Uma teóloga leiga no Sínodo

“Estamos a arriscar o futuro da Igreja e a sua credibilidade no curto prazo”

| 10 Ago 2021

Cristina Inogés-Sanz, teóloga leiga que foi nomeada pelo Vaticano para a Comissão Metodológica do Sínodo dos Bispos. Foto © Kairós.

 

“Ir apertando a corda é uma situação em que as mulheres têm uma certa prática, principalmente as teólogas da Igreja, porque em princípio, ou melhor, por princípio, não somos ouvidas e quando somos, somos questionadas”, afirma Cristina Inogés-Sanz, teóloga leiga que foi nomeada pelo Vaticano para a Comissão Metodológica do Sínodo dos Bispos, e que defende que a Igreja vive um “momento histórico forte”, em que arrisca o seu futuro e credibilidade.

María Cristina Inogés-Sanz, espanhola de Saragoça, teóloga formada na Faculdade de Teologia Protestante de Madrid, é uma das nove pessoas nomeadas em julho passado como membros da Comissão Metodológica do Sínodo dos Bispos de 2023.

Oriunda da região espanhola de Aragão e Navarra, Cristina Inogés-Sanz tem ascendência árabe, e é por isso que, confessa numa entrevista à agência chilena Kairós News: “Sinto-me uma verdadeira cidadã do mundo.”

Estudou na Faculdade de Teologia Protestante de Madrid, SEUT, e na sua geração era a única católica. “Mas nunca me senti marginalizada, havia luteranos, calvinistas, evangélicos, anglicanos… Isso ajudou-me porque aprendi a estudar teologia de uma forma diferente e a viver em minoria. Sabendo que sou uma minoria, não imagina como essa experiência foi enriquecedora para mim. Foi maravilhoso.”

Inogés-Sanz conta que “era tratada como qualquer outra aluna”. “Mas eu sabia que era minoria e aprendes com isso, aprendes muito.” Estudar nesta faculdade foi uma escola, insiste na ideia. “Nunca tive problemas e nunca me senti marginalizada pelos meus colegas teólogos. Sim, tenho sentido mais questionamento e rejeição pelo facto de ser mulher, tanto do clero como de alguns leigos clericalizados que também os há. Isso sim.”

Nesta entrevista, a teóloga não tem dúvidas sobre o tempo que vive a Igreja. “Vivemos um momento histórico forte porque realmente estamos a arriscar o futuro da Igreja e a sua credibilidade no curto prazo. A nossa responsabilidade está aí e não podemos ver e fechar os olhos, nem passar ao largo, mas sim ser responsáveis ​​pelo momento que vivemos. A Igreja precisa de mudar, de se reformar, de se transformar e isso é vital agora, para sair do poço em que nos colocou o clericalismo e o abuso de poder em todas as suas formas. Só temos de nos converter realmente, todos nós, para aprender a ser Igreja de uma maneira diferente.”

 

Na primeira nação cristã do mundo, está a acontecer o segundo genocídio

Nagorno-Karabakh

Na primeira nação cristã do mundo, está a acontecer o segundo genocídio novidade

Não é algo que se costume referir quando se fala da Arménia, mas sem dúvida que é uma informação importante para compreender o que se passa no enclave de Nagorno-Karabakh (internacionalmente reconhecido como parte do Azerbaijão, mas governado de facto por arménios desde o colapso da União Soviética): trata-se da primeira nação do mundo a ter adotado o cristianismo como religião de Estado, no início do século IV. E o enclave, ao qual os habitantes locais chamam Artsakh, é o território ancestral de 120 mil pessoas, dos quais 98% são arménios cristãos, e lar de inúmeras igrejas e mosteiros que estão entre os mais antigos do mundo.

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

Vaticano anuncia

Escolhidos os temas das próximas JMJ “locais” novidade

“Alegres na esperança” (cf. Rm 12, 12) e “Aqueles que esperam no Senhor caminham sem se cansar” (cf. Is 40, 31) são os temas escolhidos pelo Papa Francisco para as duas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) que serão celebradas nas Igrejas particulares em 2023 e 2024, por ocasião da solenidade de Cristo Rei. O anúncio foi feito esta terça-feira, 26 de setembro, pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e divulgado pelo Vatican News.

O 7MARGENS no Sínodo católico em Roma

Editorial

O 7MARGENS no Sínodo católico em Roma novidade

Houve quem já comparasse a importância da assembleia sinodal da Igreja Católica, que na próxima quarta-feira, 4, se inicia em Roma, à que teve o II Concílio do Vaticano (1962-65): tal como então, estamos diante de uma assembleia magna que pretende traçar um diagnóstico do actual estado da Igreja e apontar caminhos de futuro ao nível da comunhão, participação e missão.

Servir sociedades destroçadas

Que espero do Sínodo católico? (2)

Servir sociedades destroçadas novidade

Espero que esta Assembleia-Geral seja um sinal de grande abertura para continuarmos a caminhar juntos. Que seja uma etapa de onde saiam um renovado entusiasmo e novos desafios para mais um ano de encontros, reflexão, propostas e concretizações por parte de grupos de católicos em todo o mundo. Que seja um momento de espanto para crentes e não crentes: “tanta coisa os separa, tantas opiniões opostas, tantos modos diferentes de expressar a fé e, no entanto… tanta vontade, tanto gosto, tanta certeza em permanecerem juntos”.

Pontes para o divino- Calendário Litúrgico Ortodoxo

Pontes para o divino- Calendário Litúrgico Ortodoxo novidade

No Cristianismo o calendário litúrgico é uma importante ferramenta para organizar e estruturar os eventos e celebrações religiosas ao longo do ano, com base em acontecimentos significativos dos Evangelhos, dos santos e da história das igrejas locais e universais. Na ortodoxia o ano litúrgico inicia-se a 1 de Setembro, tendo como primeira festa, a 8 do mesmo mês, a Natividade da Virgem Maria (Esta comemoração é como uma fonte para celebrar todas as festas do Senhor abrindo a história do Evangelho – Metropolita Epifânio).

Agenda

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This