Formação sinodal

| 5 Set 2022

 

Missa Crismal na Sé de Lisboa. Foto © Patriarcado de Lisboa

“O movimento de oração-encontro-escuta-discernimento acontece quando nos encontramos com o Senhor e uns com os outros na Palavra e no Sacramento.” Foto © Patriarcado de Lisboa

 

O nó górdio da Igreja está no desafio de desatar os nós da instituição para lançar as pontes de união indispensáveis para vivermos em comunhão missionária. Esta dinâmica passa necessariamente pela formação sinodal como tem sido atestado pelos relatos diocesanos.

“Que é isso?” – questiona um canonista que com a sua jurisprudência se apressa a fazer uma leitura do que acontece na Igreja e acrescenta: “Não se fala disso nem se manifesta alguma curiosidade.”

Realismo? Distância crítica? Outras hipóteses são possíveis. Assumo neste artigo os relatos dos mencionados autores e proponho-me fazer uma espécie de retrato da situação.

 

Renovar e restaurar a esperança 

Na formação sinodal, um dos desafios da Igreja Católica é o de renovar e restaurar a esperança, face ao desencanto e ao deixar correr, declarava o padre Virgílio Mota, da diocese de Leiria-Fátima, na assembleia de apresentação dos resultados da caminhada sinodal nas respectivas paróquias, a 4 de Janeiro de 2022. E enumerava outros como a poluição dos mares, os desequilíbrios do homem com a natureza e com os recursos que a terra produz, as dinâmicas suicidas, realidades que nós temos de cuidar.

Outros desafios, adiantava, são o comunicar nos ambientes digitais sem proselitismo, o trabalhar com a gramática, a linguagem do nosso tempo, porque “com discursos herméticos, fechados, falamos só para nós”. Neste sentido, “as paróquias devem ser comunidades sinodais, no espírito de Emaús (…), devem ser lugares de abertura, onde é necessário perguntar sempre o que é melhor para todos, em verdadeiro sentido de comunidade”.

 

Formação sinodal e eucaristia 

“A formação sinodal é formação eucarística; embora seja necessária mais reflexão para elaborar esta abordagem integrada. (Padre Louis J. Camelli”, na Unisinos).

A Liturgia é simultaneamente o cume para o qual se encaminha a acção da Igreja e a fonte de onde dimana toda a sua energia. A consciência da missão no contexto da liturgia é chamamento perene para integrar o culto e a vida além do templo. (Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia, 10).

A metáfora do cume do monte envolve a encosta da subida e a da descida. No centro fica a celebração da caridade e nos lados está a evangelização e a esperança, que há-de impregnar e animar o compromisso social dos cristãos.

O movimento de oração-encontro-escuta-discernimento acontece quando nos encontramos com o Senhor e uns com os outros na Palavra e no Sacramento. Este sentido de ser sujeitos e agentes activos da Igreja é a chave para a participação plena nos mistérios sacramentais.

 

Radical conversão pessoal e pastoral 

Em tempos tão turbulentos como os nossos, “a todos peço uma radical conversão pessoal e pastoral”, escreve D. António Couto, em documento sobre as nomeações canónicas para o ano pastoral de 2022-2023. É urgente que este ideário da evangelização a todos nos envolva a tempo inteiro, transforme a nossa mentalidade e molde em nós novas atitudes missionárias, que vão para além da simples manutenção pastoral… É obrigação e alegria nossa levar o Evangelho a todas as pessoas e a todos os recantos”. (Ecclesia, 25 de Agosto de 2022)

 

Prolongar e aplicar a experiência sinodal 

O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, escreveu uma “carta ao povo de Deus” da sua diocese, pelo início do ano pastoral 2022-2023, e anuncia que serão repensados e, se possível, aplicados os resultados da experiência sinodal, dando “atenção” às famílias e à juventude… “Temos o objetivo de continuarmos a aplicar o método sinodal, quanto possível, ao conjunto das atividades pastorais que desenvolvemos e sobretudo aos processos das decisões que precisamos de tomar”. (Ecclesia, 25 Agosto de 2022)

Novas atitudes missionárias, viver a experiência sinodal, participar a tempo inteiro na vida da Igreja, dedicar um amor especial à Eucaristia, restaurar e renovar a esperança são caminhos a percorrer na Igreja sinodal. Caminhos que nos levam a situar a missão da Igreja numa sociedade secular. Será o objectivo do próximo trabalho.

 

Georgino Rocha é padre católico da diocese de Aveiro e desempenhou já o cargo de vigário diocesano da pastoral.

 

Apoie o 7MARGENS e desconte o seu donativo no IRS ou no IRC

Breves

 

Ciclo de encontros

“Sociedade, Justiça e Prisões em Democracia” novidade

“Sociedade, Justiça e Prisões em Democracia” é o tema de um ciclo de encontros promovido pelo Observatório Permanente da Justiça, para “refletir de forma integrada sobre os problemas e os desafios que circundam o sistema prisional e, consequentemente, sobre a ‘melhor’ agenda estratégica de reforma do sistema prisional”.

Revista "Outras Economias"

Economias no plural

Na passada quinta-feira, dia 28 de setembro, ao final da tarde, pouco mais de duas dezenas de pessoas juntaram-se no pequeno jardim da galeria Monumental ao Campo Mártires da Pátria para assistirem à apresentação e lançamento do primeiro número da revista digital Outras Economias (OE).

Depois de Américo Aguiar

Cónego Paulo Franco assume presidência do Grupo Renascença Multimédia

O cónego Paulo Franco – pároco do Parque das Nações desde 2005 e diretor do Secretariado de Ação Pastoral do Patriarcado de Lisboa – será o novo presidente do Conselho de Gerência do Grupo Renascença Multimédia, ocupando o lugar deixado vago pelo bispo eleito de Setúbal, Américo Aguiar. O anúncio da nomeação foi feito pelo gabinete de comunicação do Patriarcado na tarde desta sexta-feira, 29 de setembro. 

Renovar o 7MARGENS

Editorial

Renovar o 7MARGENS novidade

Os recentes encontros de leitores constituíram momentos altos de afirmação do 7MARGENS como projeto partilhado e participado. A avaliação, as críticas, os debates e as sugestões saídas desses encontros mostraram uma comunidade de leitores envolvida na orientação do seu jornal, comprometida com o seu futuro e desejosa de contribuir para a sua renovação.

Ciclo de encontros

“Sociedade, Justiça e Prisões em Democracia” novidade

“Sociedade, Justiça e Prisões em Democracia” é o tema de um ciclo de encontros promovido pelo Observatório Permanente da Justiça, para “refletir de forma integrada sobre os problemas e os desafios que circundam o sistema prisional e, consequentemente, sobre a ‘melhor’ agenda estratégica de reforma do sistema prisional”.

Agenda

Fale connosco

Autores

 

Pin It on Pinterest

Share This