
Jovens coreanos no palco da JMJ em Lisboa, depois do Papa anunciar a realização da próxima jornada em 2027 na Coreia do Sul. Francisco pediu agora o contributo dos jovens na construção da Igreja na Coreia.Foto © Sebastião Roxo/JMJ 2023.
Com as atenções centradas na cidade russa de Vladivostoque, no extremo oriente do país, encostada ao oceano Pacífico, com o encontro mantido entre o Presidente do país, Vladimir Putin, e o chefe de estado da Coreia do Norte, Kim Jong-un, com a guerra na Ucrânia e a situação da península coreana na agenda de trabalhos, o Papa Francisco recebeu este sábado, dia 16, peregrinos da Coreia do Sul a quem pediu que, seguindo o exemplo do santo mártir André Kim, possa a “península coreana” ser uma “semente de paz”, procurando encontrar-se com todos e “dialogar com todos”.
“Enquanto André Kim estudava teologia em Macau, teve de testemunhar os horrores das guerras do Ópio; no entanto, naquele contexto conflituoso, conseguiu ser uma semente de paz para muitos, provando a sua aspiração de se encontrar com todos e de dialogar com todos. É uma profecia para a península coreana e para o mundo inteiro: é o estímulo para nos tornarmos companheiros de estrada e testemunhas da reconciliação; é o testemunho credível de que o futuro não se constrói com a força violenta das armas, mas com a suave da proximidade”, pediu — citado pela Agência Ecclesia — aos peregrinos coreanos, por ocasião da bênção da estátua de Santo André Kim Taegon, instalada num dos nichos externos da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
André Kim foi um jovem padre coreano martirizado há 177 anos, a 16 de setembro, quando tinha 25 anos, tendo sido canonizado por João Paulo II, em 6 de maio de 1984, sendo venerado na diocese de Macau, local frequentado pelo jovem durante os seus estudos de Teologia.
“A sua figura convida-nos a descobrir a vocação confiada à Igreja coreana, a todos vós: sois chamados a uma fé jovem, a uma fé ardente que, animada pelo amor a Deus e ao próximo, se torna um dom. Neste sentido, com a profecia do martírio, a Igreja coreana recorda-nos que não se pode seguir Jesus sem abraçar a sua cruz e que não se pode proclamar cristão sem estar disposto a seguir o caminho do amor até ao fim”, explicou Francisco.

O Papa recordou a visita, em agosto de 2014, à Coreia do Sul, por ocasião da sexta Jornada Asiática da Juventude, e a sua deslocação ao Santuário de Solmoe, à casa onde André Kim nasceu e passou a sua infância, e reconheceu o contributo do “sacerdote mártir coreano, morto ainda jovem, pouco depois de ter sido ordenado sacerdote mártir”, na história de fé do povo coreano. Francisco assinalou ainda o “grande ardor pela difusão do Evangelho” que o jovem mártir tinha, dedicando-se ao “anúncio de Jesus com nobreza de espírito, sem vacilar perante os perigos e apesar de muitos sofrimentos”.
O Papa falou de uma Igreja coreana que “nasce dos leigos”, que é “fecundada pelo sangue dos mártires” e pediu para alargarem “o espaço de colaboração pastoral, para levar por diante o anúncio do Evangelho juntos; sacerdotes, religiosos e religiosas, e todos os leigos: juntos, sem fechamentos”, assinalou.
“Tendes a graça de ter tantas vocações sacerdotais; por favor, «afugentai-as», enviai-as para as missões, porque senão haverá mais sacerdotes do que pessoas: deixai-os ser missionários lá fora. Tenho a experiência de os ter visto na Argentina e fazem tanto bem aos vossos missionários: mandem-nos embora, deixem os padres que fazem falta, os outros vão para fora para serem missionários”, pediu.
Quando Francisco esteve em Lisboa, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, anunciou que a próxima edição internacional do encontro de jovens será em Seul, em 2027, tendo pedido, agora, o contributo dos jovens na construção da Igreja na Coreia.