
Polícia nicaraguense impede a saída de casa do bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, em agosto de 2022. O relatório refere detalhadamente a perseguição que o governo de Ortega tem feito a este prelado. Foto: Direitos reservados.
A Comissão para a Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos (USCIRF, na sigla em inglês) incluiu, pela primeira vez, a Cuba e a Nicarágua na lista de países “de especial preocupação” quanto à liberdade religiosa. No seu relatório anual referente a 2022, divulgado esta semana, o organismo regista “uma regressão significativa” em diversos países, havendo outros 15 Estados a figurar na mesma lista.
Além da Nicarágua e de Cuba, foram considerados Países de Particular Preocupação (CPC), ou seja, países cujos governos promovem ou toleram “violações sistemáticas, contínuas e flagrantes” do direito à liberdade de religião ou crença, a Birmânia (Myanmar), China, Eritreia, Irão, Coreia do Norte, Paquistão, Rússia, Arábia Saudita, Tajiquistão, Turquemenistão, Afeganistão, Índia, Nigéria, Síria e Vietname.
O relatório refere detalhadamente a perseguição do governo nicaraguense ao bispo Rolando Álvarez, que atualmente se encontra preso (situação que o 7MARGENS tem acompanhado), e afirma que esta “é ilustrativa da sua repressão contra o clero”. O documento regista também as acusações do Presidente Daniel Ortega aos bispos, que acusou de “assassinos” e recorda a expulsão do núncio Waldemar Sommertag, assinalando ainda as proibições de realizar procissões e outras celebrações católicas nas ruas.
No seu relatório, a USCIRF deixa algumas recomendações ao governo norte-americano, nomeadamente que imponha “sanções seletivas às agências e funcionários do governo nicaraguense responsáveis pela violência”, que “pressione o governo nicaraguense para que liberte incondicionalmente os presos religiosos de consciência”, e que “exerça um maior escrutínio de qualquer empréstimo ou assistência financeira ou técnica proporcionada por instituições financeiras internacionais para projetos na Nicarágua”.
No caso de Cuba, além de recomendar sanções ao governo de Miguel Díaz Canel, a USCIRF pede à Casa Branca que “incentive as autoridades cubanas a que dirijam um convite oficial para visitas sem restrições da USCIRF, do embaixador geral dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional e do relator especial da ONU sobre a liberdade de religião ou de crenças”.