Estudo da Cáritas

Europa: emprego não protege da pobreza

| 17 Mar 2022

Trabalhadores em obras na cidade de Basileia, Suíça, Europa. Foto © Paolo Miggiano, CC BY-SA 4.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wikimedia Commons

Trabalhadores em obras na cidade de Basileia, na Suíça: no continente europeu, há pobreza entre quem trabalha, devido à prevalência da precariedade laboral, e muitas pessoas lutam para pagar as suas despesas. Foto © Paolo Miggiano, CC BY-SA 4.0, via Wikimedia Commons

 

Na Europa, hoje, o emprego não é um fator de proteção da pobreza, assinala um relatório da Cáritas Europa. “O que o nosso estudo mostra é que o mercado de trabalho, por si só, não é a solução. Há pobreza entre quem trabalha, devido à prevalência da precariedade laboral, e muitas pessoas lutam para pagar as suas despesas, por isso recorrem cada vez mais aos serviços Cáritas”, apontou a diretora de advocacia da Cáritas Europa, Shannon Phofmman, citada pela Agência Ecclesia, depois da apresentação do documento.

Já em Portugal, notou a presidente da Cáritas Portuguesa, Rita Valadas, os trabalhadores pobres chegam “mais rápido” ao nível de dificuldade do que outros países da Europa. “Isso somado a outras situações de fragilidade – estar em situação de risco, ter um rendimento baixo, qualquer doença, qualquer nascimento – pode levar as pessoas a uma situação de precariedade”, identificou.

O relatório europeu “Mercados de Trabalho Inclusivos” foi apresentado esta quinta-feira por Shannon Phofmman, e por Nuno Alves, do Observatório Cáritas, na paróquia de São Julião da Barra, em Oeiras.

Falando aos jornalistas, Shannon Phofmman realçou que o relatório sobre a pobreza tem “muitos elementos importantes”, com a análise da situação das pessoas em 18 países e com “os desafios que tinham no acesso ao mercado de trabalho”.

Segundo a diretora de advocacia da Cáritas Europa, no relatório assinala-se que “há muito mais a fazer para garantir um sistema forte de proteção social”, para que as pessoas tenham acesso a um rendimento mínimo para sobreviverem, e quem trabalha seja capaz de “ter garantido um salário mínimo que permita uma vida digna”.

Nuno Alves, do Observatório Cáritas, sublinhou que “não há uma relação limiar entre o estar empregado e o estar ou não estar numa situação de pobreza ou exclusão social”.

Este responsável apresentou números sobre a situação do emprego e do desemprego em Portugal, durante a pandemia da covid-19, e revela que o que aconteceu “não estava nas melhores expectativas”, porque o desemprego em Portugal em 2021 “está num nível pré-pandémico” e, neste momento, “está abaixo”, isto é, “há mais pessoas a participarem no mercado de trabalho do que antes da pandemia”.

Apresentação do estudo teve lugar n paróquia de São Julião da Barra, em Oeiras. Foto © Cáritas Portuguesa.

Apresentação do estudo teve lugar na paróquia de São Julião da Barra, em Oeiras. Foto © Cáritas Portuguesa.

“O que é um evento extraordinário e está muito ancorado na reação das famílias e das empresas, mas também dos apoios públicos, implementados em Portugal e em toda a Europa, no fundo de apoio à manutenção do posto de trabalho de cada um”, desenvolveu o economista e membro da direção da Cáritas.

Nuno Alves alertou para a realidade escondida do “grande aumento das desigualdades”, exemplificando com o facto de “os empregos crescerem essencialmente a partir dos 35 anos em frente”, com os jovens a terem uma “diminuição muito grande no mercado e trabalho, uma queda de quase 20%”, mesmo se “estudaram mais” e aumentaram a formação.

Olhando para os dias de hoje, com a guerra na Ucrânia a pesar nas economias europeias, Nuno Alves apontou para dificuldades acrescidas para os mais pobres. “Todos sabemos que a inflação está a aumentar, já está acima de 4%, em fevereiro. O problema é que isto não vai ficar por aqui, ainda vai aumentar mais”, notou, citado pela Rádio Renascença.

O responsável não esconde a preocupação com a subida dos preços, pelo que significa para quem já passa dificuldades. “Isto tem um peso maior no consumo dos mais frágeis. Estamos a falar dos bens alimentares, energéticos, nomeadamente eletricidade”, declarou.

 

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