
Ruth Barnett e Dorit Oliver Wolf: “Se a emenda não for aprovada, a afirmação ‘nunca mais’ relacionada com a Shoah será uma promessa vazia.” Foto: Direitos reservados.
Duas sobreviventes da Shoah tornaram pública uma carta dirigida ao primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, na qual solicitam que este pressione os deputados do Partido Trabalhista a votarem favoravelmente a “emenda do genocídio” a incluir no Lei do Comércio Externo que na próxima semana deverá voltar, pela terceira vez, a ser debatida na Câmara dos Comuns do Parlamento britânico.
Ruth Barnett e Dorit Oliver Wolf escrevem na sua carta desta terça-feira, 23 de fevereiro, reproduzida no Jewish News que se a emenda não for aprovada, a afirmação “nunca mais” relacionada com o Holocausto se tornará numa “promessa vazia”.
De acordo com várias fontes, calcula-se que atualmente mais de um milhão de uigures (minoria muçulmana chinesa) foi forçado pelas autoridades de Pequim a concentrarem-se em campos de “reeducação”, sendo objeto de campanhas de esterilização, trabalhos forçados, vigilância reforçada e outros abusos. A “emenda do genocídio” foi proposta pela Câmara dos Lordes durante o processo legislativo da nova redação da Lei do Comércio Externo e determina que o Governo britânico não possa concluir ou manter algum tipo de tratado de livre comércio com um país que, reconhecidamente, pratique o genocídio. Tal reconhecimento será da competência do Supremo Tribunal.
Boris Johnson afirmou nos Comuns que o seu Governo concedia toda a prioridade à questão uigure nas relações do Reino Unido com a China, o que não o impediu, no entanto, de instigar os deputados do Partido Trabalhista a votarem contra duas alterações feitas pelos Lordes à Lei do Comércio Externo em debate. Uma das alterações proposta é exatamente a “emenda do genocídio”.