
Reprodução ampliada de O Anjo de Berlim, de Lourdes Castro, na Capela do Rato, em Lisboa: há 50 anos rezou-se pela paz neste pequeno templo católico, quatro anos depois da vigília em São Domingos. Foto © Agência Ecclesia
A exposição evocativa dos 50 anos da Vigília pela Paz na Capela do Rato, em Lisboa, é inaugurada nesta quinta-feira, 8 de dezembro, às 15h00, pelo Presidente da República, nas instalações da Igreja de São Domingos (junto ao Rossio, em Lisboa). Logo após essa inauguração, tem lugar um colóquio moderado pela jornalista Cândida Pinto em que intervêm o próprio Presidente da República, a ministra da Defesa, Helena Carreiras, o professor Luís Moita e o padre António Janela, um dos presbíteros presos na Capela do Rato no dia 1 de janeiro de 1973.
A Igreja de São Domingos foi escolhida por ser o local em que, a 31 de dezembro de 1968, um grupo de católicos realizou uma vigília pela paz motivada pela situação de guerra em que o país vivia e pela mensagem de Paulo VI para esse Dia Mundial da Paz intitulada “A Promoção dos Direitos do Homem, Caminho para a Paz” [ver 7MARGENS].
De algum modo a vigília de 1968 foi inspiradora da Vigília pela Paz que se iniciou no final da tarde do dia 30 de dezembro de 1972 e que viria a ser brutalmente interrompida pela polícia de choque, que invadiu a Capela de Nossa Senhora da Bonança (conhecida como Capela do Rato) no fim da tarde do dia seguinte, prendendo todo os que ali se encontravam.
No próximo dia 14 de dezembro, às 17h30, é descerrada uma lápide à porta da Capela do Rato (Calçada Bento da Rocha Cabral, 1B) evocativa da vigília de 1972, a que se segue, no interior, um debate entre organizadores e participantes da iniciativa de há 50 anos, e que conta com Isabel do Carmo, Francisco Cordovil e Jorge Wemans. O debate, moderado pelo jornalista António Marujo (diretor do 7MARGENS,) incidirá sobre os moldes em que foi planeada a iniciativa e as repercussões que teve no processo de denúncia da guerra, acelerando a rutura de muitos católicos com o regime e aumentando as fraturas dentro da Igreja em Portugal.
A Fundação Calouste Gulbenkian será o palco para os historiadores António Matos Ferreira, António Araújo, João Miguel Almeida e Rita Almeida de Carvalho situarem a Vigília pela Paz de 1972 no quadro da movimentação anticolonial dos grupos católicos e no contexto do retrocesso da primavera marcelista. O colóquio terá lugar às 10h30 do dia 15 de dezembro e será moderado pelo historiador Paulo Fontes.
Ainda em dezembro, ao fim da tarde de dia 30 (19h00), a atual comunidade da Capela do Rato promove uma vigília de oração pela Paz, “evocativa e de atualização da vigília celebrada há 50 anos” que pretende “envolver crentes e não crentes, organizações da sociedade civil e outras comunidades cristãs”. Já em janeiro, será inaugurada uma escultura de grandes dimensões da autoria de Cristina Ataíde, no Jardim da Amoreiras, perto da Mãe de Água, o local do Jardim mais próximo da Capela do Rato.
Este ciclo de iniciativas é coordenado pela Comissão das Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, com o alto patrocínio do Presidente da República e o apoio da Capela do Rato, da Igreja de São Domingos, das câmaras municipais de Lisboa e de Vila Viçosa, da Fundação Calouste Gulbenkian, do Arquivo Ephemera, da RTP e do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica.