
Cristina Inogés-Sanz, teóloga leiga que foi nomeada pelo Vaticano para a Comissão Metodológica do Sínodo dos Bispos. Foto © Kairós.
“Ir apertando a corda é uma situação em que as mulheres têm uma certa prática, principalmente as teólogas da Igreja, porque em princípio, ou melhor, por princípio, não somos ouvidas e quando somos, somos questionadas”, afirma Cristina Inogés-Sanz, teóloga leiga que foi nomeada pelo Vaticano para a Comissão Metodológica do Sínodo dos Bispos, e que defende que a Igreja vive um “momento histórico forte”, em que arrisca o seu futuro e credibilidade.
María Cristina Inogés-Sanz, espanhola de Saragoça, teóloga formada na Faculdade de Teologia Protestante de Madrid, é uma das nove pessoas nomeadas em julho passado como membros da Comissão Metodológica do Sínodo dos Bispos de 2023.
Oriunda da região espanhola de Aragão e Navarra, Cristina Inogés-Sanz tem ascendência árabe, e é por isso que, confessa numa entrevista à agência chilena Kairós News: “Sinto-me uma verdadeira cidadã do mundo.”
Estudou na Faculdade de Teologia Protestante de Madrid, SEUT, e na sua geração era a única católica. “Mas nunca me senti marginalizada, havia luteranos, calvinistas, evangélicos, anglicanos… Isso ajudou-me porque aprendi a estudar teologia de uma forma diferente e a viver em minoria. Sabendo que sou uma minoria, não imagina como essa experiência foi enriquecedora para mim. Foi maravilhoso.”
Inogés-Sanz conta que “era tratada como qualquer outra aluna”. “Mas eu sabia que era minoria e aprendes com isso, aprendes muito.” Estudar nesta faculdade foi uma escola, insiste na ideia. “Nunca tive problemas e nunca me senti marginalizada pelos meus colegas teólogos. Sim, tenho sentido mais questionamento e rejeição pelo facto de ser mulher, tanto do clero como de alguns leigos clericalizados que também os há. Isso sim.”
Nesta entrevista, a teóloga não tem dúvidas sobre o tempo que vive a Igreja. “Vivemos um momento histórico forte porque realmente estamos a arriscar o futuro da Igreja e a sua credibilidade no curto prazo. A nossa responsabilidade está aí e não podemos ver e fechar os olhos, nem passar ao largo, mas sim ser responsáveis pelo momento que vivemos. A Igreja precisa de mudar, de se reformar, de se transformar e isso é vital agora, para sair do poço em que nos colocou o clericalismo e o abuso de poder em todas as suas formas. Só temos de nos converter realmente, todos nós, para aprender a ser Igreja de uma maneira diferente.”