
Jair Bolsonaro fez questão de participar nas celebrações do dia de Nossa Senhora Aparecida, mas acabou por estar “apagado”. Foto reproduzida a partir do perfil de Facebook do Presidente.
Foi um feriado preenchido para Bolsonaro: manhã numa igreja evangélica em Belo Horizonte, tarde no Santuário de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil cuja festa é celebrada a 12 de outubro. Entre vaias e aplausos, o Presidente e candidato à reeleição no próximo dia 30 fez questão de cumprir a sua agenda de campanha junto do eleitorado evangélico e católico.
“Eu não posso julgar as pessoas. Mas nós precisamos de ter uma identidade religiosa. Ou somos evangélicos ou somos católicos”, afirmou nessa mesma manhã o arcebispo de Aparecida, Orlando Brandes, quando os jornalistas lhe pediram para comentar o facto de Bolsonaro ir participar nas celebrações desse dia. “Mas seja qual for a intenção, será bem recebido porque é o nosso Presidente. E é por isso que nós o acolhemos”, acrescentou.
No entanto, nem todos o receberam bem. Bolsonaro e a sua comitiva foram vaiados à chegada ao santuário, tendo depois os seus apoiantes hostilizado alguns jornalistas da TV Aparecida, um canal ligado à Igreja Católica. Enquanto alguns fiéis aplaudiam Bolsonaro, os opositores gritavam “Lula! Lula!”, até que um padre pediu silêncio e rematou com um “Hoje não é dia de pedir votos, é dia de pedir bênçãos”.
Durante a celebração da missa, Bolsonaro “foi uma figura apagada”, descreve o site Unisinos. Não comungou, não rezou o Pai Nosso. Estaria mais focado no evento seguinte, o “rosário pelo Brasil”, mas no qual acabou por não participar, depois de o Santuário Nacional de Aparecida ter emitido uma nota de esclarecimento dizendo que a proposta do terço era uma iniciativa sem aprovação da autoridade eclesiástica.
Bolsonaro optou então por ir à Tenda dos Peregrinos, local onde aqueles que se dirigem ao Santuário a pé recebem cuidados de saúde e higiene. Justificando que estava sem voz, não falou à imprensa, permaneceu cerca de 10 minutos na tenda, posou para fotos e saiu.
No dia anterior, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tinha emitido uma nota lamentando o que chamou de “intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno” das eleições presidenciais.
A nota não citava candidatos nem situações específicas. No entanto, quando a CNBB a emitiu, Bolsonaro tinha acabado de participar num dos eventos religiosos que envolve mais fiéis no país, a procissão do Círio da Nazaré, na cidade de Belém, e a sua agenda de campanha para o feriado já tinha sido anunciada.