
É necessária uma escuta que preste atenção aos jovens, a fim de que, “nas suas dinâmicas de vida se sintam acolhidos tal como são, e orientados na melhor direção”, defendem as Equipas de Nossa Senhora. Foto: Direitos reservados.
O Papa observava, no encontro sinodal com a sua diocese de Roma, no último sábado, 18, que escutar não é inquirir nem recolher opiniões. Mas nada impede que se consultem os cristãos sobre as “caraterísticas e âmbito” que “entendem dever ter a escuta que as igrejas diocesanas são chamadas a realizar, desde 17 de outubro próximo até ao fim de março-abril de 2022. Era esse o terceiro ponto da consulta feita pelo 7MARGENS, cujas respostas damos hoje a conhecer, na sequência dos dois textos anteriores.
A Obra Católica de Migrações considera que a escuta “deve ultrapassar os movimentos e os grupos”, para assegurar que “chega a toda a comunidade”. E, nesta linha faz a sugestão de se “escutar as pessoas que servimos, reaprendendo a escutar sem julgar”. Ou seja, neste caso, escutar as pessoas, famílias e comunidades migrantes.
Vai na mesma direção a resposta das Fraternidades Leigas Dominicanas, ao propor uma “escuta atenta e inclusiva, mesmo que não seja a mais agradável de escutar, já que “comunhão e participação nem sempre são palavras fáceis de pôr em prática”.
“Parece-nos – dizem-nos, por sua vez, as Oficinas de Oração e Vida – que a escuta que as igrejas diocesanas devem fazer tem de assentar na escuta de todos os fiéis, num atitude de abertura, partilha e diálogo”. E concretizam: “Os meios digitais podem ser um apoio importante”, ainda que “não substituam o contacto presencial, que deve ser realizado sempre que possível”.
Acrescentam, por outro lado, que “não se trata apenas de ouvir as estruturas paroquiais, movimentos e obras”, mas de “perceber as suas dificuldades e escutar as suas propostas”, com base na experiência evangelizadora que experimentam no terreno”. “Isto inclui, naturalmente, a dimensão do acolhimento às situações de fragilidade – canonicamente afastadas da “comunhão”, uma das ideias-fortes do sínodo – que devem continuar a ser debatidas, de modo a perceber qual a ‘participação’ que cada um pode ter na construção eclesial”.
Já as Equipas Jovens de Nossa Senhora propõem uma escuta que preste atenção aos jovens, a fim de que, “nas suas diversas dinâmicas de vida se sintam acolhidos tal como são, e orientados na melhor direção”.
Para a Ação Católica dos Meios Independentes (ACI), é de “primordial importância a escuta dos anseios e sonhos que todos têm” para a Igreja, dando a cada fiel a ocasião para o expressar, “mesmo que isso dê trabalho ou que seja achado de menor importância”.
“Numa Igreja que deve ser a Casa de todos, há que ouvir a todos e a todos ajudar a contruir e a viver num Mundo mais generoso, com mais alegria e fidelidade ao que apregoamos ser”, conclui a ACI.
Finalmente, O Ninho responde a esta questão reiterando, de forma esquemática, as sugestões que a instituição já havia deixado na resposta à segunda questão (sobre o papel dos leigos e recomendações aos bispos). Refere, assim, quanto ao âmbito, um trabalho de escuta ao nível de cada paróquia, envolvendo também agnósticos; movimentos com expressão diocesana; um grupo inter-religioso e um sínodo diocesano semestral. Quanto às dinâmicas de escuta, sugere ideias como questionários online com perguntas fechadas, elaborados por equipas de crentes e não crentes; perguntas de rua em questionários abertos; debates animados por um crente e um não crente; encontros de reflexão; entrevistas em órgãos de comunicação social que possam ser utilizadas em debates de temas; e reuniões com pobres e excluídos apoiados pelas paróquias.
Texto com os contributos de António Marujo, Eduardo Jorge Madureira e Jorge Wemans