
Um dos grandes órgãos de tubos da Sé de Braga, na inauguração do 9.º FIOB. Foto © Manuel Pinto.
Abriu esta sexta-feira, 28, prolongando-se até 14 de maio, a edição de 2023 — a nona — do Festival Internacional de Órgão de Braga (FIOB), que envolve concertos em 11 igrejas da cidade.
Com a Sé de Braga repleta de pessoas, os seus dois grandes órgãos, além de dialogarem entre si, conviveram com um outro instrumento improvável, ainda que também ele baseado no fole e no vento: a gaita. Nas teclas estiveram os organistas Arturo Barbas Sevillano, de Valencia, e Christian Sarabbia, de Arona, Italia. As gaitas foram tocadas pelo professor de gaita Cristian Silva e David Bellas, ambos da Galiza.
O festival deste ano apresenta-se como diferente ao assumir a dança como a grande interlocutora da música. “Da mais tradicional às formas renascentistas e barrocas da dança, ao som do órgão, de orquestras e de instrumentos antigos, com o movimento do som das vozes e dos corpos” — assim apresenta o mote deste ano o diretor artístico Luís Rodrigues.
Se o concerto primeiro se intitulou “baile de ventos”, os que aconteceram neste sábado, na Igreja do Salvador e na Igreja de S. Lázaro, foram, respetivamente, de diálogo com o bandolim e a música aquática de Handel, esta acompanhada pelo grupo de uma escola de dança, a Ent’Artes. Domingo, dia 30, será a vez de a Igreja de S. Vítor acolher a dança na música europeia.

Nos fins de semana seguintes, serão os órgãos das igrejas dos Terceiros, do Pópulo e de Montariol (de 5 a 7 de maio) e as da Misericórdia, da Conceição, Santa Cruz e S. Paulo a receber os concertos seguintes.
O Festival, que tem o alto patrocínio do Presidente da República, é pretexto não apenas para ouvir música, sobretudo de órgão mas de outros instrumentos, como também para descobrir igrejas que menos conhecidas, a sua arquitetura, escultura e pintura. E foi já pretexto para o restauro de sete dos 47 órgãos existentes em igrejas da cidade, dinamizando um crescente interesse por este instrumento.
Nos templos católicos já se dançou e, como mostra um texto de João Sousa Correia, incluído no opúsculo do programa deste Festival, “a par da música, a dança é, na Sagrada Escritura, uma das formas mais sublimes de dar glória a Deus!”.
O arcebispo de Braga, José Cordeiro, disse, na receção antes do início do concerto inaugural, que o FIOB “alterou a forma como as pessoas olham para o órgão de tubos e para a sua música”.
