangência que o sofrimento psíquico vai tendo nos dias de hoje. A depressão é, atualmente, o problema de saúde mais frequente em todo o mundo. Torna-se claro que não é preciso haver fatores desencadeantes para que esta doença se instale. — a opinião de Margarida Cordo.
Cuidar é humano
Somos todos frágeis e vulneráveis. Contudo, vivemos num mundo onde há cada vez menos tempo e lugar para abraçar a fragilidade e vulnerabilidade humana.
O ritmo alucinante que consome as nossas vidas, as dificuldades económicas e sociais sentidas pelas famílias, a cultura da indiferença e do descarte, a sobrelotação de doentes e a escassez de profissionais nas instituições de saúde têm contribuído para a desumanização progressiva dos cuidados prestados aos nossos doentes.
Eutanásia e vida autenticamente humana
Acredito que mesmo quem assuma a vida como uma dádiva gratuita com um sentido inerente não terá necessariamente de recusar liminarmente a eutanásia. Na visão cristã tradicional, a eutanásia – tal como o suicídio – seria um ato de ingratidão face a um dom divino que urge manter e valorizar até ao último momento. A morte procurada direta ou indiretamente constituiria, portanto, uma recusa da vida que Deus pôs à disposição de cada ser humano.
Dois pesos e duas medidas
Dois episódios recentes vêm confirmar o que venho concluindo desde há algum tempo. É verdade que nalguns âmbitos as democracias liberais contemporâneas dão grande relevo à liberdade de expressão. Penso mesmo que esse relevo é nalguns aspetos excessivo, como se estivéssemos perante um direito absoluto, uma liberdade ilimitada, de teor individualista extremo. Mas também assistimos recentemente a graves afrontas a essa liberdade noutros âmbitos, afrontas que pareceriam impensáveis.
JMJ: Discutem-se os milhões, mas não se ouvem os próprios jovens
Gostava que se falasse, a partir dos jovens, da exorbitância dos custos do palco para a Jornada Mundial da Juventude de 2023. E gostava também que os jovens fossem ouvidos a este respeito. É que, num país com escassas políticas para a infância e a juventude, parece-me ofensivo, e até obsceno, os montantes que têm vindo a lume.
Um grande equívoco
O recente debate sobre o palco da Jornada Mundial da Juventude mostrou o que de pior existe na nossa sociedade: inveja, mediocridade e incapacidade de fazer. Quase todos ficaram mal na fotografia.
Triódio da Quaresma na ortodoxia: celebrar com alegria
Na minha infância este tempo era lúgubre, como um véu de tristeza que tudo cobria, nos rostos dos fiéis, nas decorações, na exaltação do sofrimento. Nunca o compreendi nem me associei até que as amêndoas, doces e o início da primavera me salvavam. Na ortodoxia, a Páscoa celebra-se este ano no dia 16 de Abril de 2023.
Já não somos livres?
O título deste pequeno artigo é uma pergunta que me coloco muitas vezes a propósito de variados acontecimentos. Contrariamente ao que é habitual, este ano decidimos fazer uma viagem grande em Janeiro e, por isso, só à distância me fui apercebendo de alguns factos, se assim se pode dizer, nacionais, honra seja feita às novas tecnologias que nos enviam jornais e revistas em tempo útil, porque escolho não ter redes sociais.
O cristianismo resiste
Expomos neste artigo a dispersão das crenças religiosas dos portugueses nos últimos 120 anos, baseados nos censos da população, publicados pelo Instituto Nacional de Estatística no dia 23 de Novembro de 2022.
Uma voz que clamou pela Justiça. Homenagem a Luís Moita (1939-2023)
Lembro-me de ser um jovem estudante de Teologia, da Igreja Presbiteriana, quando encontrei o Luís, na década de 1960, uma época de forte turbulência, mas igualmente de intensos debates e reflexões sobre o papel da Igreja na sociedade. Foi durante um colóquio...
Debate: Deficiência, dignidade e realização humana
Quando ambos falamos de realização humana, talvez estejamos a referir-nos a coisas diferentes. Decerto que uma pessoa com deficiência pode ser feliz, se for amada e tiver ao seu alcance um ambiente propício à atribuição de sentido para a sua existência. No entanto, isso não exclui o facto da deficiência ser uma inegável limitação a algumas capacidades que se espera que todos os seres humanos tenham (e aqui não falo de deficiência no sentido da nossa imperfeição geral).
Luís Moita, um amigo grande que partiu
Não esqueço de modo nenhum o tempo de companheirismo de ano e de turma, desde a idade dos 14/15 anos, no seminário de Almada prolongando-se depois pelo dos Olivais, ao todo num período de nove anos. O Luís evidenciava-se pela inteligência, sem nunca fazer disso pedestal para sobressair; sempre a cumplicidade alegre, brincalhona e solidária com todos os colegas. E assim foi crescendo, evidenciando-se sempre sem nunca deixar de ser o mesmo.
Eutanásia numa sociedade pluralista
A eutanásia nada mais é do que o cumprimento da vontade soberana do indivíduo de querer pôr termo a uma vida que, pelas mais variadas razões, considera destituída de sentido. A legalização da eutanásia revela tão-só o respeito do Estado pela autonomia individual e a garantia de que o indivíduo terá todo o apoio necessário para que a sua vontade soberana se possa cumprir.
Os meus livros também
… são para mim motivo de cuidados. Por razões de espaço e, como diz a minha mulher, por estar a criar problemas aos meus filhos: que farão, depois, dos meus livros? O que quiserem, é claro. Já tive de dar, com gosto e desgosto, muitos deles. Mas o maior dos meus problemas, quanto aos livros, é que já não terei tempo para ler aqueles que tenho mesmo de ler.
A deficiência não é castigo, é uma manifestação da diversidade
A deficiência não é castigo, é uma manifestação da diversidade humana. É desafiante para os seus próximos e para a sociedade: o desafio do cuidado e da atenção às necessidades uns dos outros. Desinstala-nos das maneiras de fazer habituais “para o cidadão médio” exigindo criatividade no repensar na organização da sociedade para que todos tenham lugar.
Transumanismo
A corrente de pensamento que se vem sendo designada como transumanismo pretende a superação de todos os limites que pode representar a natureza humana, aumentando as capacidades da espécie transformando-a em algo de distinto e superior (a ponto de, numa vertente mais radical, se transformar numa espécie distinta: o pós-humaníssimo).
Um estrado de 5 milhões de pregos
Sejamos brutos, porque é preciso, mas justos, porque devemos ser sempre justos: é preciso ser absolutamente cego, insensível, insensato e outras coisas que ultrapassam “bruto” para permitir um estrado de 5 milhões de euros (fora derrapagens, por certo) para servir de altar papal da Jornada Mundial da Juventude, cujas mais valias evangélicas alguém um dia deveria provar (terão notado que eu escrevi evangélicas, não me referia às outras mais valias, obrigadinho pela atenção).
À procura de Sentido em Terras do Sol Nascente: Japão (4)
Azul e verde a Sul: Yakushima
Antes da ilha de Okinawa, chegáramos de avião ao pequeno aeroporto de Yakushima e deparámo-nos com uma ilha paradisíaca, muito montanhosa, apelidada de Ilha da Vida ou Ilha Encantada. Em japonês a palavra shima quer dizer ilha. Trata-se de uma ilha em forma de pentágono (bastante diferente das outras, em geral ilhas longas e estreitas), com uma área de cerca de 500 quilómetros quadrados.
A porta aberta e a mesa posta: uma comunidade que celebra a Fé
Ao Domingo, pelas onze horas, cerca de 300 pessoas, isoladas ou em família, sobem a rampa do Mosteiro para a celebração da eucaristia, o encontro semanal da Comunidade e centro da sua vida religiosa. Uns, vão a pé. São os que residem nas imediações e para quem o Mosteiro da Serra do Pilar (Gaia) sempre foi uma referência; para muitos a casa onde brincaram, cresceram, fizeram amigos, abriram horizontes e aprenderam a Fé.
O presbítero que “soprava” a centelha divina que existe em cada um de nós
Lembro-me de uma das primeiras grandes lutas: “missas de casamentos, funerais, e baptizados” eram fontes de receitas da irmandade que então administrava o Mosteiro da Serra do Pilar. E da clara mensagem do Arlindo, tão revolucionária à época: “Os sacramentos são para se dar; não são para se vender.” De facto, nunca, na Comunidade Cristã da Serra do Pilar que então nascia, se levou ou aceitou dinheiro por uma celebração, fosse ela qual fosse.
Luta pelo clima: da sobrevivência à vivência
Temos assistido nos últimos tempos a várias manifestações de jovens exigindo decisões urgentes que conduzam a alterações que permitam a sustentabilidade do planeta – o mesmo será dizer a nossa sobrevivência. Ainda bem que os jovens saem à rua, se manifestam e não têm receio de sofrer as consequências. Esta luta é deles, mas também de todos nós. Tanto mais que este é o legado que nós lhes deixamos, embora também eles sejam o que são porque filhos desse mesmo legado.
Como as árvores
Tudo vem do planeta, da terra ou do mar, seja madeira, alimentação, pedra e metais, petróleo e gás. E mesmo as substâncias compostas, manipuladas pela mão do homem, partem do que a Natureza oferece, o que aumenta a nossa responsabilidade pelo equilíbrio do planeta e nos obriga a uma economia sustentável e a uma mordomia responsável pela sua preservação.
O Irão em brasa: A brutal repressão aos protestos
Não há dia que não cheguem notícias relativas ao grande e antigo país que é o Irão. As ruas das cidades desde há largas semanas que têm sido palco de multidões de manifestantes a clamarem por liberdade. Aos apelos dos iranianos, o governo religioso autocrático do Irão tem respondido com uma desmesurada e sangrenta violência, chegando a condenar à morte alguns manifestantes.
Arlindo
Conheci o presbítero Arlindo numa celebração da Vigília Pascal. Fui com um amigo que me convidou. Tinha 18 anos e fiquei fascinada com a intensidade celebrativa da comunidade da Serra do Pilar e a beleza derramada em luz e canto. Integrei essa comunidade e lá permaneci por longos anos. Com o Arlindo aprendi a viver a graça de cada momento, a alegria na simplicidade, partilha e acolhimento mútuo. Aprendi a aprofundar as razões da minha fé e a questionar as “verdades” estabelecidas.
Bento XVI, a marca da Esperança
Em lugar da simplificação tão repetida centrada num perfil conservador, temos de entender que, ao longo do seu percurso teológico e pastoral, o Papa Bento XVI foi uma figura de paradoxos virtuosos. E tais paradoxos correspondem a uma articulação futurante entre a compreensão das raízes culturais e históricas da tradição e a perceção crítica da modernidade.
O papel da Lógica na Teologia
Nas palavras do filósofo Jc Beall, “a teologia cristã é uma teoria de Deus”. Ora, quando se constrói uma teoria de Deus (ou seja, uma teologia), começa-se por adicionar algumas verdades ou axiomas sobre Deus como, por exemplo, que Deus é trinitário, que Jesus Cristo é simultaneamente divino e humano, que Deus é omnipotente, entre outros.
Orlas temporais
Tempo de mudança e novo ano é um tempo panorâmico entre extremos. Um tempo de olhar em volta, para o que ficou atrás e para o possível que se adivinha em frente. São dias em torno da transição, um limbo entre o fim de ano que espera o futuro e o princípio de ano que se volta para admirar o passado.
À procura de Sentido em Terras do Sol Nascente: Japão (3)
Okinawa e as Pedras da Sabedoria
A ilha de Okinawa pertence ao arquipélago RyuKyu (170 ilhas) e a capital é Naha. Fica mais perto de Taiwan do que de Tóquio, numa importante região geoestratégica envolvendo Japão, China, Coreia, Indonésia e Polinésia. Estamos, portanto, bem a sul, perto do trópico de Câncer. Clima subtropical.
Lei natural ou liberdade responsável?
A aceitação da legitimidade moral das relações homoafetivas não é nenhum protesto contra as relações heterossexuais ou contra o casamento tradicional. Quem tal afirma está simplesmente a desviar a atenção do ponto essencial: a urgência da aceitação da homossexualidade como uma das formas com que a sexualidade humana se manifesta, sem exclusões nem restrições indevidas.
O ano aceitável do Senhor
Ao longo dos séculos, a Igreja [cristã] tem conseguido, de uma maneira ou outra, levar a cabo essa importantíssima tarefa que é a de ser agente transformadora da sociedade na qual está inserida. Mesmo em muitas das nossas sociedades modernas e secularizadas, ainda persistem assimetrias sociais gritantes. Importaria recuperar cada vez mais essa voz profética da Igreja que, além de denunciar as injustiças sociais, também proporcione esperança, libertação e cura para muitos dos males que nos assolam nos dias de hoje.
Três ideias evolucionárias de Bento XVI
Ao ler as primeiras palavras e títulos das notícias após a morte de Bento XVI, fez-me muita impressão como o traço mais marcado da pessoa – o seu pensamento evolucionário – ficou ocultado pelo sensacionalismo despertado pelo entretenimento fácil que os escândalos na Igreja Católica suscitam no insaciável desejo pelo melhor sensacionalismo que adormenta as mentes.
Saber esperar
A evolução necessária para uma vida mais plena, livre, consciente, vasta e frutífera, exige que façamos da insatisfação um caminho. Há que abraçá-la como o motor mesmo da nossa evolução e realização própria, de tal maneira que, em obediência à própria dinâmica da nossa vocação para ser e para o Ser, saibamos esquecer continuamente o que está para trás e avançar sempre para diante.
Quando o abusador processa a vítima
A comunidade religiosa das Testemunhas de Jeová na Espanha pôs em tribunal uma associação que visa representar ex-membros dessa religião que se sentem vítimas das suas práticas religiosas, em especial, pelo ostracismo ou morte social praticados contra os ex-membros e regras internas que têm promovido o encobrimento de casos de abuso sexual de crianças.
Terá a comunidade LGBT lugar na Igreja Católica?
A recente leitura do estimulante livro de James Martin, Construindo uma Ponte, aumentou em mim a convicção de que há muito caminho a fazer no contexto da Igreja Católica quanto aos direitos das pessoas LGBT, tal como também em relação aos direitos das mulheres.
Bento XVI
Uma vida de serviço inteligente à Igreja
As últimas palavras de Joseph Ratzinger, na língua materna alemã, “Jesus, eu te amo” representam o essencial do seu discurso teológico, iluminam o núcleo da sua dedicação ao serviço do Evangelho, constituem a força das suas decisões, sobretudo a de renunciar ao papado.
Terminou a caminhada sinodal da Igreja Católica?
O ano que terminou constituiu para toda a Igreja e, portanto, para a Igreja em Portugal, um momento extraordinário de mudança.
O menino que não se cansa de nascer
Este menino não se cansa de nascer porque em todas as peripécias da vida se foi unindo cada vez mais profundamente ao mistério de Deus. Porém, Deus não é um mistério: Deus é o mistério. O Homem é um mistério, o Universo um mistério… porque “se movem e existem” dentro de o mistério. E o menino de hoje aprendeu a saborear em tudo esse único e total mistério: na dor e prazer, tristeza e alegria, vida e morte e, sobretudo, na inquietante e inextrincável questão do Bem e do Mal.
Do Natal ao Dia da Paz
O caminho para a construção de um plano integrado para a Sustentabilidade Total norteada pela Ecologia Integral, como atrás referido, nas comunidades em que nos integramos, será bem sucedido na medida em que for bem sucedida a coordenação e harmonização intercomunitária fraternalmente conduzidas.
Finalmente despertos – doença mental e estigma
Por vezes temos dificuldade em usar palavras simples, mas são elas que traduzem o que nos preenche e nos ajuda a ser felizes. Falo da esperança, que é a confiança em algo melhor, ou seja, a relação mais saudável que podemos ter com esse tempo do nosso tempo chamado futuro.
S. Paulo nos dias de hoje
Metamorfose Necessária – Reler S. Paulo de José Tolentino Mendonça (Quetzal, 2022) é um livro oportuno para esta quadra de Natal como leitura utilíssima. Através de Paulo, podemos entender melhor a essência da Epifania, representada metaforicamente na presença dos Magos no presépio, mas só compreensível através do fundamental encontro na Estrada de Damasco.
À procura de Sentido em Terras do Sol Nascente: Japão (2)
Quioto, finalmente!
Não posso deixar de sugerir o haiku japonês em epígrafe. Sabemos que o haiku remonta à forma clássica da poesia japonesa; é um poema curto, em geral de 17 sílabas. A tradição consistia em que vários poetas se reuniam e compunham poemas em conjunto. Muito belo, muito ao jeito de uma das características culturais japonesas, a vida de grupo. E estivemos no Japão em pleno outono.
Voluntários no mundo – ‘És meu irmão amigo, és meu irmão’
Na sua forma mais simples, que até uma criança entende, ser solidário começa assim, neste imaginar-se na condição do outro, neste entender a sua dor, mesmo que não se saiba que a isso se chama empatia. Para uma criança, bastará. Mas à medida que crescemos, crescem as dores do mundo, e vamos percebendo que não basta a nossa empatia para as sossegar, muito menos para as curar. É preciso ação. E é neste sentido de urgência que emerge o voluntariado como uma das formas mais nobres e mais belas de expressar a nossa humanidade, de sermos verdadeiramente irmãos do Outro.
“Homem e Mulher os criaste à Tua imagem”
Antes de mais, sinto que tive a graça de crescer numa família cristã, numa paróquia (Padrão da Légua) onde o anúncio da Palavra gerava vida, vida comunitária e na liberdade dos filhos de Deus. Desde cedo, percebi que o batismo recebido em criança tinha de ser assumido e vivido no dia-a-dia, como filha muito amada e criada à imagem de Deus.
Natal: a celebração de uma contradição
Aparentemente os cristãos acreditam em doutrinas logicamente inconsistentes e contraditórias. Por exemplo, no Natal os cristãos celebram a encarnação. Mas será essa uma doutrina consistente do ponto de vista lógico? Parece que não, pois ao celebrarem o Natal os cristãos proclamam que Jesus Cristo é essencialmente o Deus omnipotente e omnisciente que, como todos os humanos, exemplifica essencialmente a natureza humana com as suas inúmeras limitações, incluindo o poder e conhecimento imperfeito, a compreensão imperfeita, etc. Assim, a contradição é vívida.
A Quaresma de Natal e o Advento na Igreja Ortodoxa
Na ortodoxia, o período de preparação para a Natividade do Senhor é conhecido por Quaresma de Natal; este ano, iniciou-se no passado dia 28 de Novembro do calendário gregoriano (15 de Novembro no calendário juliano) e prolonga-se até 6 de Janeiro (24 de Dezembro).
Estás de esperanças?
Oferece a cidade parábolas para entender o tempo presente? Sim, muitas. São como sinais a ler, e a reler, para nos lermos. Se andarmos atentos como Jesus à sua quotidianidade, as parábolas hão de saltar para os olhos e os ouvidos a cumprir a atenção, o estilo de vida em espera incessante.
Natal e dignidade
Deus surge no palco da História de forma singular. Ele não apenas providenciou Salvação para a humanidade, mas o nascimento de Jesus é em si mesmo um acto de dignificação da família humana em diversas dimensões.
Missão: resgate do Natal
Natal! Esta é uma das épocas mais emblemáticas dos países cristãos. É sem dúvida um tempo de grande relevância! Sem Jesus não haveria esta festividade. Como este Homem marcou o mundo! Entre muitos homens e mulheres que se destacam pelos seus feitos, nenhum se compara a Jesus Cristo, nascido em Belém. Jesus é singular por continuar a fazer história neste mundo e talvez seja por isso que continua haver muita controvérsia à volta da sua Pessoa.
Adultos. Com A grande, sff. (II)
O primeiro propósito deste texto está cumprido: citar os Capitão Fausto. Não garanto que cumpra o segundo, ou seja, perceber como olhamos hoje para a idade adulta no chamado Ocidente.
Cristãos e finanças
Diz o famoso poema de Fernando Pessoa que Jesus Cristo não percebia nada de finanças. Mas o recente documento da Academia Pontifícia das Ciências Sociais Mensuram Bonum (uma alusão àquela “medida transbordante” que o Evangelho promete a quem dá...
Perdoar: gesto de inclusão
Perdoar nunca é fácil, pois exige a humildade de nos desnudarmos da roupagem que ao longo da vida vamos vestindo e de nos olharmos naquilo que realmente somos.
A “ideologia de género”, ou como deitar achas para a fogueira da direita radical
Como é sabido, o berço da expressão “ideologia de género” encontra-se na documentação do Vaticano. Por diversos motivos, não sendo os de menor importância uma reação a documentos e diretivas das Nações Unidas, da União Europeia e de diversos países relativas aos direitos das mulheres (nomeadamente, no que diz respeito aos direitos reprodutivos e à igualdade de oportunidades) e, mais recentemente, no que diz respeito aos direitos de pessoas LGBTQ (nomeadamente, casamento entre pessoas do mesmo sexo e adopção por casais do mesmo sexo).
O milagre de um segundo Sol
Os olhos do mundo voltam-se para o Laboratório Nacional Lawrence Livermore nos EUA onde os cientistas conseguiram, pela primeira vez na história humana, a ignição por fusão nuclear, o mesmo tipo de energia que existe no nosso Sol. É o milagre de um segundo Sol com uma energia limpa no sentido de ser segura, produção residual de lixo radioactivo de curta duração; ou seja, um dia, um copo de água pode fornecer energia a uma casa durante um ano. Mas da prova de conceito ao fornecimento comercial deste tipo de energia podemos ter de esperar ainda algumas décadas. Décadas que não temos.
Espero por ti… espero em ti
O meu tempo de Advento tem sido marcado pela Esperança… esta palavra tem estado presente nas nossas conversas e orações comunitárias, no que vou rezando e lendo. Ultimamente reparo também que viver com esperança é um desejo de muitos, o que, na verdade, não é novo. Todos os anos, neste tempo, esperamos…
Porque choraste, Papa Francisco?
Nunca tinha visto um Papa chorar, convulsivamente, em público nem em privado. As pessoas importantes, ou mesmo as ditas figuras públicas, são obrigadas a guardar os seus sentimentos mais dolorosos para os seus domínios privados. A atual pessoa mais notável da Igreja Católica chorou rodeada por uma multidão. Só pessoas com corações empedernidos não se sensibilizaram.
Japão: À procura de Sentido em Terras do Sol Nascente
Fui brindada, sem qualquer expectativa de que tal me pudesse acontecer, com uma visita de estudo a creches e jardins de infância no Japão, sobretudo de alguns edifícios construídos de raiz (ou adaptados) pelo famoso arquiteto Takaharu Tezuca. Partilho uma experiência que foi uma lição de vida, diria mesmo uma espécie de “peregrinação”.
A história do riso é também a história do não-riso, sobretudo feminino
Pode estar a acontecer uma libertação do riso, com a ajuda do muitas vezes menosprezado “riso fácil”, presente nos programas mais “ligeiros” dos meios de comunicação de massas. Por vezes é preciso dizer o óbvio: o riso não mata.
Um Deus mergulhado na nossa humanidade
Diante de uma elite obcecada pelo ritualismo de pureza, da separação entre puros e impuros, esta genealogia revela-nos um Deus que não se inibe de operar no ordinário e profano, que não toma preferência alguma acerca daqueles que se assumem categoricamente como sendo corretos, puros de sangue ou mesmo como pertencentes a determinada etnia ou género.
Desarmar-se
Sinto-me um pouco embaraçada. Perguntam-me: como correu o encontro com os meus amigos no Porto e, afinal de contas: o que é isto de “Juntos pela Europa”? O que é que 166 pessoas de 19 países diferentes, de 45 movimentos e comunidades de oito igrejas, podem fazer em conjunto, quando “os semelhantes atraem os semelhantes” e a diversidade é raramente – ou talvez nunca – uma força de coesão? E sem falar das diferentes visões geopolíticas, culturais, históricas, confessionais e, além disso: o que farão agora os russos e os ucranianos, que também estiveram presentes?
Sociedade à deriva: um novo caminho precisa-se
Mounier, dizem, foi um precursor do Concílio Vaticano II.
A vida por inteiro, uma ode ao amor de Deus
É difícil descortinar Deus na vida toda: a que nos agrada e a que não nos agrada, a que nos edifica e a que nos abate, a que entendemos e a que nos lança na escuridão. Todos os dias vivemos muitos momentos que nos atiram para tudo isso, e só não percebemos estas nuances se não as quisermos ver. É fácil encontrarmos Deus quando a vida corre bem: tudo encaixa, os nossos talentos estão à vista e vão crescendo, somos reconhecidos, acordamos com vontade para novos dias, que vão ser cheios de coisas boas, previsíveis nas suas causas e nos seus efeitos.
São Carlos de Foucauld: a mística do último lugar
A 1 de Dezembro celebra-se a memória litúrgica do Irmão Carlos, recentemente canonizado pela Igreja Católica. Revisitemos esta figura, que poderá ser inspiradora para a renovação do catolicismo, no seu atual processo de sinodalização.
Porque não somos insignificantes neste universo infinito
Muitas pessoas, entre as quais renomados cientistas, assumem frequentemente que o ser humano é um ser bastante insignificante, senão mesmo desprezível, no contexto da infinitude do universo. Baseiam-se sobretudo na nossa extrema pequenez relativa, considerando que o nosso pequeno planeta não passa de um “ponto azul” situado num vasto sistema solar.
Sentido e valor da dualidade sexual
A sociedade edifica-se a partir da colaboração entre as dimensões masculina e feminina. Em primeiro lugar, na sua célula básica, a família. É esta que garante a renovação da sociedade através da geração de novas vidas e assegura o desenvolvimento harmonioso e complexo da educação das novas gerações. Por isso, nunca um ou mais pais pode substituir uma mãe e nunca uma ou mais mães podem substituir um pai.»
Crentes e discípulos
Apesar de muitos confundirem os dois conceitos, a verdade é que ser crente no Deus dos cristãos é muito diferente de ser um discípulo de Jesus Cristo. Vejamos alguns contrastes entre ambos.
Valores, religiosidade e idade secular
A publicação de Valores e Religiosidade em Portugal – Comportamentos e Atitudes Geracionais (Afrontamento, 2022) do cónego Eduardo Duque constitui oportunidade para refletirmos sobre a necessidade de compreender a importância dos valores éticos e religiosos na sociedade contemporânea. Importa recordar o que Hermann Broch (1886-1951) afirmou sobre o “vazio de valores”, que afeta a sociedade contemporânea e os seus efeitos na fragilização comunitária.
As pandeiretas e o silêncio
Por tudo isso fui espectador interessado do filme Spotlight, de 2015, cuja história se passa no interior de um dos mais importantes jornais dos EUA – o Boston Globe. Um dos aspectos mais curiosos do enredo do filme foi a leitura dos Anuários da Arquidiocese de Boston que permitiu perceber as deslocações anuais dos sacerdotes nas várias paróquias. Como num jogo de dominó, as peças foram-se juntando.
Religião na política: invocar o nome de Deus em vão
O poder crescente da religião na política tem-se manifestado cada vez mais nos nossos dias. Alguns exemplos demonstram esta realidade. Na Rússia, o líder da Igreja Ortodoxa a manifestar-se ao lado de Putin a favor da ilegal e sangrenta guerra da Ucrânia, invadida pelas tropas russas, apesar da oposição da maioria das nações. Na Turquia, Erdogan a tentar arrasar o estado secular de Ataturk que imprimiu ao seu povo um ar de liberdade para os muçulmanos.
COP27: somos mais, mas podemos ser melhores
Chegámos aos oito mil milhões de seres humanos sobre esta Terra. O planeta até aguenta o nosso peso, mas será que aguenta o peso dos nossos estilos de vida? Se estamos cada vez mais dependentes da energia, o que representam milhares de milhões de pessoas a carregar todos os dias os seus telemóveis, a trabalhar nos computadores, a manter o frigorífico e ar condicionado ligados, apesar de nem todos terem acesso a esses?
Cultivar caminhos para a JMJ
“É preciso rasgar com aquilo que é costume, e inovar, e arriscar o que é diferente” – propôs D. Américo Aguiar numa celebração na Sé Nova de Coimbra em Outubro de 2021.[1] É um excelente propósito para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) de Lisboa e, felizmente, já se vê algum caminho nesse sentido.
À hora dos cães
“Esta é a década em que plantas viraram pet e pets viraram filhos”, dizia a minha amiga um dia destes, enquanto passávamos na calçada à hora dos cães.
Meditação, silêncio e transformação social
Um dos aspetos mais interessantes deste século XXI é a consciência, cada vez mais estendida, de que não pode haver uma verdadeira transformação social, política, económica e cultural sem uma transformação interior. Noutras palavras, não pode haver uma revolução social sem haver, ao mesmo tempo, uma revolução interior. Ambas as realidades são dialéticas: ambas se necessitam e mutuamente se implicam.
Uma Nova Estação
Depois de um outono e inverno rigoroso, nada melhor que a chegada da primavera. Da mesma forma, depois de um tempo inesperado de confinamento, é mais do que bem-vindo o poder sair e celebrar com alegria a chegada de um novo tempo. Assim, no dia 15 de outubro a cidade das Caldas da Rainha graciosamente recebeu a sétima conferência de mulheres, organizada pelo departamento de mulheres da Convenção das Assembleias de Deus em Portugal.
A beleza de que somos capazes
Ruben David Azevedo, colaborador da coluna Entre Margens, acaba de editar O Que Nos Salva?, coletânea de textos sobre “o Absoluto, a Consciência, o Absoluto-da-Consciência, o Sentido da vida, e o Mistério de Tudo”, que inclui também uma dezena de crónicas publicadas no 7MARGENS.
“Carta a Nikola”– um filme-poema para um filho e para a Humanidade
Hoje falo-vos de um filme-poema-carta que tive a oportunidade de ver esta semana por iniciativa da Margarida Marques que levou este filme ao Parlamento Europeu. Filme-poema-carta. É assim que chamo a ‘Carta para Nikola’, o filme da jovem realizadora grega Hara Kaminara. Não é um filme de circuito comercial, e não é só um filme. Logo à primeira imagem, percebo que somos como que convidados a entrar na intimidade de um olhar. ‘Há que fazê-lo, portanto, com respeito’, penso para mim.
Dos múltiplos rostos de Jesus
A história tem revelado como a figura real de Jesus tem sido muitas vezes descaracterizada, desfigurada, adulterada. De um simples e humilde rabi que percorria os campos e as aldeias da Galileia pregando o Evangelho aos pobres, proclamando a libertação dos aprisionados, recuperando a vista aos cegos e restituindo a liberdade aos oprimidos, não demoraria até que muitos vissem nele um Messias que viria trazer a libertação política a um povo já tão martirizado e subjugado pelo Império Romano.
A exuberância da morte
Por isso, a morte é sedutora, na medida em que nos recorda esta vida partilhada. Por isso é que podemos falar numa exuberância da morte: ela própria fala-nos da exuberância das relações de amizade, paternidade ou filiação. Isto é, fala-nos da exuberância da vida.
O processo sinodal e a JMJ
Sem oportunidades reais para se debruçaram sobre estas questões reveladas pelo caminho sinodal, as JMJ correrão o risco de ser mero fogo de artifício, incapaz de impulsionar a Igreja em Portugal num caminho rejuvenescido de maior intimidade com o Evangelho e de ser anunciadora corajosa do Amor, que se manifesta em maior solidariedade, fraternidade e acolhimento de todos.
Dia de Finados: laços entre vivos e mortos
Ao aproximar-se o dia de finados – fiéis defuntos para os católicos – todos os caminhos vão dar aos cemitérios. Ramos e mais ramos de flores, naturais ou artificiais, vão ornamentando os cemitérios, transformando-os em aprazíveis jardins. Também não faltará a limpeza das campas, esquecidas ao longo do ano. Há mais vida para além dos familiares falecidos…
As urgências da humanidade
No anterior artigo que publiquei no 7MARGENS e no qual invoquei o Dia Mundial da Saúde Mental, prometi referenciar algumas urgências da humanidade, como proposta para construir a esperança num mundo melhor e, consequentemente, enfrentar e combater, no que de cada um depende, algumas fraturas relevantes da humanidade.
Falta convicção para acabar com a pobreza
Estamos a viver tempos difíceis para a justiça e a racionalidade, para a solidariedade e para a fraternidade, a propósito de uma humanidade desfavorecida. Esta é uma hora de justiça e de coragem em ordem à opressão e ao sofrimento. A pobreza não é vergonhosa, mas sim a injustiça que cria a pobreza.
Fraternidade Sem Fronteiras: por onde começar?
Confesso que fiquei mais enriquecido com tudo o que escutei, mas muitíssimo inquieto. É que se reavivou uma preocupação que me foi sendo transmitida, sempre com um grande, mas sereno incómodo, como era seu timbre, por esse virtuoso ser humano e cristão, Acácio Catarino, que pôs em destaque o pouco testemunho, senão até o contratestemunho de fraternidade, existente dentro da Igreja Católica, por “fronteiras” que se colocam ao relacionamento humano.
Caro Professor Adriano Moreira
Há pouco mais de 50 anos, quando chegou a altura de escolher o curso universitário, já orientada para a dedicação à causa pública, foi-me sugerida pelo meu Pai aquela que então era conhecida como a “sua” Escola. Chamava-se ISCSPU (Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina), o U acabou por cair com a evolução dos tempos.
A morte das referências
Uma sociedade sem referências é uma sociedade dando sinais de falência. As referências morais que justificavam a nossa esperança na humanidade caíram e, com elas, foi ao fundo a confiança que tínhamos, não só nas instituições, mas principalmente nos líderes das várias áreas da influência da sociedade.
Aventura sem retorno
“Seis meses de avanços e recuos sem um fim no horizonte” – assim uma notícia de há dois meses retratava a evolução da guerra na Ucrânia. Os cenários de morte e destruição vão-se repetindo e a eles quase nos habituamos. A contabilidade de vidas perdidas, de um e de outro lado, cresce de dia para dia. O que aparenta ser uma inversão da tendência de derrota está longe de ser uma vitória e desencadeia uma mais forte reação contrária gerando uma espiral interminável.
Não somos deste mundo
Talvez precisemos de reconhecer que não somos deste mundo, para que possamos verdadeiramente saboreá-lo e experiênciá-lo. É como quando estamos em viagem num país estrangeiro, tornamo-nos mais disponíveis para apreciar todas as coisas, a história do local, a...
Ando a brincar com o fogo
Perguntam-me vezes sem conta porque escolhi trabalhar com fogo, profissão tão rara… e eu posso responder que foi para me livrar do pânico, das ideias diabólicas ligadas àquela imagem do incêndio em casa. Poderia aqui descrever pormenorizadamente a tragédia, mas a história não ganharia nada com isso e o final foi feliz.
O valor do fracasso
De acordo com a filosofia do nosso tempo ninguém quer aparecer como fracassado ou falhado perante a sociedade. A miragem do sucesso predomina, mas a vida é sempre feita de sucessos e fracassos.
Um Sínodo para Caminhar
O Papa Francisco tem insistido na necessidade de trilhar o caminho sinodal, como uma verdadeira partilha de pensamento e ação. No momento em que há preocupações relativamente à imagem pública da Igreja, importa reforçar a exigência e o sentido de responsabilidade e de cuidado, sem os quais prevalecerá uma visão empobrecedora da realidade que somos chamados a compreender.
Um irmão de Taizé em Bragança: saborear o justo e necessário
Passaram-se dois meses desde que um grupo de jovens de Bragança rumou a Taizé (França), para aí viver uma experiência de verdadeira plenitude, concretizada na mais absoluta simplicidade.
Transformar o furto em fruto
No dia 1 de janeiro de 2020, um casal de músicos embarcou numa corajosa viagem pelo livro dos Salmos, comprometendo-se a publicar semanalmente um salmo musicado, “até todos os salmos serem cantados de novo”. Novamente e em novos encadeamentos. Não sabiam que encontrariam uma pandemia pelo caminho, vários confinamentos e muita incerteza. Tal nãos os impediu de continuar a jornada. Até à presente data, encontra-se já disponível a sua versão do Salmo 145.
E depois do Tempo da Criação?…
A cada ano que passa, tornam-se mais prementes os alertas neste mês focado na criação. Infelizmente, é mesmo preciso desinquietar as pessoas: daqui a alguns anos, as crianças de hoje poderão perguntar porque deixámos degradarem-se tanto as condições de vida no planeta.
Ribeiro Santos assassinado há 50 anos: Adamo ou Bob Dylan?
Comecei a ir às reuniões dos estudantes politizados. Embora o Zé Pacheco Pereira tivesse acabado ou estivesse para acabar o curso de Filosofia, apareceu uma vez numa sessão cultural organizada pela sua organização política da esquerda radical – enfim, essas organizações eram quase todas de “esquerda radical”, vulgarmente chamadas “maoístas” ou então, pelos estudantes “conscientes”, de “marxistas-leninistas”.
Grandes fraturas da humanidade
Este mês de Outubro é marcado, entre outros, pelo Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinalou dia 10. Porque defender a Saúde Mental não é apenas (também o é e isso é muito importante) fazer campanhas anti-estigma ou sensibilizar para a necessidade de se pedir ajuda a tempo, quando se identifica um problema ou os seus sinais prodrómicos, resolvi compilar alguns conteúdos dessa intervenção que fiz.
Vamos deixar as revistas em papel morrerem?
Recentemente, a 12 de setembro de 2022, a Paulus anuncia que a revista “Família Cristã” deixaria de ser impressa ao fim de 68 anos de existência. Fez notícia? Sim. No próprio dia. Mas, e depois? Um silêncio sepulcral. Ninguém procurou reflectir sobre as razões da diminuição do número de assinantes e do aumento dos custos de produção.
Um documento para praticar
O documento que foi publicado, uma síntese do que pensa o Povo de Deus, em Portugal, chamado “Relatório Portugal”, que contém as opiniões dos homens e mulheres que se fizeram ouvir em Portugal sobre o Sínodo – 2023, foi objeto de algumas críticas, depois de publicado, em forma de “cartas abertas”.
Sinodais a irradiar
O processo e o caminho estão apenas no início. Avancemos com confiança, guiados e animados pelo Espírito Santo e não nos deixemos parar pelo cansaço, desalento ou retardar dos frutos. Irradiemos o estilo sinodal. A renovação da Igreja está a urgir e transformação e a humanização da cultura é premente.
Sessenta anos do Concílio Vaticano II: um tremendo vendaval do Espírito
Faz precisamente 60 anos no próximo dia 11 de outubro de 1962 quando o Papa João XXIII inaugurou solenemente o Concílio Vaticano II. Destacando-se como um dos mais importantes eventos religiosos e eclesiais do século XX, nunca antes um concílio ecuménico da Igreja Católica Romana foi tão amplamente coberto e noticiado.
Um dia igual aos outros
Os olhos vão chegando ao final do Verão carregados de paisagem. Lagos, montes, desertos e um oásis pelo meio, as planícies e praias de sempre, o Douro – fruto literal da videira e do trabalho do Homem –, e um sem número de lugares. E a Cidade Santa. Jerusalém. Monte das Oliveiras, final da tarde.
Meteoritos e pedras de moinhos
O abuso é crime público, sim, mas as palavras de Jesus não são menos duras do que as penas legais.
John Rawls: a religião nos limites da razão
John Rawls nasceu há pouco mais de 100 anos (21.2.1921) e A theory of justice, a sua obra mais conhecida e seguramente o mais importante tratado de filosofia política de todo o século XX, data de 1971. Duas datas que os amantes da liberdade e da democracia política têm abundantes razões para celebrar, mas quase despercebidas na imprensa e na pomposamente chamada academia, territórios onde a razão serena vem tendo evidente dificuldade em singrar.
Como árvores desfolhadas
Um dia destes, alguém chamou a minha atenção para as duas árvores defronte à minha casa. Duas árvores da mesma natureza; mas enquanto uma delas estava coberta de folhas, a outra estava desfolhada.
Tecnologia: do centro e das margens
Para sair do centro para a periferia, não basta uma conversão espiritual, é necessária uma revolução tecnológica, que não é digital. Porque quem usar na periferia as técnicas do centro pode acabar eletrocutado, perdão, sociocutado.
Fraternidade sem fronteiras
A fraternidade é imprescindível na vida e na missão. No Congresso sobre o tema, a realizar nos dias 14 e 15 de Outubro, em Lisboa, queremos reflectir sobre a construção da fraternidade na sociedade, na política, na economia, na missão, no diálogo entre as religiões e na reconstrução da esperança.
Elogio do objector e do refractário, a leste como a oeste
Esta é a guerra que encerra o ciclo das guerras “profissionais”. Os custos da guerra e o seu preço de sangue estão novamente a ser cobrados aos povos. Não nos iludamos com os discursos high-tech, venham eles da boca de Putin ou da dos porta-vozes do Pentágono: os dispositivos guerreiros são feitos para destruir pessoas reais em cada vez maior número.
Devoção Pública
Para os adultos, não faltam ofertas de “espiritualidade”, que parece ser um produto personalizável, como tantos outros do mercado, que pode responder às necessidades e aos buracos na agenda de cada um. Será, hoje em dia, daquelas palavras que carrega em si significados múltiplos, e até contraditórios, que vão desde um descubra-se a si mesmo até à descoberta do totalmente Outro.
Junto ao portão: Lázaro e cães?
[domingo xxvi do tempo comum. Dia Mundial do Migrante e do Refugiado – c 2022]
A ausência de gestos fraternais dilata abismos nos céus.
Igreja sinodal, a fé permeia a vida secular
Numa perspectiva singular, o Papa Francisco observa: Fazer crescer uma cultura do encontro que supere as dialéticas que colocam um contra o outro. É um estilo de vida que tende a formar aquele poliedro que tem muitas faces, muitos lados, mas todos compõem uma unidade rica de matizes, porque “o todo é superior à parte”.
O voo
Quando um filho sai de casa pela primeira vez para um espaço seu, para uma cidade sua, para uma vida sua é hora de nós, pais e mães, amarmos mais que nunca na gratidão perpétua dos laços umbilicais. Afinal de contas todos estamos no mesmo colo.
“Não temos ninguém para ser bispo? – Uma carta sobre a diocese de Angra
Provavelmente, esta inexplicável estima negativa que algum clero açoriano tem de si mesmo é que estará na origem de há cerca de 70 anos nenhum padre do clero diocesano ter sido nomeado bispo. Esta situação, na minha opinião, é incompreensível e intolerável ser o clero açoriano sistematicamente preterido para o ofício episcopal.
Conservadores e progressistas na fronteira do diálogo
Assusta assistir à apropriação política e ideológica da vida da Igreja. Sejamos claros: não existe nada de mal na definição de uma doutrina que oriente a vida da Igreja. O problema está em subordinar a vida da Igreja a uma doutrina, seja ela qual for. Não pode haver uma apropriação de algo tão sério como a vivência comunitária da fé em nome de ideologias e devaneios. Não pode o sínodo ser declaração da abertura de uma guerra pelo controlo da Igreja.
“Quem, eu?” – No Dia Mundial do Migrante e Refugiado”
Naquela pintura, Jesus aponta para Mateus e este aponta para si mesmo, como que a dizer: «quem, eu?»; mas há uma outra versão, que é a de que aquele personagem aponta para o jovem que está absorto a contar o dinheiro, perguntando: «quem, ele?»
Dai-Me Senhor o bom humor!
Com especial ênfase, o Papa Francisco recordou-nos, a partir da Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (2018) a importância da disponibilidade de espírito e da alegria: “Normalmente a alegria cristã é acompanhada pelo sentido do humor. O mau humor não é um sinal de santidade.”
Viver saudavelmente a vocação
Decidi escrever sobre isto na reentrada após férias: frequentemente, estas semanas são tempos desafiantes, que nos levam a tentar não ceder às exigências da vida de forma desequilibrada. Com isso, evitamos ficar tão cansados rapidamente, como nos sentíamos antes de ter parado o nosso trabalho e as nossas obrigações quotidianas, profissionais e outras.
Como o Brasil destruiu a Marcha para Jesus
Afastada do espírito original, a Marcha para Jesus no Brasil transformou-se em palanque para disputa política, para atacar adversários e para promoção pessoal. Portanto, reduziu-se agora a uma marcha sem Jesus uma vez que Ele não é cabo eleitoral de ninguém.
O que temos nós a ver com a “Economia de Francisco”?
Ainda não se aperceberam? Pois então despachem-se porque faltam poucos dias. Faltam poucos dias para quê? Eu bem me parecia que andavam distraídos do facto de que, a partir do dia 22 de setembro e até ao dia 24, se vai realizar em Assis o primeiro grande encontro presencial sobre a Economia de Francisco.
A cultura do “cancelamento” faz assim tanto sentido?
Começo por responder que creio que não, sem receio de ser “cancelada” pelas minhas opiniões. O resto deste artigo explicará a minha defesa da extinção da cultura do “cancelamento” (embora talvez seja uma utopia) ou de, pelo menos, lhe colocar um travão nesta sociedade tão mediática. Eleita como a expressão do ano ainda em 2019, a cultura do “cancelamento” é um fenómeno moderno segundo o qual uma pessoa ou um grupo é expulso de uma posição de influência ou de fama devido a atitudes consideradas questionáveis. Isto pode acontecer online, no mundo real ou em ambos.
Igreja sinodal, luz a irradiar
A Igreja sinodal vai crescendo na cultura da solicitude, na prática do discernimento, na valorização da dimensão integral do ser humano: conhecimento, experiência, afectos, vontade; em ordem a avaliar cada decisão e a promover o bem pessoal integrado no bem comum.
“O que diz o Espírito às igrejas”
Só agora a hierarquia eclesiástica entendeu que, para o seu sínodo (clerical), o Espírito Santo poderia querer dizer-lhe alguma coisa pela voz dos leigos. Antes, pressupunha-se que o Espírito Santo só chegaria à Igreja por mediação clerical.
Aqueles 12 – ou como a unidade é possível
Não precisamos de nos deter imenso sobre as escolhas de Jesus para percebermos que havia ali muito potencial de discórdia. O cobrador de impostos Mateus, a soldo dos romanos, e o agitador Simão (Zelota) que os queria derrubar. Natanael que vinha de Canã e descredibilizou Jesus antes ainda de o conhecer. Vários pescadores de empresas diferentes, concorrentes, onde havia muito mau feitio (Tiago e João eram “filhos do Trovão”). Iscariotes foi quem ficou com a bolsa, mas o perito em contas era Mateus…
O segundo passo
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) divulgou o Relatório de Portugal para o Sínodo 2021/2023. Pouco tempo depois, surge uma Carta Aberta (CA) com vários signatários cujo primeiro nome é conhecido na sociedade portuguesa a criticar o tom negativo do texto e que esquecia o que de positivo faz, também, parte da vida da Igreja.
Igreja sinodal na sociedade secular
O diagnóstico está feito. É preciso ser consequente. A experiência sinodal abre caminhos. A sociedade secular espera os contributos dos cidadãos cristãos para fomentar a humanização integral.
O grande vazio
“Vaidade das vaidades, tudo é vaidade.” Com estas palavras tão conhecidas e repetidas começa e termina o Eclesiastes. Vaidade, do latim vanitas, traz consigo o sentido de vão, vazio.
3ª de 3 pequenas crónicas sinodais
E se a Jornada Mundial da Juventude for um vazio?
Pensando na JMJ, não esperaria que ela reproduzisse as preocupações da minha juventude mas legitimamente esperaria encontrar um pequeno conjunto de ideias arrebatadoras que funcionassem como motivação e mobilização dos jovens. Temos que compreender a JMJ como um evento de massas mas, ainda assim, não é razoável que ela se quede pela competição dos números (estabelecer recordes de presenças: 2 milhões, 2 milhões e meio, como temos ouvido ao bispo responsável) ou por uma triste insipiência de conteúdos.
Sonata platónica
Silenciei a euforia do gesto após a ingénua impulsividade no embalo cego da confiança das falsas palavras, e parti. Parti tão repentinamente... e quão repentinamente cheguei?! Descansei o meu brilho na casa torta e fechei portas à cidade, hoje sou jardim...
Formação sinodal
O nó górdio da Igreja está no desafio de desatar os nós da instituição para lançar as pontes de união indispensáveis para vivermos em comunhão missionária. Esta dinâmica passa necessariamente pela formação sinodal como tem sido atestado pelos relatos diocesanos.
“O que diz o Espírito às igrejas” – Acerca de uma carta aberta à Conferência Episcopal
Uma “Carta Aberta Sobre o ‘Relatório de Portugal ao Sínodo 2021-2023’” (CA), a recolher assinaturas nas redes sociais! Aí está um desafio que promete incendiar os ânimos. Convenhamos que a primeira fase do processo sinodal decorreu de forma relativamente morna, entre nós.
Espírito do tempo
A fidelidade ao Evangelho exige, muitas vezes, caminhar “contra a corrente” ser “sinal de contradição”, como fizeram, desde logo, os primeiros cristãos.
Necessitam-se pessoas extravagantes
Necessitamos hoje, mais do que nunca, de pessoas extravagantes. Imagino que seja esse o desejo de muitas pessoas, extravagante na saúde, extravagante no seu bem-estar e na riqueza, extravagante até na felicidade. Nunca nos contentamos com o essencial, queremos sempre mais e mais.
2ª de 3 crónicas sinodais
Abusos sexuais: um problema sintomático e sistémico, e o confronto entre modelos de igreja
Não podemos deixar de nos interrogar sobre a enorme dificuldade de introspecção da Igreja e a sua opção por demasiadas vezes relativizar, esconder ou dissimular o problema. Ela decorre da sua própria organização e cultura clericalista, própria da Igreja administrativo-funcionalista; será particularmente difícil que ela própria proponha e leve a cabo uma reflexão que a vai colocar directamente em causa. Difícil, mas não impossível.
Viajar
Viajar não é só o fetiche da visão, das fotos, dos vídeos, das paisagens guardadas na memória. Viajar é vestir-se de peles alheias, desmistificar culturas, compreender o outro, abraçar a diferença.
Poliedro pastoral
O sonho de uma Igreja missionária capaz de construir pontes e não muros pode refletir-se através de uma figura apresentada pelo Papa Francisco: o poliedro… Esta figura orienta-nos para saber que ser Igreja em saída significa ir em busca de todas as partes, a fim de...
Redescobrindo a dimensão carismática da igreja
Não negando a importância dos dons de liderança e ensino – que devem ser sempre vistos numa perspetiva de serviço e não de autoridade, o caminho da Igreja, enquanto comunidade do Povo de Deus, deverá sempre ser aquele que é proposto e guiado pelo Espírito Santo, onde cada membro tem um papel importante e essencial no exercício dos seus carismas graciosamente concedidos para a edificação da Igreja do Senhor.
1 de 3 pequenas crónicas sinodais
A tensão entre a igreja administrativa e a igreja dos valores
Atrevo-me a escrever estas crónicas contra o aviso terno da minha mulher: não faças isso, ficas conhecido como o tipo cáustico de mau feitio, que é sempre do contra. Mas se não faço isso, faço o quê, fico a olhar?
S. João de Rei — Autenticidade
O mês de Agosto, pelas mais variadas razões, sejam descanso obrigatório ou país oficialmente fechado para férias, é um tempo de pequenas descobertas. Vamos por aí fora, para algum canto recôndito ou lugar particularmente invisível, e encontramos experiências improváveis que nos marcam.
A Igreja quer ouvir-te
Este convite chega-me do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam). Fico surpreendido, tanto mais que vem acompanhado pelo nome do Papa Francisco. Desperta o meu desejo constante de acompanhar e viver o que acontece na Igreja Católica. Por isso resolvi dar-lhe resposta, que partilho neste artigo.
A arte da simplicidade e o minimalismo
E logo eu que não sou nada de ler livros de estudos, auto-ajudas ou cientificos, deparei-me, certa vez, com um livro aberto em minhas mãos cujo título era A Arte da Simplicidade. Eu não tinha mais que uns 20 anos de idade e, ainda hoje, me lembro do quanto aquelas páginas me impressionaram, do quanto aquela descoberta me transformou.
Palavra de Deus e violência do Homem
Dizer que só as bases da nossa religião são as únicas infalíveis e que os rituais com que a exprimimos são os únicos que nos podem garantir o seguro caminho da plena realização de cada pessoa e da harmonia universal – é uma das causas principais dos conflitos, guerras e crimes da Humanidade.
Nossa Senhora da Boa Viagem em duas rodas, rogai por nós!
Gosto de trabalhar em Agosto. Também gosto de guardar uns dias das minhas férias para viver na cidade que habito. Agrada-me tecer rotina longe das rotinas, quando todes constroem a sua casa longe de casa. Sempre gostei, mas este ano tem um sabor especial: marca o mês em que a rotina se volta a fazer de cabelos ao vento, na minha bicicleta, depois de uns anos sem pedalar.
Evangelizar nas redes sociais
Acolhendo a desafiante exortação do Papa Francisco aos participantes no Congresso Mundial da Signis – Associação Católica Mundial para a Comunicação – que decorre em Seul, de 16 a 19 de Agosto de 2022, decidi-me a revisitar a minha presença nas redes sociais e...
A revelação ética mais importante da história humana
Com Jesus Cristo, o alcance do amor de doação (ágape), incondicional e desinteressado, atinge o seu ápice com o amor ao inimigo («a ideia ética mais extraordinária da história humana»), que representa o que há de mais contrário à lógica da vontade amoral de afirmação do poder.
Na ressaca da abundância
Fruir é o verbo do presente e andamos pelo mundo atrás de abundâncias: de coisas, de experiências, de bem-estar e de divertimentos, cada vez mais sofisticados e inacessíveis. Vivemos como se a felicidade estivesse fora de nós, nas coisas que corremos para comprar, nas pessoas com quem estamos, nas experiências que vivemos.
Férias — a alegoria das formigas
Hoje, e por estarmos no querido mês de Agosto, dou comigo a refletir sobre este lugar-comum da alegoria das formigas, que é o tempo de férias. Até temos a sorte de viver num país cuja esperança média de vida ronda os 80 anos; desses 80, somos forçosamente influenciados a trabalhar 48. E destes apenas três são tempo de férias.
É possível sonhar na velhice e alcançar
Sonhar?! Sonhos! Uns realizam-se, outros não, mas um homem sem sonhos é um homem pobre, sem visão, sem propósitos. Muitas pessoas têm a ideia de que sonhar é algo somente para os jovens, talvez porque naturalmente têm ainda muito tempo para viver. Mas será isso verdade?! Será possível sonhar na velhice? Entrar na velhice é parar de sonhar, projetar e avançar? Ou o que o impede ou lhe diz que não pode sonhar?
Leigos de S. Bento, buscando Deus no dia-a-dia
Na Galiza, entre a Ria de Pontevedra e a Ria de Arousa, à beira do Caminho Português de Santiago, encontramos o Mosteiro Cisterciense de Armenteira.
A diversidade que nos constrói
Em 1969 é inaugurado na Figueira da Foz um espaço de diálogo, academia, tertúlia, conhecimento, confiança, encontro da diversidade. Foi, durante muitos anos, numa sociedade sem liberdade de expressão, avessa ao pluralismo e valorização da diferença como tensão criadora, um local onde pessoas, mulheres e homens, se faziam encontro, partilha e onde quem chegava dava a sua visão e regressava mais rico em ideias.
Consultório, lugar de contrastes improváveis
Pela profissão que tenho deparo-me frequentemente com contrastes improváveis que só o não são porque já espero que não me procurem profissionalmente para me levar boas notícias, contar histórias alegres ou mesmo partilhar encontros gratificantes e vivências coerentes.
Não é ilegal fazer reféns?
A esperança tem andado nas bocas do mundo, mas em tom menor. Cada vez mais como que se grita: dêem-nos razões para não perder a esperança! O Sínodo e o problema global da Ucrânia são dois exemplos de como vivemos um tempo que abala as convicções.
Peritos em Deus, ou como o conhecimento destrói o Mistério
É curioso como muitas das cisões entre os religiosos partiram e partem dos que se consideram mais próximos de Deus, por praticarem uma religião mais pura. Os peritos em Deus correm o sério risco e O desfigurarem, porque O capturam e porque se fecham aos Seus sinais, à sua volta e nos outros.
Guerra ou Paz
Quem deseja a guerra? Estou certa de que todos os seres vivos e em particular os seres humanos escolhem a paz. Só se formos loucos empenhados num desejo de poder que ultrapassa tudo e todos é que não o faremos.
Nem só de imagens vive o homem
Se a imagem do JWST nos mostra o universo como era há milhares de milhões de anos, as vivas cores e a diversidade de formas parece conter em si a potência relacional da criação. Olhar para aquela imagem mostra-me mais o que desconheço e me é dado a poder conhecer do que qualquer outra coisa. Só é uma imagem como todas as outras se auto-limitar o alcance interior daquilo que os meus olhos contemplam.
Sou uma mulher comum, mas estou viva
Alivia-me o facto de saber que sou uma mulher comum... uma daquelas cuja submissão à normalidade alegra. Sou uma mulher comum, “Ah, que alívio!”... Sou uma mulher comum dentro de casa e dentro da vida... lavo a loiça e a roupa, zango-me com a minha filha por...
António Vaz Pinto – a ação com graça
Desde o pensamento à análise dos acontecimentos recentes, além das artes, do cinema, da educação ou da saúde, tudo tinha lugar. «A ideia de construir (costumava dizer António Vaz Pinto) aproxima-se muito da ideia de gerar, produzir ser e realidade humana». E as ideias fluíam, naturalmente, num equilíbrio entre a urgência e a reflexão, tão necessário, e tantas vezes esquecido.
Crianças sem voz
As recentes notícias sobre a criança de Setúbal, de 3 anos de idade, usada como arma de arremesso em virtude de desentendimentos entre a mãe e uma pseudo-ama, trouxe novamente a questão da violência sobre as crianças para a agenda pública.
Sínodo católico em Setúbal: sem chama nem energia?
Li há dias o relatório final da marcha diocesana de Setúbal para o tal especialíssimo Sínodo de 2023 pelo qual se bate o atual bispo de Roma, que tem posto o dedo nas múltiplas feridas da nossa Igreja Católica. Li e… fiquei desolado!
Tempos sombrios: um apelo à responsabilidade e à precaução
A formulação “tempos sombrios” que dá o título a este texto, remete para o livro da filósofa Hannah Arendt, Homens em Tempos Sombrios, sobre as biografias de homens e de mulheres que viveram na primeira metade do século XX, contemporâneos do totalitarismo em ambas as suas formas: nazismo e estalinismo.
Saúde mental dos padres
Este período de pandemia foi e tem sido difícil para muitos padres. Há dioceses, um pouco por todo o lado, que têm procurado fazer uma releitura da vida do presbitério e da força anímica dos seus presbíteros.
Para uma Igreja renovada
Foram momentos de muita esperança os que se viveram na Igreja Católica nos últimos meses, a nível universal, desafiados que foram todos os seus fiéis, sacerdotes e leigos a efectuarem uma reflexão sobre os caminhos que se viveram anteriormente, olhar para tudo o que foi feito e discernir aquilo que a Igreja, no seu conjunto, quer para o futuro. No fundo, tentar perceber, sob o impulso do Espírito Santo, o que é que a Igreja quer ser no meio da sociedade em que está inserida, de que forma pode continuar a sua missão de evangelizar, tudo em busca da criação de um mundo melhor para toda a humanidade.
O reino da dispersão
Que fácil é o caminho que leva à dispersão e ao alheamento nos tempos de hoje. Somos sistematicamente distraídos com questões menores e reflexões superficiais, para não falar da facilidade com que nos deixamos engolir pelas solicitações de toda a parte. Não damos tempo à oração e à proximidade com Deus e isso leva-nos à dispersão. Só com paciência e procura conseguimos ouvir a Sua voz e deixar que o Espírito nos guie.