Espero por ti… espero em ti

| 13 Dez 2022

“Está a chegar quem é mais forte do que eu…” Ilustração para o III Domingo do Advento de 2021, para a Capela do Rato, em Lisboa. © Lígia Rodrigues, cedida pela autora.

 

O meu tempo de Advento tem sido marcado pela Esperança… esta palavra tem estado presente nas nossas conversas e orações comunitárias, no que vou rezando e lendo. Ultimamente reparo também que viver com esperança é um desejo de muitos, o que, na verdade, não é novo. Todos os anos, neste tempo, esperamos…

… em primeiro lugar, esperamos (os cristãos) o nascimento de Jesus
… esperamos a alegria dos encontros de família
… esperamos o tempo de festa
… esperamos… simplesmente esperamos que o mundo e a nossa vida sejam diferentes.

Aparentemente, a Esperança no Advento quase que se arrisca a tornar num lugar-comum. Talvez por isso (ou não!) este ano gostava de vivê-la de maneira diferente, mais ao modo de Deus. Como é que isso se faz? Não sei, mas vou tentar.

Santo Inácio de Loyola, nos Exercícios Espirituais, propõe contemplar a encarnação, fazendo-nos ver a forma como a Santíssima Trindade olha o mundo, em toda a sua extensão, na sua grande variedade de pessoas e situações e como decide “fazer redenção” (cf. EE 107) ou, noutras palavras, encarnar para salvar.

Ao encarnar, Deus (em Jesus) quer mostrar-nos que não desiste de nós! Que continua a trabalhar neste mundo para que ele corresponda o mais possível ao seu sonho de Amor, de Justiça e de Paz.

Quando encarna, Jesus faz-nos ver o seu desejo de um mundo diferente, um mundo onde todos possam ter um lugar, onde todos encontrem sentido para as suas vidas, onde cada um possa experimentar a graça que é dar o melhor de si para o bem de todos.

Ao encarnar, ao fazer-se um de nós, na pobreza, na simplicidade, na pequenez, “como um de tantos”, Deus está a querer dizer-nos que, se quisermos, ele entrará nas nossas vidas, para que elas sejam cada vez mais plenas.

Na encarnação está a promessa de Salvação que o nosso Deus, o Deus da nossa história, nunca deixará de cumprir.

É tudo isto que os cristãos vivem e são chamados a acreditar. Mas… olhando a realidade, parece que se torna difícil.

Voltamos à contemplação da encarnação. O que vê hoje a Santíssima Trindade? Vê guerras, pobreza, corrupção, abusos, famílias em dificuldade, depressão, stress… toda uma realidade que nos dá vontade de lhe perguntar: “Onde estás? Onde está o teu sonho para nós? Onde está a tua promessa?”. É aqui que entra a Esperança. É aqui que podemos pedir a graça de olhar o mundo como Deus o olha… Sim, Deus conhece a nossa tristeza, a nossa desilusão (provocada por nós!), mas acredito que olha para cada um e deseja dizer-nos: “Eu espero por ti… eu espero em ti.”

Como há mais de dois mil anos, Deus não desiste e conta connosco para agir de maneira diferente.

Deus continua a olhar-nos com esperança. Como Bom Pastor, continua a ir à nossa procura, onde quer que estejamos, como quer que estejamos. Continua a pegar-nos ao colo e a levar-nos a casa, porque ele sabe que podemos mudar.

Deus tem esperança em nós! Seria tão bom que o pudéssemos experimentar durante este tempo de Advento.

As muitas realidades de sofrimento e de dor que conhecemos e que vemos à nossa volta quase que abafam esta Esperança. Não é fácil esperar, mas se Deus espera em mim, como não me abrir à sua ação no mundo, na história através do Bem feito por tantas pessoas que nos rodeiam?

Que neste tempo de Advento possamos ouvir Deus dizer a cada um de nós: “Eu espero em ti.” E que possamos responder ativamente, pondo meios para, na nossa realidade, sermos esperança para outros, através da forma como nos falamos, como nos tratamos, como nos olhamos…

Esperar como Deus espera, penso eu, não é ignorar a realidade dura, mas sim ver as possibilidades de mais vida, ouvir os gritos de mudança, estar atentos às oportunidades de Bem e perguntarmo-nos: a que me chama esta realidade? Como encará-la? Como desejo responder?

 

Clara Lito, aci, é religiosa das Escravas do Sagrado Coração de Jesus, e responsável pela Casa de Oração Santa Rafaela Maria, em Palmela.

 

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