Encontro com jornalistas

Família é tema que preocupa a Igreja africana em caminho sinodal

| 17 Jan 2023

simpósios preparatórios da conferência sinodal de África, foto synod.va

Representantes das conferências episcopais regionais africanas, no final do simpósio preparatório da conferência sinodal de África, que se realizou em dezembro de 2022. Foto © Synod.va.

 

África, um dos continentes onde a Igreja Católica mais cresce, em número de fiéis e em dinamismo, apresentou-se esta terça-feira, 17 de janeiro, num encontro com jornalistas, tendo em vista o sínodo que terá a sua assembleia continental no início de março próximo.

Com a presença de representantes de quase todas as conferências episcopais regionais africanas, o encontro, que o 7MARGENS acompanhou por videoconferência, permitiu evidenciar preocupações e contributos próprios que serão objeto de partilha e diálogo no plano da Igreja universal, a partir de outubro, em Roma, quando abrir a primeira sessão do Sínodo dos Bispos.

Um sinal das sensibilidades desta região do mundo surge logo em torno da imagem da “tenda”, que é utilizada no documento orientador da etapa continental do Sínodo.  “Alarga o espaço da tua tenda” é o título do texto, que recorre a um versículo do profeta Isaías para sublinhar a perspetiva de abertura, escuta e acolhimento subjacentes ao processo sinodal.

Os jornalistas ficaram a saber que, de vários lados do continente, a metáfora da tenda não é considerada a que mais diz aos cristãos, visto que, em algumas zonas, é conotada com campos de refugiados e, noutras, com parques de campismo. Preferiam, por exemplo, a imagem da casa (“na minha casa há muitas moradas”, Jo.14:2) ou até da família.

Por vários dos intervenientes, leigos e padres, ficou a perceber-se que a família é um tópico que merece especial cuidado, quer como realidade socio-antropológica, quer teológica e pastoral. Foi referida a tensão entre a nostalgia de “caminhar como uma família” e as tensões que afetam a vida real, no plano familiar: casamentos desfeitos, mães que ficam sozinhas com os filhos, culturas poligâmicas, casamentos “arranjados”, efeitos de conflitos e guerras…

Na África a norte do Saara, começa por haver o problema das línguas, do afluxo e passagem de muitos migrantes e refugiados vindos da região subsaariana, com as suas esperanças, as suas angústias, a exploração de que são vítimas e os cuidados de que necessitam, nos quais numerosas comunidades e instituições da Igreja estão envolvidas.

O representante das conferências episcopais da região da África central expôs um problema que formulou como “perplexidade”, suscitado na fase da auscultação das dioceses e mesmo em reuniões preparatórias da assembleia continental, que já ocorreram: faz parte da sinodalidade procurar escutar todos; mas será que teremos de seguir ou levar em conta aquilo que todos dizem? Quem vai tomar uma decisão final em questões que muitas vezes são sensíveis e divisivas? Como gerir estas situações?

“Como a Igreja não é um partido político que pode mudar as leis fundamentais e como somos todos trabalhadores da vinha do Senhor, mas não somos donos da vinha, resta-nos entregar estas questões difíceis ao Espírito Santo e esperar a sua inspiração”, respondeu o próprio às perguntas feitas.

No início dos trabalhos, interveio também o bispo Luis Marín de San Martín, OSA, subsecretário da Secretaria Geral do Sínodo, para sublinhar que esta caminhada sinodal representa “um processo de renovação e esperança para a Igreja”. Recordou as etapas deste processo – escuta, discernimento e tomada de decisões – e terminou enfatizando potencialidades desta etapa continental em que o Sínodo está a entrar: viver e sublinhar a unidade na diversidade de cada continente; modo como a Igreja incarna, em cada contexto; e riquezas específicas, neste caso, de África, que serão colocadas ao serviço da Igreja universal, enriquecendo a consciência do todo.

A assembleia sinodal do continente africano e Madagáscar decorrerá em Adis Abeba, capital da Etiópia, de 1 a 6 de março, com a participação de 155 delegados, que incluem: 95 leigos e 60 consagrados (destes, 40 serão padres, bispos e cardeais).

 

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