
Mais uma suspeita recai sobre o ex-prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Angelo Becciu. Foto: Vatican Media.
Angelo Becciu, que no passado mês de setembro foi obrigado a renunciar ao cargo de prefeito da Congregação para a Causa dos Santos e aos direitos do cardinalato, terá transferido 700 mil euros para uma conta bancária na Austrália, com a intenção de financiar o processo de acusação do cardeal George Pell por abusos sexuais.
De acordo com a agência EFE, citada pelo Religión Digital, a polícia australiana confirmou esta quarta-feira, 21, ter recebido informação da parte do organismo de controlo de delitos financeiros em relação a presumíveis transferências de fundos do Vaticano durante o julgamento contra Pell, e admitiu estar a trabalhar no caso juntamente com a Comissão Independente de Anticorrupção do estado de Victoria, onde foi julgado o ex-responsável pelas Finanças do Vaticano.
Recorde-se que Angelo Becciu é suspeito de envolvimento em diversos escândalos financeiros pela utilização indevida de fundos do Vaticano, os quais remontam a 2014, altura em que era o número dois da Secretaria de Estado. Quando, em 2016, a Secretaria para a Economia, então liderada por Pell, pediu uma auditoria externa às contas de todos os departamentos do Vaticano, esta terá sido cancelada por Becciu, sem autorização do Papa.
Foi precisamente em 2016 que surgiram as acusações que levariam George Pell a ser condenado, em 2019, a seis anos de prisão. Ao fim de 405 dias detido por alegados crimes de pedofilia, Pell acabaria, no entanto, por ser absolvido pelo Supremo Tribunal da Austrália, tendo o coletivo de juízes considerado não haver evidências suficientes que provassem a ocorrência dos crimes dos quais era acusado.
Na sua primeira grande entrevista depois de ter saído da prisão, em abril deste ano, Pell admitiu a hipótese de as acusações terem surgido para impedir que a sua luta contra a corrupção no Vaticano prosseguisse.