
Entre 2018 e 2020, 57 clérigos foram suspensos e 13 condenados a uma pena canónica por abusar sexualmente de menores. Ilustração: Churchandstate.org.
Um novo relatório da Conferência Episcopal Francesa (CEF) sobre a pedofilia na Igreja, apresentado esta quinta-feira, 5 de novembro, durante a assembleia plenária daquele organismo, revela que, nos últimos dois anos, foram apresentadas 320 denúncias de abusos sexuais a crianças perpetrados por elementos do clero naquele país.
O número é bastante superior ao registado entre 2010 e 2016, período durante o qual foram efetuadas 220 denúncias. A justificação para um aumento tão significativo está ligada à criação, em 2018, da Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja (CIASE), bem como de células de acolhimento e escuta nas dioceses, e dos repetidos apelos feitos pela Comissão às vítimas, para que tivessem coragem de denunciar os abusos sofridos.
Nos últimos dois anos, 57 clérigos foram suspensos e 13 condenados a uma pena canónica, refere também o relatório da CEF. Alguns dos acusados já faleceram e outros não terão sido devidamente identificados nas denúncias.
De acordo com a conferência episcopal, das 97 dioceses e arquidioceses francesas, 83 abriram uma célula de escuta e acolhimento. “Embora ainda haja muito a fazer para que a Igreja se torne uma casa segura para todos”, pode ler-se na introdução do documento, “o novo relatório evidencia a firme determinação dos bispos de ir mais além e implementar todas as medidas necessárias para enfrentar este desafio urgente”, a começar pela escuta das vítimas.
A assembleia da CEF, que costuma acontecer habitualmente na cidade de Lourdes, decorre até domingo através de videoconferência. Entre os temas da agenda, além do combate à pedofilia, incluem-se os problemas da agricultura em França, os laços da Igreja aos diferentes territórios franceses e questões financeiras.