
D. Radoslaw Zmitrowicz, bispo de Kamyanets-Podilskyi, Ucrânia, está preocupado com a diminuição da ajuda internacional. Foto: Captura de ecrã
A ajuda humanitária internacional para a Ucrânia está a diminuir e “as pessoas estão a ficar sem recursos”, alerta D. Radoslaw Zmitrowicz, Bispo auxiliar da Diocese de Kamyanets-Podilskyi. O prelado falava numa conferência, via internet, com a Fundação AIS, e explicava que a “situação está muito, muito difícil” e que a ajuda humanitária, que no início da guerra foi assinalável, está “agora a diminuir bastante”.
“As pessoas precisam de ajuda, mais e mais. A ajuda humanitária está a diminuir. A falta de combustíveis está a ser uma dificuldade” diz o bispo, referindo que a Igreja está toda mobilizada no acolhimento aos que perderam tudo o que possuíam, aos que foram obrigados a fugir das zonas de combate, às famílias que estão em situação mais desesperada, já quase sem recursos. E deu o exemplo da sua diocese, situada perto da fronteira com a Moldávia e a Roménia. “Todas as nossas casas, na diocese, estão cheias de pessoas, de refugiados. Mas as pessoas estão a ficar sem recursos e pedem ajuda para a sua sobrevivência. Há muitos refugiados que estão em casas particulares, de familiares, outros alugaram casas, mas agora precisam de encontrar outras mais baratas, pois é difícil pagar a renda…”
Esta é uma dificuldade que já estava na mente de D. Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados, quando visitou a Ucrânia há cerca de duas semanas. Na altura, em declarações reproduzidas pela Família Cristã, a preocupação do secretário para as Relações com os Estados, neste momento, era com a previsível diminuição de ajuda humanitária que poderia surgir se o conflito se estendesse por muito mais tempo, e dava o exemplo da Síria e do Líbano, onde, «depois de um tempo entra o cansaço, até mesmo no apoio a um povo em dificuldade». «A Santa Sé gostaria de continuar a encorajar o envio de ajuda humanitária e, ao mesmo tempo, aumentar a consciencialização da comunidade internacional, e isto é sempre necessário», pediu, explicando que o Papa continuará a «lançar muitas intervenções, muitos momentos de oração e muitos apelos pelo fim da guerra na Ucrânia».
No encontro com a Fundação AIS, o Bispo alertou ainda para as consequências psicológicas que um conflito armado como este vai provocar nas populações. “As piores consequências da guerra não serão imediatas, mas arrastar-se-ão. As consequências psicológicas, espirituais, físicas e humanitárias, bem como as consequências para a família, serão provavelmente sentidas mais tarde. A cura é um processo”, diz o Bispo, explicando que a Igreja está sensível para este problema e já começou a trabalhar. “Começámos os serviços psicológicos numa das nossas casas, e um padre participa neste processo. Só Deus pode curar estas feridas profundas. Só Deus pode responder à questão de porque sofremos desta forma”, acrescentou o prelado.