
Trump deslocando-se com a sua enorme comitiva, em junho, para a Igreja Episcopal de St. John, onde se faria fotografar com uma Bíblia na mão. Foto © The White House/Wikimedia Commons
Mais de três mil católicos que ocupam cargos de responsabilidade em instituições ligadas à Igreja nos Estados Unidos da América assinaram uma carta aberta em que acusam o presidente Trump de “desprezar os valores centrais do ensinamento católico e ameaçar os princípios democráticos fundamentais”. Com as eleições presidenciais marcadas para esta terça-feira, dia 3, e a possibilidade de os católicos terem um papel decisivo na escolha do vencedor, inúmeros líderes de instituições de solidariedade social, académicos de quase vinte universidades católicas e ex-funcionários da Conferência dos Bispos Católicos dos EUA, entre outros, sentiram-se “compelidos a falar abertamente”, assumindo que não apoiam a reeleição de Trump.
“O mesmo presidente que usou a Bíblia como suporte político para uma oportunidade de foto em frente a uma igreja contamina o Evangelho com suas palavras e políticas”, dizem na carta. “Um padrão consistente de racismo, sexismo e nativismo define esta presidência. Embora nenhum partido político ou candidato reflita a plenitude do ensinamento católico em todas as questões, o caráter do presidente Trump, as suas decisões políticas e a crueldade para com qualquer um que o desafie demonstram um desprezo fundamental por aquilo que significa ser cristão”, denunciam.
A carta recorda ainda o momento em que o presidente Trump se auto-intitulou de “melhor presidente da história da Igreja Católica” e em que, durante uma entrevista a um meio de comunicação católico, afirmou que tinham de estar ao seu lado “no que diz respeito ao [movimento] pró-vida”. Mas “não há nada ‘pró-vida’ em espalhar desinformação sobre a covid-19, mandar refugiados e requerentes de asilo de volta à morte certa, reinstituir a pena de morte federal, políticas que agravam a mudança climática e explorar o racismo para obter vantagens políticas”, alertam os líderes católicos norte-americanos.
Entre os signatários da carta, incluem-se Francis Xavier Doyle, ex-secretário-geral associado da conferência episcopal norte-americana, Bob Bonnot, diretor executivo da Associação de Padres Católicos dos EUA, e Patricia McGuire, presidente da Trinity Washington University. Citada pela Independent Catholic News, a professora universitária deixa o apelo: “Os sinais destes tempos exigem que os fiéis católicos se manifestem contra os atos implacáveis de um demagogo vergonhosamente imoral que arruinou inúmeras vidas com a sua desumanidade, racismo desprezível e total desconsideração pela verdade.”