
Luiz Fernando Lisboa, que foi bispo de Pemba. Foto © site Missionários Combonianos
O ex-bispo de Pemba (Moçambique), Luiz Fernando Lisboa, acusa o Governo de Moçambique de o ter ameaçado de expulsão, apreensão de documentos e de morte, por ter falado sobre a situação de atentados terroristas em Cabo Delgado.
Numa entrevista ao jornal italiano La Repubblica, publicada no último domingo, 11, o bispo, que em Fevereiro deixou a diocese e regressou ao Brasil por insistência do Papa, diz que o Governo negou desde o início a importância do que se passou. Quando o conflito e o perigo se tornaram evidentes, o Executivo proibiu que se falasse sobre o assunto, diz.
“Impediu que os jornalistas fizessem seu trabalho. Um repórter está desaparecido desde Abril do ano passado. Ele trabalhava para uma rádio comunitária e falava sobre a guerra. Na sua última mensagem, disse que havia sido cercado pela polícia”, recorda o bispo na entrevista. “A Igreja era a única que falava sobre a situação. E isso não agradava ao Governo. Acima de tudo, não tolerava que saíssem notícias sobre o Estado” acrescenta Luiz Fernando Lisboa.
O bispo insiste que aquele não é um conflito de matriz religioso, mas económico, no triângulo “recursos, multinacionais e guerras”. E acrescenta que “quando há um ano a Conferência Episcopal condenou o que estava a acontecer num documento, as autoridades reagiram mal, começando a jogar lama sobre mim”.
A entrevista à jornalista Raffaella Scuderi foi traduzida para o português pelo Unisinos Instituto Humanitas Unisinos, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Rio Grande do Sul, Brasil), em cuja página pode ser lida na íntegra.