
Freira birmanesa ajoelha-se perante polícia e militares do regime, para salvar cerca de uma centena de pessoas que se manifestavam contra o golpe de Estado em Myanmar, a 1 de março de 2022. Foto: Direitos reservados.
Assinala-se esta quarta-feira, 1 de fevereiro, o primeiro aniversário do golpe militar em Myanmar (Birmânia). Em resposta ao apelo da conferência episcopal do país, a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre “convoca os seus benfeitores e amigos em todo o mundo para fazerem deste dia uma jornada de oração e de solidariedade para com a Igreja deste país asiático”.
Numa mensagem gravada a partir de Königstein, na Alemanha, o presidente executivo internacional da Fundação AIS sublinha que este dia de oração procura ser “um sinal de solidariedade e de fraternidade” para com a Igreja local, lembrando todas as “vítimas inocentes” da violência que irrompeu neste país ao longo dos últimos 12 meses.
Entre as regiões que mais sofreram estão os estados de Chin, Kayah e Karen, marcados por longos conflitos étnicos e onde o exército se tem confrontado com milícias armadas, refere a a nota enviada ao 7MARGENS. “Embora minoritária, há uma presença considerável de população cristã nestes estados, facto que tem motivado um acréscimo de preocupação por parte da Fundação AIS”, referem.
A fundação pontifícia diz estar a seguir de perto a situação vivida pelos cristãos no país, “apesar das enormes dificuldades de comunicação”, e sublinha que “pelo menos 14 paróquias no estado de Kayah foram abandonadas, com muitos padres e irmãs refugiados na selva ou em aldeias remotas, acompanhando as populações locais”.
“Outros – refere a AIS – optaram por ficar em aldeias quase desertas”. E há também o relato de que “entre os milhares de deslocados, cerca de três centenas de pessoas, na sua maioria idosos, mulheres, crianças e deficientes, terão procurado abrigo no complexo da catedral de Kayah”, acrescenta o comunicado da fundação.
A Igreja local tem sido porto de abrigo de deslocados e de vítimas que precisam de apoio, comida, água, abrigo e medicamentos. As populações “fogem da violência, por vezes brutal, que tem vindo a ocorrer um pouco por todo o país”, como foi o caso do “massacre de pelo menos 35 civis inocentes, queimados e mutilados na aldeia de Mo So, também no estado de Kayah, na altura do Natal”, assinala a AIS.
De acordo com as Nações Unidas, a 17 de janeiro, o número oficial de deslocados em Myanmar ultrapassava já os 405 mil, estimando-se que o número de pessoas em risco de pobreza chegue aos 25 milhões durante o corrente ano, sendo que, destes, cerca de 14 milhões vão precisar de ajuda humanitária urgente.