
Esta mulher e criança estão entre os 4,38 milhões de deslocados internos na Etiópia. O conflito é a principal causa a produzir novos deslocados. Foto © WFP / Claire Nevill.
Mais de mil pessoas foram detidas na Etiópia desde só no mês de agosto, e pelo menos 183 morreram desde julho, na sequência dos confrontos em andamento na região de Amhara, a segunda mais populosa do país. O aumento da violência está a levantar “grande preocupação” no Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que pede às autoridades etíopes que “parem com os assassinatos, violações e abusos”.
Em causa está o agravamento dos combates entre o exército etíope e a milícia Fano, que o Governo usou como justificação para declarar o estado de emergência, no passado dia 4 de agosto, o que por sua vez “levou a situação a piorar consideravelmente”. O decreto “confere amplos poderes às autoridades para prender suspeitos sem ordem judicial em todo o país”, além de impor o recolher obrigatório e proibir reuniões públicas, assinala a ONU.
Num comunicado divulgado esta terça-feira, 29, o Alto-Comissariado refere que muitos dos detidos serão “jovens de etnia Amhara, suspeitos de apoiarem as milícias Fano”. As operações em massa incluem buscas feitas ao domicílio e pelo menos três jornalistas etíopes que cobriam a situação foram também detidos. “Os presos são mantidos em centros improvisados que carecem de condições básicas”, acrescenta o escritório da ONU.
As Nações Unidas pedem, por isso, “que as autoridades etíopes parem com as detenções em massa, garantam uma revisão judicial da privação de liberdade e soltem aqueles que foram arbitrariamente presos”, solicitando ainda “investigação rápida, imparcial e eficaz, e que os responsáveis pelos atos prestem contas”.
Na semana passada, um relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas, relativo ao período de novembro de 2022 a junho de 2023, revelava que há um total de 4,38 milhões de deslocados internos do país. O conflito é a principal causa a produzir novos deslocados, deslocando 2,9 milhões de pessoas (66,41%), seguido da seca, que deslocou 810.855 pessoas (18,49%) “, avançou a OIM.