Estamos rodeados de pessoas e coisas, mas sentimos um vazio em nós

| 31 Mai 20

 

Uma reflexão a partir de um encontro do MCE em Lisboa

“Sinto-me sozinho”, “ninguém me compreende”, “sinto sempre que me falta algo”. Estas são frases muito comuns que ouvimos dos nossos colegas e amigos. No entanto, muitas vezes somos nós próprios à procura das respostas a estas questões, isto porque a solidão toca a todos.

Assim começou uma reunião de jovens do Movimento Católico de Estudantes.

Pode definir-se solidão como ​uma profunda sensação de vazio e isolamento, e não apenas o facto de não estar acompanhado.

E esta solidão aplicada aos jovens, de onde vem?

Quase que parece incoerente falar em solidão quando estamos frequentemente rodeados de imensas pessoas: amigos, família, colegas ou mesmo desconhecidos. A primeira conclusão a que chegámos foi que é diferente estar sozinho e sentirmo-nos sós. Estar só vai muito para além de estar sozinho: é sentir um vazio que nos leva a interrogar quem somos e o que estamos aqui a fazer. Assim, vale a pena parar e refletir:

Quem sou eu? Quais são os meus vazios? Porque me sinto só? Quais são as minhas máscaras e porque as tenho?

Sim, são questões difíceis! São perguntas sobre nós que nem sempre conseguimos responder. A verdade é que estamos sempre a fazer caminho para construirmos o nosso “EU”.

Compreendemos, por esta individualidade, que somos únicos e irrepetíveis, daí sentirmos que ninguém compreende o que sentimos. É normal! Ninguém é como eu! No entanto, não é por me sentir incompreendido que me devo isolar ou fechar em mim mesmo. Pelo contrário, é através das relações que tenho, ou seja, é através do outro que me conheço. Daí ser importante não ter máscaras quando nos relacionamos, sermos genuínos e autênticos.

Mas afinal como pudemos sair desse vazio?

Era tão bom que existisse uma resposta clara a esta questão, mas a verdade é que não existe. Ao tentarmos encontrar soluções, percebemos que a chave é a necessidade de parar e pensar sobre os nossos vazios, bem como de onde surgem. Muitas vezes o outro pode também ser uma peça fundamental para nos ajudar a caminhar no sentido de nos descobrirmos.

É normal que te sintas só! É normal que te sintas frágil! É normal sentires que te falta algo!

Frequentemente achamos que só nós nos sentimos, mas acredita que há muita gente que se sente como tu! Por vezes pensamos em Jesus como alguém perfeito, sem vulnerabilidades e fraquezas, mas também ele teve as suas fragilidades! Também ele se sentiu só! Nesses momentos, Jesus colocava sempre a vontade de Deus em primeiro lugar, confiando e deixando nas mãos d’Ele a sua vida. Como? Orando e entregando-Lhe as suas fragilidades.

Evangelho de São Lucas 22, 42: “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua”.

Bem sabemos o quão difícil é entregarmo-nos completamente a Ele, mas é n’Ele que encontramos o amor perfeito e pleno. Os nossos vazios estão também relacionados com a necessidade de nos sentirmos amados, pois saber que somos amados é diferente de nos sentirmos amados. Contudo, por mais que nos amem, esse amor nunca nos preenche completamente e não pode ser comparado ao amor que Jesus tem por nós e que nos demonstra, também, através do outro. Por isso, nunca te esqueças: tu podes ser o outro. Tu podes ser amor!

 

Movimento Católico de Estudantes – Equipa Quintas + 1, da diocese de Lisboa

 

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