
Grupo de peregrinos franceses na JMJ Cracóvia 2016. Foto © WYD.
Nove em cada dez dos 30 mil jovens franceses que se inscreveram para participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 são filhos de lares de estatuto social e económico superior, politicamente conservadores (52% reconhecem-se de direita, ou de extrema-direita, enquanto apenas 8% se dizem de esquerda) e não sentem necessidade de grandes mudanças na sua Igreja.
Dois em cada três dos inquiridos pensa que as mulheres não devem ser ordenadas e apenas 12 por cento olham a celebração da missa de acordo com o ritmo tridentino como “um inútil regresso ao passado”, enquanto a maioria a frequenta ou a aprecia. Estes dados constam de uma sondagem dirigida ao universo dos inscritos na JMJ e publicada no jornal La Croix de 25 de maio.
Os resultados obtidos mostram, segundo o jornal, “uma juventude confiante na Igreja, conservadora e muito praticante, em contracorrente com a sociedade”. Exemplo dessa confiança na Igreja Católica é o facto de 59 por cento dos jovens a verem como “um farol que mostra o caminho no meio da escuridão”, em muito maior número do que os (22%) que a olham como “uma comunidade de convertidos que dão testemunho do seu encontro com Jesus”.
Esta confiança na Igreja parece inabalada pela revelação de crimes sexuais e outros abusos cometidos no interior da Igreja, pois mais de um terço (35%) pensa que tais situações “são consequência de personalidades perversas que traíram a Igreja e traíram a sua própria vocação”, refutando qualquer origem sistémica de tais abusos.
Estranhamente, ou não, é no campo da sexualidade e da homossexualidade que os jovens franceses que se deslocam a Lisboa na primeira semana de agosto, mais se afastam da doutrina da Igreja Católica. Um em cada cinco é taxativo: “não se pode ser católico e homossexual”. E se um em cada três reconhece que “os homossexuais têm lugar na Igreja desde que não promovam a igualdade entre homossexualidade e heterossexualidade” já 53% defendem que “os homossexuais devem estar de pleno direito na Igreja”, ou que “os católicos não devem ser julgados ou identificados em função da sua orientação sexual”.
A sondagem foi realizada entre 7 e 11 de maio, recolheu 4.028 respostas, das quais, depois de aplicação de quotas por sexo e região de origem, foram validadas 3.111.