
Família muçulmana nas ruas de Berlim (Alemanha). A mulher veste uma abaya, uma longa túnica, e cobre a cabeça com um véu. Nas escolas francesas, o véu já está proibido desde 2004, agora a proibição vai estender-se ao vestido. Foto © hilmar h. werner, Copyrighted free use, via Wikimedia Commons.
O uso da abaya será proibido nas escolas francesas, depois de o ministro da Educação francês, Gabriel Attal, ter afirmado este domingo, dia 27, que não se poderá “mais usar abaya na escola” em França. Para isso vai transmitir “regras claras a nível nacional” aos dirigentes dos estabelecimentos escolares, a partir da próxima semana.
A abaya é um vestido longo tradicional ou túnica que cobre o corpo e, segundo o Conselho Francês para o Culto Muçulmano (CFCM), não se trata de um símbolo religioso muçulmano. Mas em novembro passado, o Ministério da Educação já tinha enviado uma circular às escolas, na qual as abayas são consideradas — assim como as bandanas e as saias longas, também referidas — como trajes que podem ser proibidos se forem “usados de forma a manifestar ostensivamente uma filiação religiosa”.
“Não poderemos mais usar abaya na escola” em França, afirmou Gabriel Attal, no canal de televisão TF1, questionado sobre este tema polémico após vários incidentes relacionados com o uso da túnica. “A laicidade é a liberdade de emancipar-se através da escola”, insistiu o ministro, citado pelas agências.
Após a sua nomeação para a tutela do Ministério da Educação e Juventude, no final de julho, o governante considerou que ir à escola vestindo uma abaya era “um gesto religioso destinado a testar a resistência da República sobre o santuário secular que deveria ser a escola”, prometendo ser “firme sobre o assunto”.
Gabriel Attal promete falar “a partir da próxima semana” com os responsáveis dos estabelecimentos escolares para ajudá-los a fazer cumprir esta proibição. “Entra numa sala de aula [e] não deve ser capaz de identificar a religião dos alunos olhando para eles”, definiu o ministro, na TF1.
A agência AFP obteve uma cópia de uma nota dos serviços do Estado, na qual se garante que os ataques ao secularismo foram muito mais numerosos desde o assassinato em 2020 do professor Samuel Paty, nas proximidades do seu colégio. Essa nota aponta para um aumento de incidentes de 120% entre o ano letivo 2022/2023 e 2021/2022.
Como recordam as agências, desde a lei de 15 de março de 2004, “nas escolas, faculdades e liceus públicos é proibido o uso de sinais ou trajes pelos quais os alunos demonstrem ostensivamente filiação religiosa”.